Confira abaixo uma excelente entrevista do repórter Éder Ferrari, do Bahia Notícias com o presidente do Esporte Clube Bahia, Marcelo Guimarães Filho, sobre um balanço da temporada 2009 e uma série de assutos de interesse da torcida, como a reforma dos estatutos, entre outros.
BN Como o senhor avalia sua primeira temporada na presidência do Bahia?
MGF Bom, eu acho que esse foi um ano que as coisas não ocorreram como a gente queria no futebol. Não tivemos o resultado que a gente imaginava, principalmente sobre subir para a Série A, mas foi um ano também de coisas proveitosas na infra-estrutura do clube, um investimento no Fazendão: nova academia, fisiologia, que não tinha, melhoria da fisioterapia e, principalmente, da divisão de base. Acho que avançamos muito. O trabalho de (Newton) Motta começa a dar resultado para o Bahia. Isso vai ser muito importante: já temos valores sendo revelados, valores que serão vendidos em breve para fazer caixa para o clube. Então, foi um avanço. Uma das coisas que eu podia ter agido de outra forma foi ter dito à torcida, de maneira clara, que o Bahia precisa de um trabalho de médio e longo prazo.
BN Então acha que o resultado não poderia ter sido melhor?
MGF Lógico que trabalhei para subir esse ano e era importante subir. Eu não estou usando isso como desculpa, mas precisava dizer para a torcida que o trabalho de médio prazo é um trabalho de reconstrução do clube. Essa é a avaliação que eu faço para o ano de 2009.
BN Em sua opinião, quais foram os maiores erros da temporada?
MGF Eu acho que quando a gente precisou qualificar a equipe entre o Campeonato Baiano e o Campeonato Brasileiro. Não houve falta de empenho, mas não fomos felizes, não fomos competentes para qualificar a equipe naquele momento, porque a equipe vinha bem no Campeonato Baiano. A gente perdeu o campeonato, mas, no Baiano, Bahia e Vitória, pode dar qualquer coisa. Tivemos condições de ganhar o campeonato, mas, infelizmente, perdemos. Não conseguimos foi qualificar a equipe com clareza ali, com competência.
BN No que a presença de Paulo Carneiro atrapalhou?
MGF Já coloquei que não o contrataria novamente, hoje. Não tenho nenhum motivo pessoal para isso. Pelo contrário. A gente tem um bom relacionamento pessoal, mas eu acho que (foi) uma parceria que não deu certo. Não faltou esforço, mas não deu certo. Então, eu não contrataria novamente, mas o erro foi conjunto. Talvez, a saída de Gallo realmente tenha sido fundamental nessa sequência ruim que a gente teve, porque precisávamos ter o treinador e apostar nesse treinador, pelo menos, muito mais do que apostamos quando Gallo saiu.
BN Por que tanta demora em aprovar a mudança do Estatuto?
MGF A gente fez uma um levantamento de todos os clubes do Brasil de como isso funcionava e tivemos como referência o estatuto do Inter, porque é o clube de maior sucesso, com 100 mil associados. Então, alguma coisa boa tem nesse modelo. Trouxemos esse modelo para o Bahia. Levamos para o Conselho Deliberativo, que aprovou esse modelo. O que existe é o seguinte: o estatuto atual que foi aprovado no Conselho Deliberativo vai para a Assembleia para ser aprovado ou não. Então, o que eu tenho dito de maneira clara é o seguinte: tenho buscado conversar com todas as correntes e tentar chegar a um acordo mínimo. Porque unanimidade não conseguiremos nunca. Porque é um tema muito polêmico e cada um pensa de uma maneira. Uns querem abrir o clube radicalmente sem nenhuma regra, o que não existe em nenhum clube no mundo, outros querem abrir menos ainda do que a gente propôs.
BN Por que é tão difícil alcançar um consenso?
MGF Não vamos chegar a um consenso nessa situação, mas nós já propusemos o modelo que foi aprovado pelo Conselho Deliberativo, já houve um avanço. Isso que está aprovado no Conselho ou é referendado pela Assembleia Geral ou não. É o que diz o Estatuto. Então chega um momento que eu não tenho mais como negociar. O que estou dizendo é o que o Estatuto diz: aprova ou não aprova. Se a Assembleia Geral não aprovar, o que é que vai acontecer? O estatuto que está valendo hoje é o que vai continuar. É preciso que as pessoas entendam o seguinte: a gente já conversou, negociou, avançou, abriu mão de um lado, perdeu de outro, conversou com as diversas correntes e chegou-se a um texto. Agora, um texto que vai agradar uns e desagradar outros. A responsabilidade que está agora nas mãos da Assembleia é: ou aprova isso, que é um avanço, ou não aprova e nós vamos continuar com um Estatuto que, em minha opinião, é atrasado e não permite a renovação do clube.
