O presidente da Federação Bahiana de Futebol, Ednaldo Rodrigues, explicou os detalhes de sua proposta de mudança do regulamento da Série C, a partir de 2006. Confira a entrevista concedida pelo dirigente ao jornalista Marcelo Sant´Ana, do Correio da Bahia, onde ele comentou ainda sobre o Campeonato Baiano 2006, Nordestão e Timemania:
Durante o último fim de semana, o senhor esteve no Rio de Janeiro, em encontro com dirigentes da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Conversou com o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, com seu sobrinho Marco Antônio…
Na verdade, falei com o presidente Ricardo Teixeira via telefone, pois ele se encontrava em Zurique (Suíça). Houve encontros com o presidente do Sindicato De Futebol, Mustafá Contursi, e outros colegas de federações, no sentido de reforçar a proposta pela mudança do regulamento da Série C. De imediato, fique claro que não é uma virada de mesa, até porque, para isto, eu não me colocaria disposto a fazer. Apenas o Estatuto do Torcedor indica que podem ocorrer mudanças em torneios passados dois anos e eu acredito que tanto a Série C como outras competições já merecem uma nova fórmula de disputa que fique mais atrativa ao torcedor.
A Série C, hoje, é regionalizada. A CBF organiza o campeonato para que, no quadrangular final, geralmente fiquem: uma equipe do Nordeste, outra do Norte ou Centro-oeste, e duas das regiões Sul ou Sudeste. Qual a sugestão para que Bahia e Vitória possam chegar à fase final juntos ou, então, que quatro clubes tenham acesso?
A fórmula é pouco modificada na essência. A regionalização existe na primeira fase, quando ainda são 64 equipes, e na segunda, com 32. Depois já fica muito complicado manter a regionalização. O que propomos é que a primeira fase continue como está, com 64 times, que a segunda tenha os mesmos 32, a terceira 16 e, depois, quando restarem oito clubes, existam as modificações propostas pela Federação Bahiana. Aqui, estes oito clubes classificados durante a competição 2006 uniriam-se aos seis que foram rebaixados na Série B deste ano e também àquelas equipes que terminarem em 3o e 4o lugares na Série C deste ano, formando 16 agremiações. Elas seriam divididas em quatro grupos com quatro times cada, atuando em sistema de ida e volta dentro do grupo. Os dois primeiros de cada grupo passariam à fase seguinte, formando dois grupos de quatro. Haveria novamente partidas de ida e volta, dentro dos grupos, e os dois primeiros colocados de cada chave estariam automaticamente classificados à Série B, em 2007. Por fim, um quadrangular com os quatro promovidos.
Esta proposta já foi discutida com Ricardo Teixeira, presidente da CBF, e com Virgílio Elísio, diretor técnico da entidade e ex-presidente da Federação Bahiana, ou a conversa acontecerá durante esta semana, quando está previsto novo encontro no Rio de Janeiro?
Não. Temos conversado sobre o propósito, sobre o assunto. Mas a proposta, até mesmo por ser um pouco complexa, será apresentada, inclusive, não só pedindo a reformulação da Série C como também dando subsídios à CBF para que ela não modifique o seu calendário. Cientes que a proposta acrescenta quatro novas datas ao calendário e sem desejar que a competição tivesse a data de início ou término modificado, buscamos alternativas dentro do próprio período de disputa, em feriados nacionais: 7 de setembro (Independência), 12 de outubro (Padroeira do Brasil), 2 de novembro (Finados) e 15 de novembro (Proclamação da República). Assim, estas datas seriam complementares e não trariam prejuízo a qualquer clube e tampouco à CBF. Outro ponto diz respeito a receitas extras ou uma injeção financeira que teriam que ser feitos. Por exemplo: no momento em que se formam os quatro grupos de quatro, ao invés da CBF pagar 100% das despesas, ele arcaria apenas com 50%. E, caso fosse do interesse da entidade, ao invés de se realizar um quadrangular final com os quatro times que já estariam promovidos à Série B, optaria-se apenas pela realização da final com os dois primeiros colocados de cada grupo, conhecendo-se o campeão da Série C 2006, até mesmo porque o objetivo principal, a promoção, já foi alcançado. Na última fase, inclusive, independente de ser quadrangular ou apenas final, a CBF não precisaria dar ajuda alguma de custo. A sugestão não traria qualquer prejuízo financeiro à CBF.
O assunto já foi conversado com presidentes de outras federações, supostamente interessados na mudança?
Na realidade, a proposta, caso aceita, interessa e beneficia, de imediato, quatro federações: Catarinense, pelo rebaixamento do Criciúma; Gaúcha, pelo Caxias; Goiana, pelo Vila Nova; e Paulista, pela União Barbarense. Então, com estas federações eu falei sobre o propósito e eles entenderam como um pleito pertinente, justo e, inclusive, vão reforçar o pedido. Eles já foram informados em detalhes sobre o que a Federação Bahiana solicita.
Bahia e Vitória, então, entrariam com a competição já em andamento, provavelmente no mês de setembro, não?
Neste caso, a dupla teria um período extra para se preparar, já que o Baiano vai até junho, antes da Copa do Mundo da Alemanha, a qual termina em julho. Assim, além de Bahia e Vitória, os outros times naturalmente poderiam utilizar este período sem jogos oficiais para amistosos.
O Campeonato Baiano, que deve ir de janeiro até junho, já tem seu regulamento e tabela prontos?
