Mudanças no escudo têm reprovação recorde

As arbitrárias mudanças no distintivo do Esporte Clube Bahia promovidas por sua diretoria de marketing, cujo atual titular é Nilton Maia, foram reprovadas com veemência pela torcida tricolor.

O “não” venceu por goleada a enquete realizada pelo ecbahia.com, que quis saber se a galera tinha gostado das alterações no escudo – 76% dos internautas foram contrários às modificações, e apenas 24% disseram “sim” a elas. A diferença foi uma das maiores do ano registradas na seção de enquetes do site. É uma prova e tanto de que o torcedor não engoliu as mudanças de péssimo gosto que descaracterizaram o símbolo máximo do orgulho tricolor, desenhado há 78 anos por Raimundo Guimarães.

Distintivo que representa muito mais que um desenho em camisas, flâmulas ou bandeiras. Simboliza a história de lutas e conquistas de um clube, seguido há décadas por uma legião tão numerosa e fiel de torcedores que, por sua paixão inconteste, passou a ser conhecida como “Nação”. E que, por isso mesmo, merecia um pouco mais de consideração de sua diretoria na hora de efetuar uma mudança tão impactante.

Explicações não convencem

Pior do que a lambança com o escudo e a falta de respeito com o torcedor e com a história do clube, só mesmo as justificativas.

Em nota no site oficial, o Bahia disse que fez pesquisas com diversos grupos de torcedores. Quem?! Você, que nos lê agora, foi ouvido?! Porque ninguém do ecbahia.com, veículo que incontestável representatividade da torcida, foi. Cadê a pesquisa? Por que o Bahia não a publicou, com seus resultados?

Para piorar, o clube diz que o novo escudo é “alternativo”. Que o antigo não vai ser aposentado. Ora bolas, pra que foi criado o novo então? Se a nova versão não é tão importante assim, por que estampa justamente o site do clube, veículo de comunicação oficial do Tricolor na rede mundial de computadores? Vai ver o Bahia não considera sua página oficial assim algo tão importante assim…

Ou então, a diretoria acha que nem temos tanto com o que o nos preocupar. Que vivemos num mar de rosas, que já não temos motivos suficientes para nos “injuriarmos”, como a fila de oito anos sem título ou a pífia campanha do clube na atual Série B. Aliás, talvez eles nem considerem que o simples fato de disputarmos esta competição já seja vergonhoso. Não, era preciso mais um motivo de indignação.

Outra pergunta não quer calar – por que é que Nilton Maia e Paulo Carneiro não fizeram mudanças no distintivo do centenário Esporte Clube Vitória quando estiveram por lá? Já que outro argumento de defesa é uma propalada modernização do símbolo tricolor? Um clube de 100 anos não precisa atualizar seus símbolos? Por que o Bahia, de 78, precisa?

A negação do desuso do atual escudo cai por terra na própria nota explicativa do Bahia, quando o redator escreve que as duas estrelas foram inseridas na parte interna para que os títulos Brasileiros sejam representados por veículos de comunicação fora do Estado. Então, como é que vai ser? Teremos um distintivo para imprensa e sites e outro para a camisa? Estamos condenados a “só” ter representados no distintivo dois títulos de expressão nacional, como bem lembrou o blog Bora Bahêa Minha Porra? Não vamos mais conquistar nenhum? Não é este nosso objetivo? E a identidade do clube? Fica onde, se for assim? Alguém aí tem notícia de algum grande clube de futebol no mundo que tenha dois distintivos oficiais?!

Não que a torcida seja contrária a mudanças, pura e simplesmente. A gente é contra somente o mau gosto e a arbitrariedade. Até concordamos que o distintivo do clube mereça atualizações, mas que elas sejam discutidas com o torcedor previamente. Podia ter sido feita, por exemplo, uma enquete no próprio site oficial para a escolha. Ou até mesmo um concurso entre torcedores. Mas não, a diretoria preferiu o velho caminho de sempre – o da imposição e do autoritarismo.

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