BN Por falar em renovação, o senhor propôs no novo Estatuto mudança de 1/3 dos membros do Conselho através de voto. Mas por que 1/3, quando o que acontece é que, no máximo, uma média de 60 comparece as Assembléias? Se o próprio Estatuto diz que faltando a algumas reuniões o conselheiro tem que ser excluído? Não seria mais produtivo para a vida ativa do clube excluir os ausentes para abrir espaço para quem realmente quer ajudar o Bahia?
MGF Quem não comparece no Conselho, realmente tem que sair do Conselho. Eu acho que o sócio e o conselheiro têm que verificar o conselheiro que não tem ido, tem que fazer a representação como manda o Estatuto e a gente tem que promover a saída desse conselheiro. Por isso tem uma lista de suplentes para colocar no lugar. Quanto a isso não tenho dúvida, a gente pensa igual em relação a esse assunto. Para isso acontecer, o sócio tem que tomar a iniciativa, segundo diz o próprio estatuto, ou seja, é preciso que o sócio e um conselheiro façam a representação. Indiquem quais associados não têm comparecido ao conselho para que esse processo aconteça. Eu não tenho poder e nem o presidente do Conselho tem esse poder de expulsar alguém sem um rito processual. Em relação a 1/3, realmente a gente buscou o modelo que tem no Internacional. Nós temos que ter um modelo como referência e se o modelo deles é um sucesso, vamos trazer pra cá o modelo deles. Esse 1/3 vai sair de acordo com a eleição do Conselho com a ata do Conselho Deliberativo, inclusive já foi registrado no cartório. É uma ata pública, os conselheiros já foram publicados no site do clube.
BN Mas por que só um 1/3 e qual o critério na escolha dos excluídos?
MGF Aqueles conselheiros que estão ali, com aquela sequência registrada em cartório público, vão ser renovado 1º, 2º e 3º texto. O mais importante é saber que está registrada em cartório e que é pública, não pode mudar de uma eleição para a outra. Se ela for alfabética, continuará sendo alfabética, se ela for numérica, vai continuar sendo numérica, se for por outro modelo qualquer, vai continuar sendo do mesmo modelo. Essa eleição de 1/3 do Conselho vai permitir que ele se renove que entrem novas pessoas que queiram trabalhar pelo clube, que queiram se dedicar mais do que os que estão lá, entendeu? Então é preciso estar atento a isso. A Assembleia Geral vai ter esse poder. Se não é na velocidade que alguns querem, pelo menos permite isso. Pior é ficar como está, que ai não tem renovação nenhuma.
BN E a proposta de tornar conselheiro nato o presidente do Conselho Deliberativo do clube? Não vai de encontro a essa renovação que o senhor está pregando, ainda mais sendo Ruy Aciolly – há anos no clube e odiado pela maioria absoluta da torcida – o dono do cargo?
MGF Essa proposta não é uma invenção, nós tiramos de outros clubes que tem essa prerrogativa e quero dizer o seguinte: é preciso dizer que essa proposta de Estatuto é feita pensando no clube, não pensando nas pessoas. O presidente do Conselho hoje é Ruy Accioly e o mandato dele vai passar um dia. Ele vai sair e outros já passaram pela presidência do conselho. Por exemplo, Virgílio Elísio, hoje na CBF. Se essa proposta passar, Virgílio Elísio da Costa Neto se tornará conselheiro nato do clube para sempre. Se uma pessoa planeja, pensa, se dedica a vida inteira para assumir um dos postos mais importantes do clube, existem três: presidência da diretoria executiva, a presidência do conselho, e a presidência do conselho fiscal. Não é para uma pessoa, por exemplo. Se essa pessoa chegar a ser presidente do Conselho Deliberativo do Esporte Clube Bahia, nada mais justo, pelos serviços prestados que ele vai ter dentro do clube, que seja um conselheiro nato e se, obviamente, ele não for competente para o cargo, o próprio estatuto prevê, independente de ele ser conselheiro nato ou não, um rito processual que permite sua expulsão. O que a gente precisa é fazer com o que um cargo dessa natureza seja homenageado. A pessoa, independente de quem seja, se ela não fizer valer por isso, o Estatuto está lá e vai permitir que amanhã, ou daqui a 2 ou 3 anos, até com a pessoa fora do cargo, alguém que a pessoa perca esse título.
