Ainda faltavam duas rodadas para o fim da Terceirona, o Bahia mantinha chances matemáticas de acesso, mas o médico Adriano Fonseca decidiu desabafar. Em uma série de entrevistas para a imprensa no dia 22 de novembro, ele demonstrou ter chegado ao seu limite e detonou a cartolagem tricolor.
Era o mesmo dia em que o atacante Paulo César havia chutado o balde após ter ido a uma agência bancária para ouvir da gerente que a sua conta estava vazia. Spirito aproveitou para falar publicamente que se sentia largado no Fazendão e reclamou que faltavam remédios e equipamentos na enfermaria azul, vermelha e branca. Na véspera, o vice-presidente médico do clube, Marcos Lopes, assumira 15 meses de salários atrasados no departamento.
Doutor Adriano não suportou: “O que mais irrita, na verdade, é a falta de conversa da diretoria. Não vejo ninguém chegar para dar uma satisfação. Não dão atenção, não fazem nada. Isso é um tipo de coisa que fere a gente por dentro”. Contou que tinha deixado de acompanhar a delegação nas viagens porque não podia mais abandonar o trabalho em hospitais em prol do Bahia. E que o DM sobrevivia de doações. “Estamos com dificuldade até para comprar antiinflamatório. Dia desses consegui 400 comprimidos com um amigo, disse.
Semanas depois Fonseca resolveu se demitir, seguindo o exemplo do colega Luiz Henrique, que pediu desligamento no mês de agosto. O mesmo deverá acontecer com o médico Daniel Araújo, há 10 anos no Esquadrão de Aço e desde janeiro nos profissionais. Ainda não saí oficialmente, estou esperando a reapresentação de terça (26) para ver como ficarão os atrasados. Se as notícias não forem boas, também vou embora.
Já Elias Natan promete continuar. Sou funcionário do clube há exatos 20 anos e participei de outras circunstâncias ruins. Essa é a pior, mas como temos outros vínculos, a gente consegue, de alguma forma, passar sem esse dinheiro.
Natan conta que já construiu uma relação de amizade com a própria diretoria e garantiu que com ele não há descaso, embora seja uma queixa comum no CT. Apesar de não receber seus vencimentos desde junho de 2005, neste ano foi o único dos profissionais a seguir com o elenco para os jogos fora de casa: Os médicos fizeram um movimento de não viajar. Passei por alguns transtornos, mas fiz o que pude.
Matéria publicada na edição de 24/12/2006 do jornal A Tarde
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