Assim como ocorreu na época da Copa São Paulo de Juniores, o portal Terra voltou a se impressionar com a força da Nação. O texto abaixo foi publicado nesta quinta por Diego Garcia:
`Quem passava pela Marginal Tietê à frente do Estádio do Canindé por volta das 19h desta quarta-feira certamente não se sentia em São Paulo. O tradicional rubro-verde que colore a região deu espaço a uma nova tonalidade, tomada de azul, vermelho e branco. Uma insólita legião tricolor preenchia o ambiente com penteados exóticos, cânticos animados e samba, e transformavam o insosso sotaque paulistano em um dialeto mais arrastado, quase cantado. Não, a Portuguesa não mudou suas raízes. Era apenas o “Bahêa” mostrando o motivo de sua torcida ser apontada como a mais apaixonada do Brasil.
Os minutos que antecediam o confronto entre Portuguesa e Bahia, válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil e que terminou em empate por 0 a 0, mostravam torcedores tricolores fanáticos tomando conta das ruas que entornam o Estádio do Canindé. Parecia até que o duelo era na velha Fonte Nova, local preferido dos adeptos tricolores que segue em reforma para o Mundial de 2014. Com tambores, pandeiros e batuques, os baianos traziam um pouquinho de Salvador à mais paulista das cidades.
“O Bahêa é a nossa vida. Por ele vamos até São Paulo, até o Rio, até Porto Alegre. Não há fronteiras, somos apaixonados pelo nosso time”, disse o torcedor José Maria, garçom, baiano de nascimento e morador da capital paulista há alguns anos. “Vim de Salvador de carro para cá com meus amigos. Saímos de lá ontem (terça-feira) pela manhã e enfrentamos uma cansativa viagem, mas sempre vale a pena pelo Tricolor de Aço”, declarou o baiano Jairo Campos.
O clima de alegria proporcionado pela torcida do Bahia na porta do estádio seguiu para dentro dele. Com o pedaço reservado aos visitantes completamente lotado, os tricolores tomavam conta do jogo. Idosos, crianças, adolescentes, adultos, mulheres, homens, brancos, morenos, negros, amarelos, todos iguais… Tricolores. O Canindé era um estádio ocupado. “Temos a torcida mais apaixonada do Brasil”, resumiu Ivonete, devidamente trajada com azul, vermelho e branco.
Acuada em seu próprio estádio, a torcida da Portuguesa sequer se importava com a supremacia baiana. Mais preocupados com protestos contra a atual direção do clube, motivados principalmente pela queda à Série A2 paulista, os rubro-verdes passaram a maior parte do jogo ofendendo seu presidente e seus jogadores. Do outro lado, o Bahia via seus adeptos estremecerem a ala visitante. O grito “Bahêêêêêêêêêêêêêa” era uníssono no estádio e só foi deixado de lado quando Léo Silva, do time da casa, foi expulso.
Dentro de campo o duelo seguia sem maiores emoções. Poucas chances de gol, bola truncada no meio e excesso de faltas marcavam a partida, que caminhava para um morno 0 a 0. Gerley ainda foi expulso na etapa complementar, mas nada que abalasse a torcida baiana. Ao apito final, o empate sem gols fora de casa foi imensamente comemorado (bem, essa parte não foi bem assim… a galera ficou chateada com o resultado), ainda mais agora que a equipe nordestina precisa de um triunfo simples em Salvador para avançar às quartas.
Pouco antes do término do embate, o alto-falante do Canindé anunciou o modesto público de 2.369 pagantes. Desses, a grande maioria tricolor, que minutos após o fim do confronto seguia entoando o “Bahêêêêa”. Nada os abalava. Eles poderiam ser 10, 20, 100 mil. Não importa: teriam a mesma alegria. Uma estrofe do hino do Bahia diz: “somos do povo um clamor, ninguém nos vence em vibração”. Nesta quarta-feira, o Canindé mais do que nunca entendeu o motivo.´
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