Encerrado o julgamento do goleiro Renê, flagrado em exame antidoping, no Superior Tribunal de Justiça Desportiva, no Rio de Janeiro. Ao lado de sua esposa, do médico e do advogado do Bahia, o atleta ouviu sua sentença de condenação de um ano. Como ainda cabe recurso ao Pleno, o departamento jurídico do clube pretende entrar com um pedido de efeito suspensivo até que este novo julgamento aconteça.
O arqueiro foi julgado no artigo 2.1 (presença de uma substância proibida em uma amostra colida) do Código Mundial Antidoping, após ser flagrado por usa da substância Furosemida, na partida contra a Portuguesa, no dia 28 de agosto. Após sair o resultado do exame, Renê cumpriu a pena automática de 29 dias.
Ao começar a sua defesa, o goleiro disse que, em 15 anos de carreira, nunca teve problema com doping. “Na semana do jogo com a Portuguesa aconteceu o doping. No jogo da Ponte Preta fui comunicado sobre isso e fiquei surpreso, sem chão. Nunca imaginava que isso ia acontecer na minha carreira. Sempre aconselhei os jogadores quanto a isso e acabou acontecendo comigo”, disse, explicando em seguida como soube mais detalhes do caso.
“Liguei para a minha casa para saber quais remédios tínhamos e minha esposa me disse os nomes. Naquele momento fiquei nervoso, porque, com 33 anos, a minha carreira pode ter acabado”, prosseguiu Renê, muito emocionado, tendo que interromper seu discurso ainda chorando.
“Quando minha mulher me disse que sempre me dava essa medicação, no calor da emoção disse que ela acabou com a minha carreira”, lembrou o goleiro, completando que usava o remédio há cerca de oitos anos, e que ele tem picos de dor de cabeça, que vem de histórico familiar, com muitos casos de hipertensão. Renê alegou ainda que na Série B deste ano já participou de três exames de dopagem, além de uma vez no Campeonato Paulista, quando defendia o Mirassol.
Roberta, esposa do jogador, afirmou que a indicação foi feita por sua sogra, para quando o jogador sentia dores de cabeça. “Estou me sentindo péssima, porque não é fácil pensar que posso ter prejudicado a carreira dele, justamente agora que ele conseguiu estar num time de grande torcida. É difícil para mim ter minhas filhas cobrando que os coleguinhas da escola perguntam porque a mamãe foi dar remédio para o papai”, contou durante o depoimento.
Ela afirmou ainda que não consegue imaginar a possibilidade de Renê ficar suspenso por dois anos, ressaltando que o jogador não tomou o medicamento para mascarar o uso de qualquer substância proibida ou para ter uma melhor performance em campo, garantindo desconhecer que o medicamento seja diurético.
O relator Marcelo Tavares ratificou que não houve dolo, mas que como julgador tinha que abandonar o lado emocional para analisar o caso. Tavares disse que Renê assumiu um risco muito grande em não falar com o médico do clube sobre o remédio, principalmente após a palestra que teve no clube. O auditor votou pela suspensão de Renê por um ano. Foi então que o goleiro se emocionou e, em voz baixa, desabafou que a sua carreira havia acabado.
Os auditores Francisco Pessanha e Jonas Lopes acompanham o voto do relator. Já o presidente Paulo Valed Perry, último a votar, disse que todos os auditores se envolveram com o lado emocional do processo, e que foi levada em conta, na decisão, a responsabilidade do atleta. Assim, foi ainda mais duro e votou por dois anos de suspensão a Renê, sendo voto vencido.
*Com informações do site Justiça Desportiva
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