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Mais um colunista do Lance escreve sobre Esquadrão

Notícia
Historico
Publicada em 15 de setembro de 2005 às 23:28 por Da Redação

Intitulado “A lição dos orixás”, o texto abaixo se encontra num dos portais esportivos mais visitados no país, o Lancenet!, e tem como autor o colunista de futebol João Carlos Assumpção:

“A queda de Bahia e Vitória dá o que falar. Primeiro que macumba não ganha jogo mesmo. Depois que os orixás têm que se mexer mais um pouquinho. Mas com esses dirigentes acho que nem macumba nem os orixás conseguiriam fazer milagre.

E fica uma lição importante. Não basta a adoção do clube-empresa para o futebol como negócio dar certo. Não adianta apenas colocar no papel e, na prática, continuar administrando o esporte como se não fosse negócio. E hoje é.

Como é instrumento de inclusão social e, nesse sentido, dou razão ao Eurico Miranda. Muita gente vai considerar heresia, mas que ele faz um belo trabalho com as crianças no Vasco, inclusive com uma escola de ensino médio e fundamental em São Januário, faz.

Mas é preciso mais, como mostraram Bahia e Vitória. No meio de uma série de acusações e até ameaças de tiros em reunião na sede social do Vitória, uma certeza: apesar de terem se transformado em S/A em 1998, os dois principais clubes da Bahia continuaram a ser administrados de forma amadora.

No final dos anos 90, quando o Bahia se aliou ao Opportunity e o Vitória, ao fundo argentino Exxel, trazido pela TopSports, a gestão de ambos mudou e começou a se modernizar.

Os dois clubes adotaram o chamado futebol-empresa, passando a tratar o esporte como um negócio. Tanto Bahia quanto Vitória licenciaram suas marcas em conjunto, começaram a faturar com o projeto sócio-torcedor, encamparam a criação da Copa do Nordeste, administrada por uma liga de clubes da região, e viram seu faturamento aumentar.

No primeiro ano da parceria, o Bahia aumentou o faturamento em 24%, no segundo, em 31%, no terceiro, em 44%, e no quarto, em 61%. O Vitória viveu processo parecido e, graças principalmente à Copa do Nordeste, viu seu faturamento quase triplicar, enquanto suas despesas aumentaram cerca de 50%.

As do Bahia, por ano, subiram cerca de 10% até 2003. A liga de clubes nordestinos e a Copa do Nordeste, no entanto, foram combatidos pela Globo Esporte e pela CBF, apoiadas pelas federações de futebol do Nordeste, que viam os Estaduais cada vez mais vazios e decidiram entrar na Justiça. Tanto a liga quanto o torneio acabaram sendo deixados de lado e os problemas entre dirigentes dos clubes e investidores começaram.

No Vitória, a primeira grande divergência deu-se em relação ao Barradão, que os investidores queriam transformar em arena multiuso, mas, diante do fim da Copa do Nordeste, voltaram atrás. Paulo Carneiro não se conformou com a atitude e, dizendo-se traído em reuniões do Conselho de Administração, passou a bater de frente com o Exxel.

O sonho começava a virar pesadelo, já que os investidores reclamavam que não tinham acesso a todos os detalhes da negociação de jogadores nem das finanças do clube. Os dirigentes retrucavam que o foco de interesse não era o mesmo e que seus parceiros só pensavam no dinheiro, esquecendo-se das divisões de base. Foi assim que, no ano passado, o Exxel vendeu, com deságio, sua participação de volta ao clube.

A oposição a Carneiro diz que, pelo negócio, ele recebeu mais de R$ 2 milhões, o que ele nega. Também recebia salário, mas não contratou executivos para administrarem o futebol, como havia sido acertado em 2000.

Assim, o clube virou empresa apenas no papel e não passou a tratar o torcedor como cliente, como se faz em outros lugares do mundo, nem a diversificar suas fontes de receitas.

No Bahia, apesar do acordo com o Opportunity, não foram contratados profissionais para gerirem o futebol.

Como disse um consultor de marketing baiano, não basta adotar o clube-empresa, embora creia que já seja um passo adiante. Tem que ser adotado o futebol-empresa.

Só que como bem lembra o tal consultor, já que os dois adotaram o modelo S/A, agora que a casa caiu, os dirigentes terão de responder por seus atos.

Com dívidas estimadas em mais de R$ 20 milhões para cada um dos dois clubes, o Opportunity, no caso do Bahia, e Paulo Carneiro, no do Vitória, poderão ter de responder com patrimônio próprio pela situação criada.

A oposição pretende fazer uma auditoria e responsabilizá-los pelo que aconteceu, entrando na Justiça contra eles para ressarcir os clubes de negócios lesivos ao patrimônio das duas instituições.

Não deixa de ser um consolo para uma torcida, sempre tão presente, que não merecia passar pela situação que está enfrentando. Triste, muito triste.

Caíram os dois juntos, abraçados, afundaram Bahia e Vitória. Não dizem que se macumba ganhasse jogo o Campeonato Baiano terminaria empatado? É, pensando bem talvez macumba ganhe jogo sim, porque, neste caso, o Ba-Vi terminou literalmente empatado”.

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