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Quem é quem na concorrência da nova Fonte Nova

Notícia
Historico
Publicada em 16 de maio de 2008 às 13:47 por Da Redação

O destino da Fonte Nova está nas mãos de sete empresas. Quatro brasileiras e três estrangeiras. Tem uma vizinha, da própria Salvador. E tem também das distantes Suíça e Alemanha.

Os ramos, idem, são completamente diferentes. Além das especializadas em obras, construções, arquitetura e engenharia – como não poderia deixar de ser –, duas consultorias com atuação internacional surgem no meio do bolo, para incompreensão até mesmos dos concorrentes.

Nenhuma delas, diga-se, quis se pronunciar sobre o assunto. O que só aumenta a pulga na orelha e o sentimento de que devem estar extremamente equipadas nos bastidores. Investidores gringos, e pesados, no mínimo.

Depois de um período de 45 dias em que o governo da Bahia recebeu as manifestações de vontade de oito companhias, sete foram autorizadas, semana passada, para apresentar “estudos que servirão de subsídios para o novo modelo institucional, de regime de gestão e de operação do Estádio Octávio Mangabeira e o seu entorno”.

A germânica GMP International teve o pedido negado por não atender a todos os requisitos exigidos pela seleção. Sobraram o Consórcio Plurisport; a KPMG SF; a Urplan Grupo de Planejamento, Urbanismo e Arquitetura LTDA; a Tecnosolo S.A.; a Setepla Tecnometal Engenharia LTDA; a Ernst & Young Associados e a Ponto Z Arquitetura, Paisagismo e Consultoria. Ganharam outros 45 dias, desta vez úteis, para enviarem os trabalhos. Sete de julho desponta como prazo fatal.

IMPLOSÃO – A representante local da história é a Urplan, sediada na Avenida Oceânica, nem tão longe assim da Fonte Nova. O que mais chama a atenção é que um de seus sócios-diretores é justamente o arquiteto alemão Carl Von Hauenschild, figurinha carimbada nos noticiarios após a tragédia que vitimou sete torcedores do Bahia no estádio, dia 25 de novembro último, na partida que selou a classificação tricolor à Série B do Brasileirão.

À época, cansou de se posicionar contra o anúncio do governador Jaques Wagner, menos de 48 horas depois do desabamanto da tal laje de 5 x 0,8 m da arquibancada superior, quando prometeu demolir ou implodir a praça esportiva inaugurada em 1951. Achava precipitado… um desperdício. E absurdo. A medida atenderia exclusivamente a interesses da iniciativa privada.

Apesar disso, prefere manter as coisas em sigilo. “É preciso ter muito cuidado. A gente entrou na corrida, mas não sabe ainda o andamento que esses estudos vão ter”, diz Carl, explicando que o discurso enquanto representante do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco), autor de um trabalho que considerou, em outubro de 2007, o estádio como o pior do País, pode ser diferente do exposto na condição de empresário.

“A gente defende uma solução que não desperdice o patrimônio público. Fazendo as contas, dá para ver que uma implosão seria mais cara”, acrescenta, preocupado na verdade com os critérios a serem adotados pelo Grupo de Trabalho da Copa de 2014 na eleição do melhor projeto.

Não há maiores especificações no edital, que se limita a falar em sustentabilidade econômico-financeira, legal e ambiental. Ademais, segundo a assessoria de comunicação da Setre, não existe a obrigação de se aproveitar a totalidade do estudo. Pode ser parte de um, parte de outro.

O sentimento é o mesmo do presidente do Conselho Deliberativo da Tecnosolo, Márnio Camacho, que vê na Arena Multiuso construída pela empresa, “em tempo recorde” para o Pan do Rio, um de seus trunfos. Diretor da Setepla, Carlos Hirsch aposta na parceria com uma das responsáveis por obras da Copa de 2006 para levar a concorrência.

A reporagem não conseguiu informações aprofundadas das demais. A definição das sub-sedes do Brasil 2014 ainda não tem data prevista, assinala a CBF. Conheça as empresas:

SETEPLA
– Com escritórios no Eixo Rio/SP, a empresa atua há 40 anos em consultoria, projetos e gerenciamento de empreendimentos nas áreas de transporte, indústria, energia, telecomunicações, meio ambiente e urbanismo. Em Salvador, possui um pessoal de apoio
– Confia na parceria com um dos grupos alemães responsáveis pela Copa de 2006. A AWD Arena, em Hannover, foi feita por eles

TECNOSOLO
– Sediada no Rio de Janeiro, atua com construção civil e serviços especiais de engenharia. Trabalha no ramo desde 1957 e é uma das empresas que está por trás das obras do metrô de Salvador
– Gaba-se de ter projetado, construído e operado a Arena Multiuso do Parque Olímpico do Rio de Janeiro, destinada aos Jogos Pan-Americanos do ano passado, onde houve provas de ginástica olímpica e basquete

URPLAN
Única baiana do grupo, com sede na Avenida Oceânica, em Salvador, é uma empresa de planejamento, urbanismo e arquitetura com mais de 20 anos de experiência
Um de seus sócios-diretores é justamente o alemão Carl Von Hauenschild, voz ativa após a tragédia da Fonte Nova, por ser um dos representantes do Sinaenco, sindicato que havia condenado o estádio

ERNST & YOUNG
– Multinacional com 114 mil profissionais espalhados por 140 países, presta assessoria a empresas que atuam nos mais diversos segmentos, com o objetivo de identificar e capitalizar oportunidades de negócios para elas, segundo informa o seu site oficial. Uma das filiais é na capital baiana
– Não se tem notícia de que já tenha trabalhado alguma vez com edificações esportivas

KPMG
– De origem suíça, é outra que atua na área de consultoria. De acordo com a sua página na internet, auxiliou as demonstrações financeiras do exercício 2005 de aproximadamente 7 mil companhias da Europa, Austrália e África do Sul, além de 40% das empresas brasileiras. Não possui escritório na Bahia.
– Também nunca se envolveu com empreendimentos esportivos

PLURISPORT
Consórcio de oito empresas, cuja líder é a Pluribank S/A, tem origem germânica. Foi a última das sete a apresentar documentação para participar da “concorrência” do novo projeto do Estádio Octávio Mangabeira, por isso conta com um dia a mais em relação as concorrentes.

PONTO Z
Sediada em Pernambuco, surge como uma completa incógnita na parada, já que não possui site na rede mundial de computadores e o telefone que consta na papelada da Secretaria de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado da Bahia (Setre) não funciona

Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição desta sexta-feira 16/05/2008 do suplemento A Tarde Esporte Clube

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