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MGF perdeu bonde para o interventor, diz colunista

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Historico
Publicada em 22 de agosto de 2013 às 00:05 por Da Redação

Comentarista da Rede Bahia, Darino Sena analisou as últimas do noticiário tricolor em sua coluna para o jornal Correio*. Confira o texto, intitulado “O Bahia e seu legítimo dono”:

“Terminei a coluna do dia 15 de janeiro, com a frase: “Entre uma mudança frustrante e uma democratização pra valer, faça história, presidente”. Era o dia da assembleia de sócios do Bahia. A esperança utópica do colunista, naquele dia, era a de que o hoje ex-presidente tivesse um espasmo de lucidez e cumprisse a promessa feita quando assumiu o tricolor – a de democratizar as eleições.

Mas Marcelo Filho escolheu outro caminho. Descumpriu a palavra. Fez uma reforma de araque. Permitiu o voto do associado, só que indireto. Os dois candidatos a presidente seriam indicados por um conselho viciado. Tudo pra perpetuar o mesmo grupo no poder e manter o torcedor alijado. “Reforma” pra otário engolir. Aprovada por apenas 160 sócios, um quorum pífio e contestável – pouco se sabia os critérios pra entrada e permanência no corpo de associados. A transparência era artigo raro no Bahia.

Entre conduzir o bonde e entrar pra história, Marcelo Filho resolveu ser passageiro. Mas acabou caindo do bonde e, ao invés de fazer, foi atropelado pela história. O torcedor não engoliu mais uma manobra obscura e antidemocrática. Continuou protestando. As humilhações para o Vitória fizeram a revolta eclodir. A paciência acabou. Cinco mil foram à Fonte apoiar o Bahia da Torcida. O Público Zero ganhou força. A justiça interveio. O grito máximo da angústia tricolor – “fora MGF” – virou realidade.

Carlos Rátis voltou. Amparado por um poderosíssimo alicerce político, o interventor barrou as investidas judiciais do ex-presidente para tentar retornar. Iniciou auditoria interna. Revelou que a irmã de Marcelo Filho recebia salário pra “trabalhar” num departamento em que o ex-chefe Ademir Ismerim desconhecia a existência até do suposto cargo. Rátis convocou os antigos sócios pra se recadastrarem e diminuiu a joia de adesão de R$ 300 pra R$ 10 – abriu o clube ao torcedor. O Bahia foi de 2 mil pra 18 mil sócios.

A estratégia de Rátis era clara: desmoralizar MGF, se fortalecer junto ao torcedor e ganhar tempo pra fazer o que lhe foi designado – convocar novas eleições de acordo com o estatuto. Mas as normas de então deixavam o clube nas mãos dos partidários de MGF. Recorreu-se à Lei Pelé como justificativa pra mudá-las. Encontraram no artigo que dizia que todos os sócios dos clubes deveriam votar, ainda que, mais adiante, a mesma lei salientasse que os estatutos deveriam ser soberanos. MGF tentou chiar. Mas não tinha a mesma força de antes. Uma nova assembleia definiria a sonhada abertura do processo eleitoral e contaria com todos os sócios – os coniventes e os novatos.

No último sábado, Marcelo Filho sofreu sua maior derrota – 99% aprovaram as reformas de verdade. A torcida conquistou uma vitória definitiva. Mesmo que, numa manobra jurídica, o ex-presidente consiga anular a assembleia, o que é bem improvável, o recado já foi dado. O torcedor exige transparência, respeito, alternância de poder e não abre mão de participar da vida política do clube. Não há Kakay ou juiz neste mundo que possa mais calar um anseio popular tão forte e legítimo. O Bahia se fortaleceu como nunca enquanto instituição democrática e transparente.

Condutor do processo, Carlos Rátis, que sequer era tricolor, quem diria, virou ícone da torcida pelo simples fato de ter feito valer a vontade dela. Roubou o papel que poderia ser de Marcelo Filho na história, mas não foi por pura arrogância. Por achar que o tricolor era propriedade privada. Se era, agora mudou de dono. O Bahia é de quem de direito o merece – seu torcedor.

No próximo dia 7, comemora-se mais um aniversário da independência do Brasil. No mesmo dia, o torcedor do Bahia vai votar pra presidente pela primeira vez. Uma feliz coincidência. Que os novos donos não desperdicem essa oportunidade inédita e valorizem a conquista mais esperada da história do clube. Respeite sua luta e vote com consciência. Faça história, torcedor!”

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