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Maracajá é alvo da última “Revista da Metrópole”

Notícia
Historico
Publicada em 27 de setembro de 2007 às 11:49 por Da Redação

Está na página 45 da edição de setembro da Revista da Metrópole, editada pelo radialista Mário Kertesz e distribuída gratuitamente no início desta semana na cidade: “A ditadura de Maracajá, por Nestor Mendes Jr.

Em 1972, o Brasil vivia os “anos de chumbo”. A ditadura militar instalada no Brasil em 1º de abril de 1964 completava 8 anos e, na sua infância perversa e pervertida, já havia calado – ou pelo menos tentado – todos os críticos. Pela tortura, pelo exílio, pela cassação, pela exterminação, a “Redentora” destruía todos os seus opositores.

E é do longínquo, e nada saudoso, 1972 que se instaura no Esporte Clube Bahia a era Paulo Maracajá Pereira. Segundo Tyrso, o nosso endiabrado ponta-direita Chiquitinha, ele dirigia um Fusca e fazia os serviços de leva-e-traz de alguns jogadores na porta da Fazendinha.

Advogado, formado em 1966, se aproximou de Osório Villas-Boas – o cartola que dominava com mão-de-ferro o Esporte Clube Bahia desde a década de 50, idolatrado pela massa Tricolor pela ousadia de conquistar, em 1959, a Taça Brasil e o título de campeão brasileiro contra o todo-poderoso Santos, o esquadrão monumental de Pelé e Pepe.

Com o passar do tempo, a cria superou o criador. Osório mandava; Maracajá, fingia. Osório nunca passou do Paço; Maracajá foi vereador e, 10 anos depois, em 1982, chegou à Assembléia Legislativa sufragado por 40.744 votos.

Era a torcida do Bahia retribuindo uma década de títulos: hepta-campeão baiano de 1973 a 1979.

Paulo Maracajá Pereira, o filho do padre Pereira, ex-sócio da I. Pereira e da Manopel, deixou uma frota de táxis em chamas e alçou da baixa classe média para integrar a elite do poder carlista na Bahia.

Em 35 anos, Paulo Maracajá Pereira conquistou inúmeros títulos. Dezenas de certames baianos e o título de Campeão Brasileiro de 1988.

Em 35 anos, Paulo Maracajá Pereira levou o Bahia à bancarrota: deixou um time inteiro ir para o rival porque assinou sem ler; deu o primeiro tricampeonato ao rubro-negro; reduziu o clube a um quadro minguado de associados. É responsável direto por dois rebaixamentos para a 2ª Divisão; por dois anos na 3ª Divisão; por uma dívida de R$ 60 milhões e por um futuro nebuloso.

Sem estrutura, sem planejamento, sem visão estratégica, o Bahia está condenado a viver de hemoptises. Grande parte da “fiel” abandonou os estádios. A minoria que vai à Fonte Nova ainda assim faz do clube um dos campeões brasileiros de público e renda. Os netos e bisnetos dessa massa fantástica estarão na Fonte Nova em 2031, no centenário do Tricolor?

Paulo Maracajá Pereira fala manso. Não briga. No mesmo diapasão em que a ditadura silenciosa torturava os inimigos do regime no pau-de-arara, impiedosamente, silente, destrói os rivais. Usa o poder com a sutileza de uma torquês na cutícula. Alguém está sempre pronto a assumir-lhe a feição Torquemada. Se acha que lhe ofenderam a honra, o ventríloquo usa o boneco para pedir reparação. Elimina, sem que o semblante denuncie alguma contração, todos aqueles que podem fazer-lhe sombra no projeto megalomaníaco de ser o “eterno presidente”.

E para ser eterno, o presidente se escudou em medíocres. O Bahia que jogou no estádio (sic) Floro de Mendonça, no Amazonas, é o retrato impiedoso desse paradoxo: um clube gigante apequenado pela mesquinhez.

Em 35 anos, Paulo Maracajá Pereira é o déspota dessa ditadura no Fazendão. Talvez sem os métodos diretos de Idi Amin Dada, de um Ceausescu, de um Trujillo, mas com todos os seus resultados. Um homem que – só ele – se acha invisível, mas que a Bahia e o Brasil inteiro sabem que é o detentor absoluto da responsabilidade pela falta de democracia, transparência, profissionalismo e planejamento no Esporte Clube Bahia.

Com a obrigação de tirar o clube da 3ª Divisão, disse que está pronto a disputar uma eleição direta em 2008. O comandante-em-chefe supremo da vergonha e da humilhação tricolores quer ser o herói macunaímico de uma possível volta à Série B, quando o caso é de indagar: “Quem nos tirou da A?”.

Como todo ditador tem um pouco de mágico, Mister M quer agora hipnotizar o mundo inteiro: quer ele próprio – “o eterno presidente” – sepultar o “grande coveiro” – como estava escrito em uma faixa na Fonte Nova – desagradável epíteto que já incorporou à sua biografia, iniciada em 26 de março de 1944.

Repetindo Shakespeare, que o jornalista Gilson Nascimento, de forma brilhante, escreveu como “ghostwriter” de recente discurso proferido no TCM: “O tempo é muito curto para os que festejam”.

A ditadura, com certeza, ruirá.

Nestor Mendes Jr., jornalista, é autor de “Bahia Esporte Clube da Felicidade – 70 anos de Glórias”

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