Em virtude da expulsão na estréia do quadrangular final, ele sentará no banco dos réus pela quarta vez no ano (uma foi no primeiro semestre, quando defendia o Botafogo). O julgamento ainda não está marcado. Se for esta semana, vira desfalque para sábado, diante do Fortaleza, na Fonte Nova. Corre o risco de antecipar as férias por causa da re-reincidência.
Longe dos gramados, Rodriguinho poderia concorrer ao Prêmio Nobel da Paz. Dentro de campo, recebeu três cartões vermelhos que contradizem seu pacifismo. Os lances isolados de agressão depõem contra ele. Quem convive com o meia de 22 anos se surpreende com a metamorfose.
De jeito humilde, a peça importante no esquema tático de Vadão é no dia-a-dia um sujeito pacato, sossegado, de fala mansa, que conversa como se pedisse desculpas ao interlocutor. Quase não se escuta sua voz tímida. Por vezes, desvia o olhar, mira o chão.
Ele próprio se assusta. “Não sei o que acontece. Boto a cabeça no travesseiro e me pergunto o porquê. Sou tranqüilo pra caramba, bastante religioso. Tenho relacionamento bom com todo mundo. Acho até uma injustiça, pois tem muitos outros jogadores violentos, de mau caráter, que fazem faltas duras”, se abre. O camisa 8 garante que a imagem de violência distorce seu futebol raçudo e não vê relação entre as expulsões e o placar desfavorável, embora tenha sido excluído das partidas quando o Bahia estava sendo derrotado.
Calcula que, em 42 jogos pelo Atlético-PR, seguiu pro chuveiro antes da hora apenas uma vez, no primeiro ano como profissional, em 2001. “Jogo do mesmo jeito”, atesta, confirmando que não vai mudar sua dedicação nas quatro linhas. Rodriguinho, porém, quer dar um basta na situação vivida em Salvador.
“Sei que não sou um atleta irresponsável, mas as coisas estão acontecendo e chegou o momento de parar, porque é um prejuízo para mim e para o Bahia. Fiz uma reflexão e pretendo agir com mais prudência e cautela. Evitar levantar o pé demais, reclamar com a arbitragem ou me envolver em tumulto. A comissão técnica vem me orientando nesse sentido. Garanto estar em todos os jogos daqui pra frente, rumo à Primeira Divisão”. CONFIRA:
Avaí 1×0
16ª rodada classificatória, 3/8
Lance: Na disputa da bola, o árbitro aponta falta por trás e dá segundo amarelo a Rodriguinho
Autodefesa: O juiz era despreparado, recém-formado. Depois, confessou a Vadão que foi afoito. Na dividida, o jogador simulou a falta
Náutico 4×1
4ª rodada do quadrangular semifinal, 15/10
Lance: Após o juiz apitar falta em Gil Baiano, Rodriguinho desfere um pontapé, sem bola, na perna do adversário, caído e indefeso.
Autodefesa: Foi um lance de tensão, todo mundo chutando a bola, mas admite o erro
Brasiliense 2×1
1ª rodada do quadrangular final, 6/11
Lance: A bola foge ao controle de Rodriguinho, que, tentando alcançá-la, solta o pé no ombro do zagueiro Gérson
Autodefesa: Eu não tinha intenção de acertar o adversário, todo mundo viu. Mas o lance foi feio, quase atingi o rosto do rapaz. Acho que o árbitro ficou arrependido porque não era lance pra expulsão, conclui, baseado nas ressalvas da súmula
A Tarde (Adaptado)
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