BN Continua indo de encontro a seu discurso democrático…
MGF Nós estamos falando de menos de 10 pessoas. Poucas pessoas passaram pela presidência da diretoria executiva, quanto do Conselho Deliberativo. Então, sete, oito, ou que sejam 10 pessoas, não vão interferir no Conselho Eleitoral de 50 mil, que é o que a gente espera que o Bahia tenha de sócios no futuro. Segundo: que essas pessoas sendo conselheiros natos não tenham privilégios na eleição. Para se candidatar, para votar, não tem peso maior como existem em outros clubes. Em outros clubes – eu poderia propor e não propus – o voto do ex-presidente vale por 10 em relação ao sócio. O conselheiro nato vota duas vezes. Nada disso a gente propôs. A única coisa é que, se o cara chegou a ser presidente do Conselho Deliberativo, chegou a ser presidente da Diretoria Executiva, chegou a ser presidente do Conselho Fiscal, nada mais justo que ele seja conselheiro nato do clube. Porque é um poder importante e existe em quase todos os outros clubes do Brasil. É preciso ter uma visão mais do clube, da instituição e menos das pessoas. Quando a gente tem uma visão em apenas direcionar para as pessoas, pode perder o foco em relação ao clube.
BN É inegável que existe um avanço, mas só porque o Estatuto do Internacional deu certo não quer dizer que funcione aqui. Não seria mais fácil adequar para a realidade do Bahia, que é completamente diferente da do Inter?
MGF O mecanismo é igual ao do Internacional, mas a prática é diferente. O do Internacional tem muito mais regras do que esse que a gente propôs. Por exemplo, no Inter, para você ser presidente, quando sai da eleição do Conselho para ir para a Assembléia Geral, tem que ser referendado pelos ex-presidentes. Ou seja, os ex-presidentes têm que dizer se você tem condição ou não de se candidatar. Isso é que é um filtro que não permite a democracia. No Bahia já não existe. Nós tiramos isso da proposta. O mecanismo é igual ao do Inter, mas é muito mais flexível do que o deles, sem dúvida nenhuma.
BN O senhor tirou esse filtro, mas deixou outros.
MGF Não existe filtro, existem regras. Essas regras, do jeito que propusemos, volto a repetir, permitem a renovação do Conselho, permite que o grupo que está no poder hoje perca o poder amanhã. Agora, o que as pessoas precisam entender, é que é preciso se organizar, é preciso ir disputar eleição no Conselho e, se disputar com essa regra que a gente propôs, você vai ter vaga no conselho, bastar ter 1% ou 2% dos votos. Ou seja, vai permitir que você entre no Conselho democraticamente sem nenhum veto e que trabalhe, ganhe a eleição e tome o poder. Então, na verdade, não há filtro. A discussão que está se colocando é o seguinte: qual tempo vai demorar para as pessoas verem a alternância. Uns querem entrar no poder de qualquer jeito. O que a gente está propondo é que haja uma possibilidade de uma discussão, de se haver eleição, de se haver oscilação no Conselho, de se haver oscilação na Assembleia Geral e que as pessoas se organizem e consigam fazer isso. O que eu acho muito ruim para o Bahia, e isso não vou propor, é que haja eleição sem nenhuma regra. Ou seja, haja uma eleição que o associado se associe hoje e daqui a 6 meses ele se candidate a presidência do Bahia, sem ter passado pelo Conselho, sem ter cumprido nenhuma regra mínima. Eu acho que é muito ruim para o clube e em nenhum clube do Brasil não pode ser assim e no Bahia também.
BN Outra crítica é que houve precipitação no lançamento do programa de sócio-torcedor antes mesmo da aprovação da Assembleia.
MGF Nós vamos, inclusive, lançar um novo programa de sócios agora em janeiro. Estamos trabalhando para isso e dizendo de forma clara para o sócio que o associado terá direito a voto desde que a Assembleia Geral aprove o novo Estatuto. O associado corre o risco de perder uma motivação a mais, que é ser sócio para votar. Agora, mesmo que isso aconteça, vamos continuar querendo que o associado venha para dentro do clube, porque no São Paulo não tem eleição direta, por exemplo, e tem milhares de sócios. O Palmeiras não tem eleição direta e tem milhares de sócios. Então esse é um motivador a mais, uma coisa a mais que estamos propondo para aprovação pelo Conselho Deliberativo para dar para o associado. Eu acho o plano de sócio que nós lançamos esse ano terminou também não dando certo porque o time foi muito mal. Na semana que a gente começou a lançar o programa, o time teve uma sequência de derrotas seguidas e entrou numa situação difícil. O próprio Bahia tirou o programa do ar. Tirou as propagandas porque não adiantava lançar naquele momento porque o time estava muito ruim.
