O sofrimento da torcida do Bahia não tem limites. Além de passar todo o Campeonato Brasileiro fazendo contas para não cair, teve de aturar todos os problemas administrativos que culminaram com a mudança de sete treinadores, além do fraco futebol do time, a falta de garra de alguns jogadores e até a rebeldia de um dos seus principais ídolos, o atacante Nonato.
Para complicar ainda mais, a Fonte Nova não estava adaptada ao Estatuto do Torcedor, no prazo estipulado pelo governo federal e somente 19.535 ingressos puderam ser vendidos para o jogo de ontem.
Como pagamento por tão descabido amor, o torcedor recebeu em troca, um péssimo futebol, desânimo geral, a derrota por 2×0 e, para fechar o triste dia, tropa de choque, policiais militares, cavalaria e cachorros rotwailler. Sobraram tapões para todos os lados. Somente sob forte proteção policial é que o ônibus com os jogadores pôde deixar o portão 13 do Estádio da Fonte Nova.
Com a derrota decretada, não faltaram os gritos de protestos contra os diretores do clube, sobrando para a área destinada à imprensa, com a torcida jogando várias garrafas de água. Camisas rasgadas e queimadas foram as cenas mais vistas ao final do jogo.
A torcida do Bahia voltou a manifestar seu descontentamento com o time e não poupou quase ninguém após o apito final do árbitro. Todos os tipos de xingamentos foram proferidos aos jogadores, mas principalmente à diretoria. O presidente Marcelo Guimarães era o principal alvo dos protestos, que aconteceu nas arquibancadas e na saída do estádio. Não houve invasão ao campo ou aos vestiários, mas a polícia teve que intervir para garantir a segurança dos atletas e da comissão técnica.
Os primeiros insultos aconteceram com os jogadores descendo para os vestiários. Queimando camisas, pedindo vergonha na cara a quem passava pelas escadarias, os torcedores até esqueceram de criticar a má arbitragem da partida, que deixou de marcar um pênalti claro no ala Paulinho no início do primeiro tempo, lance que poderia ter mudado a história do jogo.
Meia hora após o fim do jogo, o goleiro reserva Márcio, o meia Cícero e o zagueiro Accioly estavam desolados, sentados ao lado de uma placa de publicidade, desapercebidos em meio a tanto tumulto.
Do lado de fora do estádio, muitos torcedores protestavam contra a situação do time. Como alguns estavam um pouco descontrolados, jogando garrafas plásticas e latinhas de cerveja contra o portão de acesso aos vestiários, a polícia teve que agir para dispersar a multidão. Somente após às 19h30 (o jogo encerrou-se às 18h) a delegação do Bahia conseguiu deixar a Fonte Nova, mesmo assim, escoltada por dois carros da Pelotão de Choque da Polícia Militar.
A Tarde & Correio da Bahia (Adaptado)
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