O educador, apresentador de TV, escritor, poeta e compositor Jorge Portugal, flamenguista no Rio, escreveu um belo artigo para o jornal A Tarde desta terça sobre a paixão pelo Esquadrão. Confira e mostre a seus amigos, tricolores e não-tricolores:
“Torço pela torcida do Bahia
Não sou torcedor do Esporte Clube Bahia. Os que me conhecem e muitos que não sabem que meu time do coração é o Ypiranga, meu amarelo e preto/ meu time do peito…. Fora da Bahia, meu coração bate forte pelo Flamengo, e pela Seleção Brasileira não consigo me interessar, de verdade, desde 1982.
No duro, no duro, parei na de 1970. Era um time ou uma orquestra? Era um sonho que jogava futebol… Mas torço ardorosamente é pela torcida do Bahia, esse personagem coletivo, que já deveria ter ganhado as páginas de um romance, ou alguma tese de mestrado universitário. Entusiasmo, paixão, fanatismo, delírio, criatividade e, principalmente, fé. Fé cega, inabalável. Acredito piamente que a torcida do Bahia tem mais fé no seu time do que diversas correntes religiosas no seu deus.
Formada esmagadoramente pelas camadas mais populares e excluídas do nosso tecido social, a torcida do Bahia precisa do seu time para continuar vivendo e lutando. Essa parte do povo a quem faltam boas escolas, bons empregos, oportunidade de ascensão, protagonismo social e até consciência de sua grande força política aferra-se ao seu Esquadrão de Aço para sentir-se campeã ao menos em alguma coisa, quer seja um certame esportivo.
E, então, toda a vida do Estado passa a depender da dinâmica dessa monumental torcida. O Bahia perdeu, a Bahia amanhece triste; o Bahia ganhou, a Bahia acorda eufórica, ou nem dorme direito. Foi assim na conquista de dez dias atrás. Bahia campeão após 11 anos sem título estadual. A manhã de segunda-feira parecia manhã de domingo: cidade ainda vazia, nenhum engarrafamento, e quem transitava na rua exibia sua pele de três cores. Pensei: a turma deve estar dormindo da comemoração de ontem! Como o chefe da repartição também deve ser Bahia, decretou ponto facultativo matutino para quem pulou e brincou a madrugada inteira!.
Não à toa essa torcida-nação ganhou do gênio de Adroaldo Ribeiro Costa o mais belo poema convertido em hino de futebol: Somos do povo o clamor/ Ninguém nos vence em vibração. Mais um, Bahia! Desde que não seja contra o meu Ypiranga, é claro.”
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