Cidadãos engravatados, papelada debaixo dos braços, sapatos lustrados. Público pequeno e nenhuma correria. Faixas, só de protesto. Chegam o advogado César Oliveira e o empresário Edmilson Gouvêa. Rápido cumprimento na escada do Fórum Ruy Barbosa a quem já esperava e tudo está pronto para ser entregue à Justiça. Nada de estádio, nada de Fonte Nova, muito menos futebol. O placar mostra a senha 51. A turma se levanta em direção ao guichê no5. Às 15h40, apita-se disputa no Fórum Ruy Barbosa. Vai ser escrito o primeiro capítulo da história do Bahia sem um único jogador de bola. Os 90 minutos viraram burocracia.
A ação de procedimento ordinário com pedido de antecipação de tutela pretende moralizar o Bahia o mais rápido possível, renovando a diretoria. Em 34 páginas, o sócio patrimonial Edmilson Gouvêa e o conselheiro Darke Magalhães de Abreu alegam ter sido atingidos, em primeira e última instâncias, pelos sucessivos desmandos praticados pelo presidente do clube (Petrônio Barradas). Para embasar a petição, eles anexaram duas cópias: o processo no Ministério Público Estadual sobre o contrato com o Banco Opportunity e o recurso de um sócio contra o Corínthians. A primeira pretende mostrar ilegalidades, a segunda, dar jurisprudência.
Por sorteio, determinou-se que a petição será avaliada pelo juiz Renato Ribeiro Marques da Costa, da 20ª Vara Cível de Salvador. A tendência é que ele se pronuncie até sexta-feira sobre se há pertinência ou não nos pedidos: a) afastar de imediato o presidente Petrônio Barradas e a diretoria executiva; b) designar um interventor provisório; c) suspender todo o Conselho Deliberativo; d) confirmando antecipação de tutela, destituir definitivamente Petrônio Barradas do cargo de presidente; e) determinar a citação dos réus para, em prazo legal, contestarem os termos da demanda e f) condenar os réus ao pagamento decorrente do ônus da sucumbência.
Ninguém sabia, a rigor, o que acontecia no Bahia, simplificou o advogado César Oliveira sobre os bastidores do Fazendão nos últimos oito anos. Ele redigiu petição junto ao também advogado Almir Brito. O Bahia é um patrimônio histórico e cultural do estado da Bahia, por legislação que remonta ao governo Antônio Balbino, completa, indicando que um grupo jamais poderia se outorgar poderes e formalizar um contrato de uso autorizado da marca Esporte Clube Bahia´, escudo, cores, hino, etc., por 25 (vinte e cinco) anos. O embaraço acontecera em 1998, quando da formação do Esporte Clube Bahia S/A.
Caso o juiz da 20ª Vara Cível opte por designar um interventor, Edmilson e Darke apresentaram lista com quatro nomes para, eventualmente, ocupar o cargo de gestão no Esporte Clube Bahia: os empresários Fernando Jorge Carneiro, Reub Celestino e Luiz Mendonça; ou o advogado Vagner Cunha todos aceitaram previamente a inscrição dos nomes.
Os presidente da Povão e da Bamor anteciparam que as maiores facções organizadas do Bahia e seus filiados só retornarão aos estádios quando houver uma mudança completa na cúpula administrativa. É público zero total, garantiu Jorge Alberto Santana, da Bamor. Não há como voltar atrás, finalizou Jorge.
A diretoria do Bahia não foi encontrada para comentar o assunto. No entanto, uma jovem de prenome Michelle esteve ontem, por volta das 16h20, no Fórum Ruy Barbosa, atrás de informações sobre o processo: número, vara cível, juiz, etc. Ela se identificou como estagiária do escritório de Tâmara Medina, que é advogada do Esporte Clube Bahia S/A, nomeada por Petrônio Barradas em substituição a Shirley Monroe.
Correio da Bahia
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