De Nelson Barros Neto, do Jornal A Tarde:
“Está na página 39 do texto com a decisão do juiz Fausto Martin de Sanctis, responsável pela decretação das prisões que deflagraram a Operação Satiagraha, na terça-feira. Dos mais de US$ 2 bilhões que passaram pelo fundo de investimentos sediado no paraíso fiscal das Ilhas Cayman desde 1992, o Opportunity Fund, US$ 32 milhões (cerca de R$ 51,2) teriam sido destinados ao Esporte Clube Bahia S/A, no final de 2006. O valor foi um dos detectados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), segundo o processo 0301235328, de dezembro do ano passado, como uma das movimentações do Opportunity não comunicadas ao Banco Central.
À frente do inquérito esteve o delegado Protógenes Queiroz, o mesmo que conduziu as investigações da parceria Corinthians/ MSI e que atualmente faz parte de um grupo internacional que combate a lavagem de dinheiro no futebol, exatamente a suspeita da Polícia Federal para o caso em questão.
Não duvido disso, não. O Bahia diz que é auditado, mas desde 2006, quando houve o distrato com o banco, o clube não entrega documentos necessários para este fim. Tanto que, nos balanços trimestrais dos auditores independentes, informa-se isso claramente.
Pelo que tem lá, não dá para emitir nenhum tipo de parecer, diz o microempresário Edmilson Gouveia, membro da Frente Única Tricolor, que no início de 2007 procurou a PF baiana para apurar supostas fraudes no Esporte Clube Bahia.
MANIPULAÇÃO De acordo com o inquérito da PF, o Opportunity Fund seria o principal instrumento de manipulação do conglomerado do banqueiro baiano Daniel Dantas, acusado de investir em empresas do próprio grupo (o que é ilegal), como forma de burlar o fisco. O dinheiro endereçado ao Bahia teria como alvo a Parcom , dona, na época, do aporte da Spacatel, braço da Ligafutebol S/A, sócia majoritária do Esporte Clube Bahia S/A .
A estratégia era driblar as restrições impostas a investimentos feitos no Brasil, que até 26 de janeiro de 2000 eram feitos, em geral, através desses fundos de investimentos situados no exterior.
A situação só foi regulada pelo Anexo IV, após resolução do Conselho Monetário Nacional.
Para investir no País, antes dele, não se pagava imposto de renda, mas o investidor não podia ser residente no Brasil nem adquirir ou vender, fora da Bolsa de Valores, ações de empresas negociadas na Bolsa. As investigações, porém, apontaram para a participação de brasileiros do Opportunity Fund, e a Parcom é uma das empresas da teia.
Em seu conselho administrativo, figura a irmã de Daniel, Verônica Dantas, também presa na Operação Satiagraha e sócia do Bahia S/A. Ela prestou depoimento ao Ministério Público Estadual durante processo até hoje inconcluso sobre a sociedade do clube com o banco.
Tesoureiro do clube nega chegada de aporte, diretor financeiro se cala
Ave Maria… não tem cabimento isso! Se você pegar o balanço do clube, vai ver. O Bahia é auditado pela Delloite, é muito dinheiro… Se tivéssemos recebido isso, seria uma beleza, respondeu Jorge Tupinambá, tesoureiro tricolor desde 1998, ano em que foi fechada a parceira com o Banco Opportunity. Segundo ele, tudo não passa de invenção.
A oposição fica falando até da venda de Daniel Alves (ao espanhol Sevilla), mas os investimentos se limitaram aos R$ 12 milhões do início da sociedade, complementou Tupinambá, que ao ser comunicado de que a acusação parte da Polícia Federal, e não do grupo contrário à atual direção do Esporte Clube Bahia, considerou a história como caluniosa. Tão falando do Daniel aí, mas ainda não provaram nada, acrescentou.
O tesoureiro aproveitou para dizer que quando chegou ao clube, não havia crédito para nada e que, graças ao dinheiro do Opportunity, os fornecedores agora chegam a ser seus amigos.
O diretor financeiro do Bahia S/A na época do possível aporte de cerca de R$ 51 milhões da empresa Parcom uma das ramificações do Opportunity Fund Luiz Trócoli pediu desculpas, mas disse que não poderia se manifestar sobre o caso. Ele contou estar respondendo a processo judicial movido pelo próprio Bahia e que não poderia contar nada, porque a ação corre em segredo de Justiça.
Procurado durante todo o dia de ontem, o presidente Petrônio Barradas não foi encontrado. À noite, seu celular, aparentemente desligado, só caia na caixa de mensagens.”
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