A Federação vai realizar uma reunião de Conselho Técnico, um pré-arbitral, com os clubes e vai mostrar a proposta da entidade para o Campeonato Baiano. A forma que desenhamos é um campeonato com 12 clubes, divididos em dois grupos através de sorteio dirigido, com o intuito de se manter um equilíbrio técnico. No primeiro turno, as equipes jogam contra o outro grupo, no sistema de ida e volta, classificando-se as quatro primeiras de cada grupo. Então, o primeiro enfrenta o quatro e o segundo o terceiro, de acordo com a posição dentro do próprio grupo. Na semifinal, decidiria-se o campeão do grupo, o qual iria para a final. No segundo turno, os grupos são mantidos e os jogos de ida e volta são dentro da própria chave, classificando-se novamente os quatro primeiros. Todavia os cruzamentos seriam contra o outro grupo. Caso times diferentes ganhem os turnos, haverá dois jogos finais. Do contrário, quem conquistou ambos é proclamado campeão.
Na imprensa brasileira, há muitos que, de alguma maneira, buscam traçar um paralelo entre o fim do Campeonato do Nordeste e a decadência de Bahia e Vitória. O que muitos sugerem é que a volta da competição poderia fortalecer as equipes da região como um todo. O que o senhor pensa do assunto?
Eu estou realmente de camarote para falar. Fomos a única federação, sem desmerecer as outras co-irmãs, que foi para a luta e defendeu o interesse em ter o Campeonato do Nordeste, junto com o Vitória, Fluminense e Bahia. As outras entenderam que a Liga de Futebol do Nordeste tirou determinado poder das federações. Esta parte não nos atingiu em nada, tanto que nos esforçamos para dar todo o apoio logístico que os time pedissem. Inclusive, houve um Campeonato do Nordeste, em 2003, que parece que a CBF não aprovou, o Vitória disputou a final com o Fluminense de Feira, com alguns clubes boicotando e a competição sendo feita de maneira fraca: mesmo ali a federação estava presente, com árbitros, apoio logístico, respeitando o Estatuto do Torcedor; tudo.
O que o senhor acredita ter enfraquecido Bahia e Vitória, principalmente, nestes últimos três anos, quando houve quatro rebaixamentos (Bahia 03/05 e Vitória 04/05)?
Digo de maneira técnica, pois questões administrativas dizem respeito apenas às direções dos clubes. Alertei, tecnicamente, até de forma veemente quando principalmente o Vitória, depois o Bahia seguindo os passos, diziam que não iam participar do estadual, que o torneio iria continuar mesmo que sem eles, apesar de reconhecermos a importância de ambos: aí surgiu o Campeonato do Interior, como forma de prevenção. Nos cercamos de todas as maneiras, tanto que a CBF emitiu uma RDI (Resolução de Diretoria Interna) a todos os clubes do Brasil que a não participação em estaduais implicava suspensão de competições nacionais. Os clubes responderam dizendo que utilizariam times mistos e o fizeram. Chamei atenção sobre a situação e, em 2003, teve até Ba-Vi com time misto.
A bola da vez no futebol brasileiro é a Timemania. Você acredita que esta ferramenta ajudaria os clubes brasileiros ou seria mais uma maneira de se minimizarem erros administrativos de dirigentes?
Acompanho a Timemania e apoio tudo que seja possível se fazer em prol do futebol. Houve a Lei Pelé e depois a Maguito Vilela, só. Depois de 2001, é realmente quando o futebol vivência transformações. Então, para quem não sabia sequer o que era um balanço, esses clubes tiveram que aprender com o tempo e houve muitas situações de se aprender com impostos. Se houve ajuda a bancos, se há o Proer: porque não se ajudar o futebol também? Caberia ainda ao governo, informar de maneira mais concreta a clubes e federações o que se poderia ser feito pelos times. É preciso ser mais explicado àqueles que estão a margem da informação: é saudável e importante, pois o futebol eleva e muito o nome e imagem do Brasil no exterior.
A Federação Bahiana, talvez, sempre tenha sido a mais importante do Nordeste por ter as equipes mais fortes. Agora entramos com quatro equipes na Série C?
A Federação sempre esteve com os pés no chão, em tudo. Convivemos e trabalhamos de maneira competente quando tinhamos dois times na Série A e nunca relaxamos quando nossos clubes tiveram algum insucesso, mantendo sempre a regularidade. Com certeza, o desafio é muito grande, porém a vontade de vencer é muito maior e vamos continuar trabalhando para o bem do futebol baiano. Tenho certeza que este momento adverso vai passar, com muito trabalho e um maior planejamento dos clubes participantes – e não só Bahia e vitória. Quem sabe daqui a dois anos, se Deus quiser, não vamos dizer que este momento foi uma etapa?
Como o senhor vê o momento da dupla Ba-Vi, com dois presidentes interinos no cargo?
Espero e aconselho que eles saiam desta transição o mais rápido possível. O tempo não pára, continua e é rápido. Tudo o que for feito, dentro da legalidade, para que se chegue a uma posição conciliatória, é importante. Futebol já é difícil quando existe um somatório. Então, imagine quando há divisão… Desejo que Bahia e Vitória busquem novos rumos e que, com quem quer que seja à frente das diretorias, haja um compromisso e um planejamento preciso de não apenas um ano, mas que seja algo casado, com o objetivo de passar pela Série C, pela B e pela A. Que exista altivez para que se conquiste o planejado e que se dê um alento aos torcedores.
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