Bastou a publicação de uma reportagem no portal Terra para o presidente do Bahia, no dia seguinte, atender ao autor da matéria, Dassler Marques. No final da entrevista, ele respondeu assim, sobre a suspeita de que os jogadores, quando chegam à divisão de base do clube, ouvem recomendações para assinar com um ou outro procurador:
“Se existe no Bahia, temos que coibir. Não estou todos os dias na base, o clube é muito grande e posso dizer que confio muito no meu vice-presidente de esportes amadores e em Newton Motta (superintendente da base). Acredito que não tenha isso, mas se acontece precisamos de um trabalho diário para que não aconteça. Os empresários, de modo geral, devem procurar fazer isso em todos os clubes”.
Confira a nova reportagem:
`Na noite desta quarta-feira, Marcelo Guimarães Filho procurou o Terra para comentar sobre o último texto aqui publicado com menções a ele. Sob o título Facilidades em vendas de revelações pressionam presidente do Bahia, a matéria trouxe informações sobre o envolvimento de uma empresa específica na participação de direitos de várias promessas das categorias de base. Dois contatos haviam sido feitos com Marcelo, sem sucesso. Ele alegou falta de comunicação e outros compromissos, mas enfim deu esclarecimentos.
MGF, como é chamado, reclamou sobre muitas coisas que não correspondem à verdade e questionou as facilidades apontadas no texto. O presidente do Bahia negou favorecimentos à Calcio e a já difundida versão de que a empresa recebeu 20% dos direitos de Filipe em troca de passagens aéreas à Itália. Marcelo Guimarães, entretanto, diz não se recordar da divisão dos direitos econômicos da segunda principal venda de sua gestão. Nela, o Bahia recebeu 50% do valor.
Em relação à Gabriel, o negócio mais lucrativo, MGF negou que a Calcio tenha participações. Ele se irritou ainda com as insistências a respeito da empresa fundada por um delegado e com pouca história no futebol até dois anos. Marcelo Guimarães Filho disse ter 27 empresários ou parceiros dentro do clube, mas também confirmou ser possível que haja favorecimento a um ou outro procurador dentro das categorias de base.
Veja a entrevista exclusiva:
Terra Há favorecimentos à Calcio no Bahia?
Marcelo Guimarães Filho – O que acontece no Bahia é o que acontece em qualquer outro clube do Brasil. Temos 27 empresas ou pessoas parceiras que têm direitos de jogadores. Não há monopólio ou direcionamento. Para ter percentual de jogadores na base do Bahia só se aportar recursos no clube ou se levar o atleta. Não houve facilidade ou doação.
A Calcio recebeu 20% dos direitos da negociação de Filipe em troca de passagens aéreas para uma viagem na Itália. Um clube como o Bahia não poderia arcar com essas despesas?
O Bahia nunca confirmou isso. Eu conheci o André (Garcia, proprietário da Calcio) há dois anos. Ele nunca frequentou minha casa, não tenho relação, não sei de onde surgem essas insinuações. Com relação ao Filipe, ele tinha o percentual porque levou o jogador ou porque fez um aporte. É sempre assim.
Na negociação de Filipe, o empresário que levou do Cruzeiro para o Bahia teve direito a 30% dos direitos. Então a Calcio só poderia ter ficado com 20% tendo feito um aporte financeiro. Qual foi o investimento neste caso?
Preciso verificar, não me lembro porque são mais de 200 jogadores no Bahia. Mas te garanto que foi uma das duas situações.
Mas presidente, é a segunda maior venda da sua gestão.
Preciso verificar. O Bahia era um clube esquecido no futebol brasileiro e sempre disse que, para ter conquistas dentro de campo, precisávamos transformar o orçamento. Antes era de R$ 10 milhões por ano. Hoje o Bahia voltou ao mercado e espero que se relacione com todos no mercado. Precisa fazer negócios.
A Calcio teve participação na venda de Gabriel? Isso não ficou claro para mim.
Não. Quando eu trouxe Gabriel para o Bahia, obviamente que não tinha participação em venda. Na renovação de contrato, ele solicitou 30% dos 100% que o clube tinha, por meio de seu procurador (Carlos Leite). Ficamos com 70% e vendemos 50% para o Flamengo. Hoje temos 20%. Não há nada. A Antonius (empresa concorrente da Calcio) ganhou mais dinheiro que eles em transferências. Mas não sei porque essa tara pela Calcio.
Como o senhor recebeu os protestos da torcida pela venda de Gabriel em cinco parcelas?
Eu não posso tomar decisões como um torcedor. A torcida foi protestar, é natural. Mas não entrei pela porta dos fundos (em reunião do Conselho) como você disse. Cheguei uma hora mais cedo para preparar a reunião. Pode ligar para Alexandre Kalil, presidente do Atlético-MG, que me ofereceu 2,4 milhões de euros (cerca de R$ 6 milhões) por Ávine, que era um xodó da torcida, e não vendi. Por lesões, ele não tem jogado, mas ninguém se lembra disso.
Jorginho tem dado muito espaço para Ítalo Melo e Talisca. Eles são ligados a alguma empresa? E o Alef, que joga regularmente por seleções de base? Ele tem direitos ligados à Calcio.
Talisca com certeza não, porque renovamos há pouco tempo. Sobre Ítalo Melo, não me recordo. Alef sim, está nesses moldes.
Por que a venda de Paulinho, um destaque das categorias de base? Quais os moldes do negócio?
Ele era 50% do Bahia, 50% da empresa Antonius. Ele tinha um extracampo muito complicado, faltou diversas vezes ao clube no ano passado e a comissão das divisões de base aconselhou a venda.
Por fim, temos a informação de que no próprio clube, quando o jogador chega, ouve recomendações para assinar com um ou outro procurador. Você tem ciência disso? Considera normal?
Não acho que seja normal. Se existe no Bahia, temos que coibir. Não estou todos os dias na base, o clube é muito grande e posso dizer que confio muito no meu vice-presidente de esportes amadores e em Newton Motta (superintendente da base). Acredito que não tenha isso, mas se acontece precisamos de um trabalho diário para que não aconteça. Os empresários, de modo geral, devem procurar fazer isso em todos os clubes.
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