BN Por que Wellington Cerqueira deixou a vice-presidência de patrimônio?
MGF Estava muito sobrecarregado, tinha alguns assuntos pessoas e profissionais que estavam sobrecarregando, mas continua conosco. Continua nos ajudando. Eu o nomeei inclusive consultor, até porque estava nos ajudando em outros aspectos que não só o patrimônio. Não foi uma perda, pelo contrário, estamos firmes e fortes ele está aí à disposição para ajudar o clube. Sempre colocou isso e nós ganhamos dois reforços de peso. O Valeriano, que nos ajudou muito esse ano, tem sido um grande parceiro do Bahia e nada mais justo do que fazer essa homenagem a ele assumindo a vice-presidência de patrimônio. É um cara que está no Fazendão três, quatro vezes por semana ajudando o Bahia em todos os sentidos. Ivan Durão, que também é um cara que nós já conhecíamos de outras militâncias no Bahia, Fonte Nova, de Pituaçu, de conversar sobre Bahia. É uma pessoa muito bem relacionada, que vai nos ajudar muito fazendo essa parte de relações públicas, envolvido até com marketing. Não assumiu ainda a vice-presidência de marketing, mas uma coisa é muito relacionada com a outra e ele vai nos ajudar.
BN Sobre o marketing, o que tem de concreto com Duda Mendonça?
MGF Na verdade não tem nada de concreto em relação a Duda Mendonça. A gente tem aí 45 dias procurando conversar com esses profissionais de marketing. Duda Mendonça é um baiano de sucesso em sua área, a gente fez uma visita a ele, que nos recebeu e foi muito cortês. Tivemos apenas uma conversa inicial sobre o Bahia, sobre os nossos planos e conversamos sobre o clube, mas não tem nada de concreto, muito pelo contrário, está muito distante da possibilidade de Duda Mendonça estar integrado ao clube. Até porque ele tem uma série de atividades, é um homem muito ocupado. Apenas batemos um papo para entender o que ele pensa do clube e nos dar algumas sugestões e vamos continuar aí prospectando no mercado como a gente tem feito, conversando com muita gente. Mas é difícil tirar um profissional que queira se dedicar ao Bahia, que queira estar no dia-a-dia, que possa indicar alguém, mas nosso trabalho é continuar tentando.
BN Como anda o projeto do novo Centro de Treinamento?
MGF Nós estamos prospectando terreno. O terreno que nós havíamos conseguido, inclusive, fechar negócio para a compra, mas terminou não se mostrando viável para construir. Então buscamos outros terrenos. Tem sido difícil encontrar terrenos que sejam viáveis para construir. Estamos nessa fase de prospecção de busca nas redondezas daqui de Salvador, mas até agora não conseguimos terreno viável.
BN E a desapropriação da sede de praia? Algum prazo para o recebimento das transcons?
MGF O processo está correndo na prefeitura. É um processo realmente burocrático, que demanda tempo. A gente tem cobrado do prefeito João Henrique que acelere esse processo. Ele tem mostrado boa vontade, tem entendido a pressão que a torcida tem feito, que os grupos organizados têm feito. A própria diretoria tem nos cobrado uma posição. A posição melhor para o clube no momento é a desapropriação e o prefeito sabe disso, mas é um processo interno da própria prefeitura, que demora. E, quando assinarmos o acordo, a minha pretensão é fazer um plano de gastos e apresentar ao Conselho Deliberativo para que ele tome conhecimento do que a gente pretende fazer com esse dinheiro. Vamos frisar que o Bahia receberá esse dinheiro parceladamente, mas a idéia é apresentar para o Conselho Deliberativo um plano de pagamento e utilização desses recursos.
BN Pretende usar esse dinheiro para aumentar a sociedade em um dos dois projetos de estádio, o Lusoarenas e a nova Fonte Nova?
