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“Qual a graça do Bahia sem o menino Gabriel?”

Notícia
Historico
Publicada em 11 de janeiro de 2013 às 08:22 por Da Redação

De Mariana Rios, jornalista e subeditora do Correio*, excepcionalmente para o exemplar desta sexta-feira:

“Antes mesmo de saber do desfecho, afirmei: se venderem o menino Gabriel não quero mais saber do Bahia. O menino franzino, de passes rápidos, diferente dos marrentos mastondontes do time. Nunca fui tricolor, registre-se. Era para ele que eu torcia – mesmo que não vestisse a camisa de meu time. Respeitava o menino.

Leve e ágil, no seu desajeito, coberto com a camisa tricolor que nele parecia uma mortalha, passava aquela imagem de um futebol diferente, de um esporte que para mim nem existe mais por aqui.

É como ver em sua fragilidade alguma essência perdida. Sei lá, vai entender, mas me passava a imagem de uma versão meio pueril deste esporte de máfias, combinações e mercenários reunidos numa lavanderia.

Peço desculpa à crença e ao brio alheio pela minha ignorância e o trato pouco fino pra com o assunto.

Gostava de vê-lo jogar porque ele desmentia essa minha ideia, desmentia essa minha ideia, desconstruía meus preconceitos. Parecia não ter vestido a carapaça, embrutecido, acreditava ser capaz de qualquer coisa, acreditava que o futebol vale a pena. Com nome de anjo, era enfim o milagre que o Bahia precisava. Não pôde carregar todo o time nas costas, mas dividi com os tricolores a esperança verdadeira daquela redenção.

Levava o time pra frente, empurrava, era derrubado, errava, voltava, apanhava, gritava. Aprendi a torcer por ele e me sentia um pouco o menino Gabriel. Ele era diferente no pelejante futebol baiano.

Para quem está esperando números, percentagens, referências a lances únicos, pode parar de ler. Era empatia genuína mesmo pelo melhor jogador do Campeonato Baiano (que serve pra quê?).

Mas menino Gabriel entra em uma outra engrenagem aos 23 anos (completos no domingo). Nascido e criado no Jardim Cruzeiro, bairro da periferia de Salvador, foi descoberto no Campo do Lasca, na Ribeira, de onde partiu para a divisão de base do Bahia. Dizem que foi descoberto pelo presidente do Bahia, Marcelo Guimarães Filho, que agora enrola sobre a divisão de direitos econômicos do menino Gabriel.

No time passou a ganhar pouco mais de R$ 35 mi. Deve faturar agora cerca de R$ 100 mi mensais no Flamengo, onde fica os próximos cinco anos.

No anúncio feito ontem no site do time carioca, a contratação é justificada como “investimento em jovens talentos”.

Os times daqui não pensam assim. Pegam os meninos, treinam e repassam. Afinal, vai dar dinheiro e o troco é gasto para contratar os que ninguém mais quer, na promoção, supersaldão da fila do INSS do esporte.

A diretoria do Bahia vai contra mais de 80% dos torcedores que não queriam a negociação (em enquete realizada pelo ecbahia.com, maior site da torcida tricolor). E um abaixo-assinado continuava mobilizando a torcida para a permanência do jogador. Penso que talvez o Rio faça bem ao menino Gabriel. Vai tomar caipisaquê no Astor, frequentar os bailes funks, circular em festas de um famoso condomínio na Barra da Tijuca. Companhias não vão faltar. Boa sorte, menino Gabriel.

PÁGINA MUSICAL – Para a diretoria do Bahia, ofereço essa singela canção: o samba Deixe a Menina, de Chico Buarque. É oportuna a reflexão, embora em gênero oposto, para que deixassem o menino jogar em paz.”

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