Da Tribuna da Bahia desta terça-feira:
“O cerco está se fechando para as torcidas organizadas. Além de uma possível numeração nas camisas oficiais de seus integrantes, o Ministério Público quer receber informações sobre sede, diretoria, número de integrantes, nomes e endereços. O pedido vale para todas as entidades do Estado e tem de ser cumprido até o dia 30 de junho. Caso contrário, não serão permitidas faixas das respectivas associações nos estádios baianos.
A decisão foi tomada em uma reunião realizada ontem na sede do Ministério Público, em Nazaré. Por mais de duas horas, os promotores Nivaldo Aquino, José Renato Oliva e Luiz Eugênio discutiram com representantes da FBF (Federação Bahiana de Futebol), das polícias Civil e Militar, além de líderes das torcidas organizadas medidas para diminuir a violência no quadrangular final do Campeonato Baiano e nas Séries A, B e C do Brasileiro. Estiveram presentes também membros da diretoria do Bahia, Vitória, Vitória da Conquista e Atlético de Alagoinhas.
Foi unânime a necessidade de os órgãos responsáveis terem um maior conhecimento sobre as torcidas organizadas. Por isso, ficou determinado que essas associações devem encaminhar todos os seus dados ao MP e fichar seus associados. Ela (torcida organizada) é um segmento importante, mas mais importante ainda é a segurança do torcedor, disse Nivaldo Aquino, membro da Comissão de Combate a Violência nos Estádios, que funciona desde 2006.
Com essas informações, os promotores irão visitar uma a uma as torcidas organizadas. Tanto da capital quanto do interior. Esse mesmo pedido foi feito no ano passado, mas apenas para as torcidas de Bahia e Vitória. De acordo com Aquino, trata-se agora de atualizar os dados já existentes.
A proposta mais polêmica, que deve ser mais estudada e posta em prática posteriormente foi feita pelo promotor José Renato Oliva. Ele informou que em São Paulo os membros das torcidas organizadas têm um cartão de identificação, que contém um chip, e portões de entrada determinados nos estádios.
Reconhecendo a dificuldade financeira para?? colocar em prática o mesmo serviço na Bahia, Oliva sugeriu uma alternativa. Os integrantes das torcidas terão de ter em suas camisas seu respectivo número de cadastramento para facilitar a identificação, propôs.
Alguns presidentes das torcidas organizadas acharam a idéia inviável. Outros afirmaram que a ação não mudará em nada o comportamento dos torcedores. Mesmo com indecisão, o MP deve colocar a medida em prática ainda este ano. Não podemos deixar que volte a acontecer o que aconteceu no ano passado, com as duas mortes no Ba-Vi. Se isso se repetir, vai ficar difícil segurar os pedidos para a extinção das torcidas organizadas, comentou Nivaldo Aquino.
Outra mudança pode ser o fim da venda de bebidas alcoolicas nos estádios. A decisão deve sair na sexta-feira, em uma reunião no Rio de Janeiro.
Presidentes prometem ajudar
Os representantes das torcidas organizadas que estiveram presentes à reunião de ontem no Ministério Público reconheceram a necessidade da transparência nas associações. Todos concordaram com o pedido dos promotores e se comprometeram em ajudar na identificação dos maus torcedores.
Presidente da Bamor, Jorge Santana, reconheceu não ter o conhecimento de todos os integrantes da torcida. Ele afirmou que a maior dificuldade foi o crescimento da organizada nos últimos anos. Somente no nosso site são mais de dois mil cadastros por dia, disse.
Aproveitando o encontro com os promotores, Santana pediu a ajuda do Ministério Público. Nós queremos acabar com os distritos e queremos a ajuda do MP para isso. Tem um mesmo, o da Liberdade, que não respeita as determinações da torcida. Fazem baderna, arrumam confusões e nós não temos o poder de polícia, revelou.
Já o presidente da Povão, Rosalvo Castro, foi mais direto. Precisamos ser claro. O que há hoje é um problema entre Bamor e Os Imbatíveis. Na verdade são garotos que querem se firmar dentro dos bairros deles. Virou briga de gang de bairro, lamentou.
Por outro lado, o presidente de Os Imbatíveis, Gabriel Oliveira, não concordou com o fim dessa divisão, que recebe o nome de comando na torcida organizada rubro-negra. Para ele, faltam exemplos. Primeiro tem que se fazer cumprir a lei. Quantas pessoas já foram presas com bomba caseira e nada acontece? O futebol está sem justiça, o que vemos é que tudo é possível, opinou.
A delegada Marilda da Luz, representante do delegado chefe da Polícia Civil, Joselito Bispo, lembrou que existem brechas na legislação. Portar bomba caseira não permite o flagrante, apenas um termo circunstanciado. A pena é mínima e o delegado tem de tomar cuidado senão acaba sendo acusado de abuso de autoridade.
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