MGF Não. Acho que a gente deve usar esse dinheiro para melhorar nossa infra-estrutura, na construção de um novo centro de treinamento. Existe uma projeto com a OAS, que é nossa parceira, que levará a frente esse novo CT, mas vai levar, no mínimo, dois anos para sair do papel. Enquanto isso, temos que investir no Fazendão e no time. Sou contra pagar dívida. O Bahia não deve pagar dívida, a gente deve alongar ao máximo o que devemos e tentar chamar os fornecedores para equacionar isso, mas a nossa idéia é, realmente, investir no time também. É um investimento fazer o time subir para a Série A. O ganho intangível que isso tem de satisfação com o torcedor não é nem mensurável e o ganho financeiro é muito grande. Com o Bahia subindo para a séria A, vamos aumentar, e muito, o nosso orçamento. Então eu acho que o foco tem que ser esse e é esse o projeto que a gente quer apresentar.
BN Esperava uma reação tão forte à contratação de Renato Gaúcho como técnico?
MGF Eu lhe confesso que a gente não imaginava uma repercussão como essa. Um treinador de Primeira Divisão, um treinador vice-campeão da Libertadores, vice-campeão da Copa do Brasil, um cara de nome no Brasil inteiro. Mas eu, sinceramente, não esperava essa repercussão que teve. Foi muito bom isso, foi muito positivo, porque o Bahia voltou ao cenário nacional, o Bahia foi falado por 48, 72 horas. Contratei o Renato pensando que isso iria abrir porta para a gente montar um bom time. Nossa idéia é contratar quatro a cinco jogadores de qualidade para a gente não errar tanto como erramos em inúmeras contratações no ano que passou. Com o nome dele, com o passado dele no futebol, pode nos ajudar, sem dúvida nenhuma. O Bahia contratou o Renato pensando apenas no aspecto técnico, uma pessoa que tem toda a condição de passar para nossos jogadores como se comportar em campo. Espero que ele tenha sucesso em 2010.
BN Com a chegada de Renato, o orçamento antes previsto para R$ 400 mil/mês será esticado?
MGF A gente continua com a mesma meta. Quando se falou em 400 mil, obviamente, é um número de referência que pode ser para mais ou para menos, mas a gente vai manter esse mesmo ritmo no planejamento. Fizemos um esforço realmente em trazer o Renato, mas a faixa salarial da comissão dele para as outras comissões que passaram por aqui, por exemplo, nós podemos equacionar não trazendo dois ou três jogadores. Ou seja, o número dos jogadores que a gente trouxe acabou estourando o orçamento. Se formos felizes nas contratações, podemos manter o mesmo orçamento sem problemas. É só não errarmos tanto nas contratações que a gente vai conseguir equacionar o nosso orçamento. No Campeonato Brasileiro, o orçamento será em torno de R$ 700 mil. Ele já está pronto. Agora, a gente precisa trabalhar para aperfeiçoar as receitas, para que o orçamento melhore e trabalhar com criatividade, isso vai ser muito importante em 2010.
BN O Renato tem uma relação muito próxima com a Unimed. Já existe alguma conversa para que ela vire parceira do Bahia, assim como é do Fluminense?
MGF Eu não posso dizer que não vai acontecer no futuro, mas não tem nada a ver uma coisa com a outra. Nós não conversamos sobre isso. A Unimed não participou da contratação de Renato. Agora, a Unimed gosta muito do Renato como treinador, se identificam muito bem. Pode ser que daí surja alguma coisa para o futuro, mas não tem nenhum compromisso em relação a isso.
BN Mudando de assunto, 2010 é ano eleitoral. Como o senhor pretende se dedicar a campanha para se manter como deputado federal e ao Bahia?
MGF Na verdade, quando começar o processo eleitoral vou me dedicar à eleição, mas tem um profissional que está nos ajudando, que é Elizeu Godoy. Não é um cara do dia a dia do futebol, mas entende muito de futebol e a cada dia tem nos surpreendido positivamente. Acho que nos próximos seis meses ele vai estar pronto para nos ajudar mais ainda do que está hoje e está suprindo as nossas necessidades com competência. Nós pensávamos em trazer um profissional de fora da Bahia, mas se tornou cada vez mais difícil pelo salário que os profissionais pedem, pela realidade do Bahia hoje e também pela falta de identidade. A gente trazer um profissional de fora, sem intimidade com o clube, terminou pesando nessa decisão de manter o Eliseu, que tem essa identidade e surpreendido positivamente. Eu acredito que ele vai nos ajudar bastante.
BN O senhor falou que pretende contratar quatro ou cinco jogadores. Quais as posições?
