Confira o primeiro pronunciamento do jornalista Nestor Mendes Jr. depois da liminar concedida pela Justiça que acabou adiando a sucessão presidencial do Tricolor, a que era candidato da oposição:
Meus amigos,
Desde a farsa eleitoral de 22 de julho me impus o silêncio. Não dizer nada, não complicar mais a vida do clube que tanto amo e que, talvez, viva o momento mais difícil de seus 74 anos de história. Parei, também, para refletir. Sou mortal, imperfeito, sujeito a todo o tipo de dúvidas. Será que é isso que quero para a minha vida? Até que ponto há um compromisso das pessoas em fazer a real mudança? No curto caminho da campanha – recebi apoios generosos, contribuições maravilhosas de força e idéias, mas vi, também, omissão, deserção, traição.
No caso do site ecbahia, quando decidi disputar as eleições, disse que não escreveria enquanto fosse candidato. Não sei se ainda sou, porque não posso ser candidato de mim mesmo, mas, de qualquer sorte, não quero ter um espaço privilegiado e, ao mesmo tempo, comprometer a independência do ecbahia – que é uma das contribuições mais positivas e mais saudáveis à tão esperada democracia tricolor. Acredito que a gente tem que pensar e agir com coerência. Aparências nós já temos demais. O que nos falta no País, e no caso do Bahia, é verdadeira substância, verdadeira transparência.
Nos livrar do pior presidente da história do Esporte Clube Bahia era o objetivo imediato. O outro era lutar para mudar os métodos e o modelo mental que dominam o clube há mais de 30 anos, onde mesquinhos interesses pessoais de um ególatra se sobrepõem aos da Nação Tricolor.
Fui candidato para disputar, e ganhar, as eleições. Ser presidente do Bahia não é e nunca foi – minha obsessão, mas acredito que só uma mudança radical, e necessária, pode nos livrar do abismo, do vexame, e da humilhação em que vivemos nos últimos anos.
Mudar para nada mudar só nos vai conduzir aonde exatamente estamos. E foi o que fizeram. Não derrotaram a mim. Quem perde, e vai continuar perdendo, é o clube que tanto amamos.
Eles não queriam eleições, não queriam um candidato que fosse passar o Bahia a limpo. Queriam alguém que apenas escondesse toda a sujeira, toda a sorte de incompetência e a falta de comando que grassa no Fazendão. Queriam alguém que escondesse o lobo por de trás da pele do cordeiro.
Primeiro, disseram que eu não era sócio. Depois, que estava inadimplente. Depois, aceitaram a minha inscrição como candidato à presidência possivelmente porque era sócio e estava em dia com as minhas obrigações, mas, muito provavelmente, porque sabiam que não ia haver eleição nenhuma. Depois, criaram a mutreta, espalhada pelos que recebem o mensalão do Bahia, de que eu era candidato, mas não quis a eleição.
Hoje, recebi uma carta do Banco do Brasil, datada de 18 de agosto, dizendo que o depósito de consignação em pagamento das minhas mensalidades, realizado em espécie foi recusado pelo Esporte Clube Bahia. O clube deve estar com dinheiro saindo pelo ladrão para recusar R$ 195,00. Não há seriedade da parte deles. É sempre a eterna chicana.
O Bahia vive uma grande crise, mas eles, os donos do Bahia, estão preocupados em manter o feudo. Eles não querem mudar coisa nenhuma, porque se para o clube é péssimo, pra eles é bom. Querem manter a mamata, querem continuar roendo o osso, mesmo que isso signifique a destruição da paixão de milhares de baianos.
Repito: eles não nos derrotarão nunca, porque se sentir perdedor é um estado da alma. Mas ao Bahia, à torcida do Bahia, aos baianos, eles causam um dano irreparável que, um dia, com certeza, será cobrado no acerto de contas da história.
Só um milagre nos salva da 3ª Divisão. Devemos estar preparados para o pior e, ao mesmo tempo, prontos para o trabalho. Acho que devemos construir um plano, um alternativa real de poder, mas que seja fruto de reflexão, conversa, grupo, articulação e não apenas o vôo solitário de uma pessoa para o nada. Naquela eleição de mentirinha cabia: derrotá-los e à farsa montada por eles. Agora, não. A coisa é séria. A situação é extremamente grave. Não podemos ter arroubos nem cometer erros, porque simplesmente o estoque de erros foi todo gasto por essa gente que afundou na lama a nossa paixão, aquilo que é mais caro ao nosso coração.
Essa é uma satisfação que dou a vocês, meus amigos, aos que verdadeiramente acreditam em mim, mas que peço não seja usada como instrumento político nem que agrave ainda mais o momento difícil do nosso Baêeea.
Vamos rezar, vamos torcer, vamos apelar ao sobrenatural para que a gente não retroceda mais ainda. 3ª Divisão é, no mínimo, mais um ano perdido e danos ainda maiores ao clube. E como diz o poeta, “não temos tempo a perder”.
Saudações tricolores,
Nestor Mendes Jr.”
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