De Daniela Leone, no jornal Correio* desta quinta-feira:
`Nas veias do garoto sorridente corre sangue de campeão. Atacante de origem, Gabriel, 21 anos, herdou do avô o talento com a bola. Ele é neto de Flávio, volante titular do time do Bahia que conquistou a Taça Brasil de 1959.
Quero ser campeão pra levantar uma igual a essa, disse ao carregar o troféu que um dia passou pelas mãos do avô. Gabriel não conheceu Flávio e sequer tem foto. Minha mãe não gosta de falar dele, porque ele não deu assistência a minha avó. Só fez o filho e sumiu. Ele gostava muito de farra e era cheio de filho, explica.
Soube dos sucessos do avô campeão através de um tio. Meu tio Neném sempre gostou de bola, me via jogando quando eu era moleque e queria me incentivar, queria que eu me inspirasse em meu avô, e aí dizia que ele tinha sido campeão brasileiro e que ele jogava muita bola, contou o jovem nascido no Jardim Cruzeiro.
Flávio começou a carreira no Fluminense de Feira. Defendeu também Ypiranga, Botafogo-BA, Prudentina e Palmeiras. Pelo Bahia, passou duas vezes, em 1959 e 1965, quando pendurou as chuteiras. Ele morreu em Salvador, no dia 19 de dezembro de 1993. Deixou oito filhos e nove netos. Na época, Gabriel tinha 3 anos.
Desde criança, Gabriel joga como atacante. Escolheu uma posição diferente, mas tentou começar a carreira no mesmo clube que o avô. O problema é que foi reprovado no teste do Fluminense de Feira. Há dois anos, quando disputava um campeonato amador, foi visto pelo presidente Marcelo Guimarães Filho e levado para o Fazendão.
Chamou a atenção e se transformou no xodó de René Simões. O técnico não economiza elogios ao garoto, que vem sendo improvisado na lateral direita e tende a continuar, mesmo com Jancarlos recuperado de contusão. Eu me dedico demais, sou um dos últimos a sair do treino. O que o treinador quer do jogador é dedicação, diz.
Gabriel subiu para o profissional em janeiro. Depois de sete anos, comemora a volta do Bahia à Série A como torcedor e jogador. Eu subi na hora certa, tive sorte, diverte-se. Ele foi titular nos dois primeiros jogos, contra América-MG e Flamengo. Agora, sonha um dia repetir o feito do avô e erguer a taça de campeão brasileiro. É um sonho ser campeão pelo Bahia, time que eu torço desde guri. É bom demais jogar com essa camisa, esse é o meu time, discursa, tomado por romantismo típico de quando Flávio ainda desfilava pelos gramados.´
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