MGF Dois meias, um lateral esquerdo e talvez dois atacantes é que a gente precisa de fundamental. Já temos uma base forte com as renovações que fizemos e os jogadores que já eram da casa. Agora, com a confirmação do Renato, vamos partir para essas contratações, que têm de ser qualificadas, para entrarmos no Campeonato Baiano com um time muito forte.
BN Qual a situação de Rogério e Ávine, que foram dispensados por indisciplina do Santo André?
MGF Voltam porque têm contrato. A depender, podem estar aqui conosco para disputar o Baiano.
BN Mas a intenção é emprestar esses dois jogadores?
MGF O Bahia não tem nenhum problema em emprestar.
BN Você fala em contratar um lateral esquerdo, mas a primeira contratação do Bahia foi Daniel e o senhor não tem citado ele em suas entrevistas.
MGF Ele vem fazer parte do nosso grupo. Fez uma boa passagem pelo Bahia. Agora a gente vai focar nessas quatro ou cinco contratações necessárias. Lateral esquerdo é uma posição difícil no Brasil. Hoje não temos lateral esquerdo no Brasil, é a posição mais carente do futebol brasileiro. Espero que Daniel tenha sucesso aqui no Campeonato Baiano e que a gente possa renovar o contrato dele.
BN Durante sua campanha, o senhor prometeu divulgar no site oficial a cada três meses todo o balancete financeiro do clube. Por que isso só ocorreu no 1º trimestre?
MGF Nós ainda não conseguirmos fechar. O nosso contador ainda não fechou o nosso balancete do segundo semestre. A garantia é que a gente vai publicar assim que estiver pronto esse balancete. É algo natural nas contas de uma empresa que fatura relativamente alto, como é o caso do Bahia. Então acredito que, até o final de dezembro, vamos publicar esse balancete.
BN No dia da apresentação do Elizeu Godoy, o senhor afirmou que o Bahia estaria pulando etapas se subisse esse ano. A declaração causou muita polêmica. O senhor mantém o pensamento ou apenas estava justificando o insucesso na temporada?
MGF Eu volto a repetir: uma pessoa que preside um clube grande como o Bahia precisa ter coragem para fazer suas afirmações. Mas, o que eu quis dizer é que, quando eu cheguei ao Bahia em dezembro, não tinha academia, não tinha departamento fisiologia, não tinha departamento de fisioterapia, muito aquém do que um time de Série A merece, fora os outros investimentos que fizemos. Naquela oportunidade em dezembro e janeiro, a pessoa que visitasse o Fazendão não poderia imaginar que o Bahia quisesse subir para a Série A. Um clube que não tinha academia, que não tinha fisiologia, realmente não era um clube que estava trabalhando para subir para a Série A, foi isso que eu quis dizer. Subir naquelas condições seria queimar etapas porque vimos diversos clubes subirem sem terem isso e no outro ano caírem. Vimos, por exemplo, clubes serem campeões da Copa do Brasil e depois sumirem. Por exemplo, o Brasiliense, que disputou final da Copa do Brasil e hoje está penando na Série B. Tenho certeza que é porque não tem estrutura. Se tivesse estrutura tinha se mantido na Série A. O Avaí, por exemplo, se manteve na Série A porque já vem fazendo um trabalho de longo prazo e já tem certa estrutura que se mantém. Foi isso que eu quis dizer, não que eu quisesse que o Bahia não subisse ou não trabalhasse para subir, muito pelo contrário.
BN E agora, mantém o pensamento, acha que o Bahia ainda não tem condições de se manter na Série A, caso suba?
MGF Eu acredito que esse ano será diferente, sim. Acho que esse ano já fizemos investimentos necessários em infra-estrutura. Começaremos o ano já com uma base montada, com outra realidade, passando as dificuldades financeiras, que são naturais, mas com outra realidade quanto a estrutura. A cobrança da torcida do Bahia vai existir sempre e vai ser sempre grande estando o Bahia com estrutura ou sem estrutura. A torcida quer é estar na Série A, subir e ganhar títulos. É isso que precisa. Então eu espero que a torcida cobre, como ela vai continuar cobrando, que eu tenho certeza no segundo ano de mandato, o resultado dos trabalhos já vão aparecer.
BN Para finalizar, vai ou não vai raspar a cabeça?
MGF A gente fez essa brincadeira com os meus amigos do blog BBMP. Estou esperando os compromissos terminarem na Câmara dos Deputados para cumprir a promessa. Falta pouco (risos).
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