Meias do elenco pedem mais oportunidades

De Daniel Dórea, do A Tarde

É unanimidade. Torcida, imprensa, dirigentes, o técnico Alexandre Gallo… enfim, todo mundo que acompanha o Bahia crava, sem pestanejar: o time precisa de um meia, um camisa 10 que organize a bagunça.

E a cúpula tricolor está tentando. Luciano Henrique, agora titular do Sport, teria um custo inalcançável para a atual situação do clube e está praticamente descartado. O pagamento da multa de R$ 2 milhões nunca foi cogitado e a diretoria está caindo na real de que um acordo entre os dois times é impossível.

Existem outras opções, mas nenhuma com a mesma qualidade do atleta do Leão da Ilha. Leandro Bonfim, do Fluminense, e o são-paulino Sérgio Mota carregam o estigma de eternas promessas e, além de não darem garantia de bom futebol, também não são baratos.

Revelado pelo Vitória, Leandro, 25, dava show nas categorias de base e transferiu-se para o PSV em 2002, mas, como profissional, nunca repetiu as atuações sensacionais das categorias inferiores. Só jogou em time grande – São Paulo, Cruzeiro, Palmeiras, Vasco e Fluminense –, sempre sem destaque. Viria para o tricolor para ganhar R$ 60 mil, mas a negociação não está indo muito para a frente.

Já Sérgio Mota tem bola para encher os olhos do técnico Muricy Ramalho, mas, em campo, não agrada a torcida do São Paulo. Por isso, disputou o Campeonato Paranaense de 2009 pelo Toledo, também sem conseguir despontar. Está de volta ao tricolor, mas, sem espaço, tem chance de aparecer no Fazendão.

Por sinal, em Itinga, têm muitos meias treinando e se esforçando para ganhar novas oportunidades. Eles ouvem os comentários de diretores sobre a insatisfação com o meio-campo e discordam da necessidade de contratar mais jogadores para preencher o setor.

“Na minha opinião, o time mostrou que tem jogadores que podem fazer a função, mas é preciso ver o ponto de vista dos caras”, opinou Hélton Luiz, que não liga em ouvir de torcedores e imprensa sobre a falta de um camisa 10, mais fica encucado quando isso sai da boca da diretoria.

“Não chega a me incomodar, mas a gente fica pensando: eles precisam de meia e eu estou aqui treinando, dando o meu melhor. Será que não tem meia aqui?”, questionou. Hélton vinha ficando fora das relações, mas sentou no banco nas últimas duas partidas e renovou suas esperanças: “Tenho certeza de que, se eu entrar no time, não saio mais”.

Prata-da-casa, Ananias vive situação ainda mais complicada, pois não vem sendo relacionado. “Fico triste, mas entendo que o grupo cresceu e tem muita gente de qualidade aí. Respeito a escolha de Gallo”, conformou-se.

Assim como Hélton, ele acredita no potencial dos meias que já estão no Fazendão. “Temos jogadores de qualidade. Roberto chegou aí da base e aumentou ainda mais as opções, mas isso é normal. Todo clube sempre está em busca de reforços”.

Citado pelo companheiro, Roberto curtiu a folga no Piauí, onde reside sua família, que ele não visitava há um ano. Iria de ônibus, mas a diretoria providenciou as passagens de avião e ele teve viagem mais tranquila. Lá, foi tratado como estrela. “Não podia sair na rua que as pessoas vinham me cumprimentar pelos gols que fiz contra o ABC”, contou, orgulhoso.

Muito jovem, com apenas 19 anos, Roberto diz que não pode ter ainda a responsabilidade de ser a solução para o meio-campo, mas afirma estar se dando bem com o outro titular, Elton, e vê capacidade também nos reservas. “Se Gallo optar por qualquer um, mesmo entre aqueles que não estão sendo relacionados, vai ter retorno”.

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