Terça-feira passada, uma declaração do capitão da seleção de Costa do Marfim, Didier Drogba, repercutiu em todo o mundo ao afirmar que existe discriminação na maneira com que os clubes europeus tratam os atletas africanos. Quatro dias depois, eis que uma notícia de natureza similar surge no futebol da Bahia, o mais negro Estado do Brasil.
A bola rolava no triunfo de virada do Esquadrão sobre o Vitória da Conquista, no Estádio Lomanto Júnior, quando o atacante tricolor Reinaldo Aleluia teria chamado o adversário Tatu de macaco. Segundo o zagueiro Artur, o colega de equipe chegou a chorar no vestiário, antes de voltar a conversar com Aleluia em campo, onde este teria assumido o xingamento, apesar de alegar estar de cabeça quente no momento do insulto e que aquilo não daria em nada.
Foi o suficiente para o artilheiro conquistense, encerrada a partida, procurar uma delegacia da cidade e prestar depoimento. Prontamente intimado para responder pelo suposto crime de injúria (ofender a dignidade ou decoro de alguém), só que de cunho racial, o que aumenta a penalidade, Neinha negou a história e terminou liberado, em seguida.
Acompanhado pelo advogado Marcos Souza, que chefiou a delegação azul, vermelha e branca, ele teve o procedimento adiantado graças à ausência de um delegado plantonista no local. O grande efetivo deslocado a Salvador, por conta do Carnaval, apareceu como justificativa.
Presidente do alviverde, o ex-jogador Ederlane Amorim, porém, garante que levará o episódio adiante. Seu Departamento Jurídico já foi acionado. Se o processo realmente for instaurado, Aleluia pode pegar de um a três anos de prisão.
Ao retornar à capital baiana, o vetarano de 35 anos reassegurou ser inocente. Como eu falaria isso se também sou negro?, não cansou de repetir.
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