De Flavio Novaes e Eduardo Rocha, do Correio*
No lugar do debate livre, da participação da torcida e de uma grande festa democrática, o jogo de gabinete. Ontem, a sucessão do Bahia voltou a entrar em campo, nos carpetes das salas de ar-condicionado, com novas manobras de bastidores.
A novidade foi o depoimento do advogado Celso Castro, que assessora o ex-presidente Paulo Maracajá no processo de escolha do novo mandatário do clube. Professor de direito administrativo, o advogado afirma que o deputado federal Marcelo Guimarães Filho não pode ser o novo presidente do Bahia em virtude de sua condição de parlamentar que o impede, por exemplo, de firmar contratos com instituições públicas. “Além disto, os deputados têm imunidade parlamentar pelo que fazem ou dizem. Caso xingue um árbitro e vá a julgamento, o que o tribunal esportivo vai fazer?”, perguntou Castro a um site de Salvador.
O questionamento surge dois dias após o anúncio da possível candidatura de Guimarães Filho. A decisão teria sido uma contra-ofensiva do ex-presidente, que ainda busca um sucessor para Petrônio Barradas. Na terça-feira, Maracajá afirmou desconhecer E não ter sido convidado para a reunião que deu contorno à possível candidatura do deputado federal. Um racha histórico. Maracajá e Guimarães Filho foram procurados pela reportagem, mas não atenderam as ligações até às 20h30 de ontem.
Em meio à confusão o, mais um candidato. Sócio do clube desde 1963, o engenheiro civil Rui Cordeiro diz ser o mais preparado para a presidência. Já foi membro da direção tricolor.
O senhor é candidato de que corrente política?
Não sou um nome de A, B ou C, minha candidatura é independente. Não pretendo assumir nenhum cargo no Bahia. A proposta inicial é que haja um debate entre os pré-candidatos. Uma troca de idéias para que as pessoas possam saber quem conhece o clube. Não tenho o menor receio de participar. Para mim, só quatro pessoas estão preparadas para assumir o Bahia: RuiCordeiro, Fernando Schmidt, Virgílio Elísio e Paulo Maracajá. Fora desses, é uma tentativa de dar certo. O presidente precisa ser alguém legítimo, totalmente integrado ao Bahia.
Nesse critério, o presidente não pode ser apenas um administrador ou legislador?
As candidaturas de Reub (Celestino) e Marcelinho (Guimarães Filho) são artificiais. Eles não têm nada a ver como Bahia. Gilberto Bastos é meu amigo. Inclusive, conversei com ele. Na Dificuldade que o Bahia passa, só alguém que “seja” o Bahia.
Quais seus projetos para o clube?
Eu tenho o projeto Grande Bahia pronto, encadernado. Não foi feito só por mim, mas por um grupo de vários tricolores. O item principal é eleição direta. Não sou contra o parlamentarismo, Mas a torcida quer. Minha idéia seria fazer um mandato de transição, um ano, e depois poderia até ser candidato. Também precisam os enxugar o conselho. É muita gente e é preciso reformular o patrimônio do clube.
O senhor pretende entrar no clube e olhar para trás, tomar par do que foi feito nas gestões anteriores?
Acredito que você foi no âmago da questão. Ninguém pode entrar para administrar algo sem saber o que está encontrando. Isso seria leviano. Minha idéia não é colocar alguém no Pelourinho, mas vou fazer um levantamento. Tem que se apurar por que aconteceram as coisas. Tem gente que diz ter dinheiro lá. Vamos ver. Eu tinha dinheiro no clube na época do Opportunity e fui lá conversar com eles. Dividiram em seis vezes e pagaram. Quem tiver dinheiro lá vai receber até o último centavo, mas vou negociar. Essa coisa de dar calote não é comigo.
Falando em Opportunity, o senhor pretende rever o distrato?
Tenho o melhor trânsito possível com Jorge Goldstein (representante do Opportunity). Daniel Dantas foi aluno de meu irmão. A idéia é negociar com eles. Não abro mão de desfazer a sociedade. Quero rever o acordo do distrato. Não dei meu aval a esse. Todos os contratos serão revistos.
Pensa numa auditoria?
Auditoria soa como se estivesse desconfiado… sou engenheiro, vou fazer o “levantamento topográfico” do terreno. Acredito que Petrônio (Barradas) não vai se negar a me entregar nada. Vou abrir licitação pública para fazer qualquer coisa. Abrir concorrência. Pretendo terceirizar essas vice-presidências. Tudo profissional.
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