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Sacha se defende de críticas em entrevista

Notícia
Historico
Publicada em 18 de setembro de 2013 às 09:11 por Da Redação

O ex-diretor de Marketing do Bahia, destituído pela intervenção judicial ocorrida no clube, concedeu entrevista ao jornal Correio* desta quarta-feira. Nela, Sacha Mamede -apontado por muitos como mais um torcedor do rival de Canabrava dentro da antiga Gestão do clube- apresenta suas justificativas para o desempenho ruim de um dos setores mais criticados do clube. Veja a entrevista na íntegra:

“O ex-vice-presidente de marketing do Bahia, Sacha Mamede, foi alvo de constantes críticas de torcedores do Tricolor durante os três anos em que atuou no departamento. As principais críticas e reclamações são por conta do baixo número de ações de marketing desenvolvidas com a marca do clube.

Destituído da vice-presidência durante o processo de intervenção, Sacha ainda não foi desligado formalmente do clube. De acordo com o antigo estatuto, os vice-presidentes não deveriam ser remunerados, mas Mamede constava na folha de pagamento do Bahia como diretor de marketing, de acordo com o relatório da auditoria realizada pela empresa Performance no Tricolor.

Sacha conversou com o Correio24Horas, se defendeu das acusações de que investiu pouco na marca do clube e justificou o pouco investimento do clube no setor de comunicação.

Sacha, você acha que durante este período em que você esteve à frente do Bahia, a marca do clube foi bem explorada pelo marketing?
Eu vejo muita gente pensando, e aí logicamente que me refiro às pessoas que não tem nenhuma profundidade no assunto, que marketing é vender caneca com a marca do Bahia ou uma camisa especial e alusiva, etc. Marketing é muito mais que isso. Como o próprio presidente (destituído, Marcelo Guimarães Filho) sempre falou, eu acho que a gente poderia melhorar e tem muito a melhorar ainda, mas existem dificuldades também de prioridade de coisas, que a gente acaba atropelando e comprometendo de alguma forma o nosso trabalho no final.

O departamento de marketing do clube tinha um número grande de funcionários?
Não. Era uma equipe pequena. Cinco ou seis pessoas, no máximo. Isso não é muita gente para um departamento de comunicação.

Para fazer marketing é necessário que exista dinheiro para trabalhar. Em algum momento faltou esse apoio financeiro por parte da direção do Bahia?
Em muitos momentos, sim. Várias vezes.

Então o motivo da baixa quantidade de ações promovidas pelo clube se deve a isso?
Em vários momentos, sim. Com certeza. Se a gente tivesse condição, uma locação como na época em que eu trabalhava na Rede Bahia, por exemplo, seria mais viável. Quando eu trabalhei nessa empresa, a gente trabalhava em um setor onde aprovávamos um orçamento no final do ano para que, no ano seguinte, pudéssemos trabalhar em cima dessa grana….só que a gente não tinha essa grana No Bahia não teve esse equilíbrio financeiro. Até existia um planejamento, mas não havia uma conta efetiva no financeiro, com grana destinada ao marketing. O que eu fazia, era o seguinte: tem que fazer uma revista do Bahia. Eu que tinha que investir até o ganho institucional do clube, porque a revista obviamente tem que dar resultado. Institucionalmente, para a marca e para o clube, era interessante ter esse material, ter uma revista do Bahia, mas em determinados momentos, essa questão de necessidade e prioridade acaba passando por cima disso. Ficávamos em segundo plano mesmo.

Se o marketing do Bahia resolvesse investir na associação em massa, como houve no período da intervenção, isso não seria uma boa estratégia e uma fonte de receita boa para o clube?
Acredito que sim, mas a gente tinha algumas amarras em relação a isso, até por questão de o estatuto não permitir diminuir o valor da joia ou de se abrir o clube como foi feito neste momento. Isso impossibilitava a gente de expandir mais o número de associados. Além disso, eu acredito que pelo nosso estado ser muito pobre, isso pode não dar certo a longo prazo. Eu desejo que o número só cresça, mas quero ver quem vai ter condição de ficar pagando 40 reais todo mês. Ainda é cedo para avaliar, mas muita gente se associou em um momento de emoção, de mudança, tudo novo, das pessoas quererem mudar, mas acho que nosso estado é pobre, nosso torcedor é um torcedor pobre também, que tem que arranjar grana para ir para o estádio, para comprar camisa…

E esse torcedor pobre tinha que pagar R$ 300 reais pela joia…
É, mas eu não tinha poder de mudar isso.

A Bahia é um estado com quase 9 milhões de habitantes. Você não acha que entre essas pessoas não existem pelo menos 50 mil torcedores potenciais para pagar a mensalidade regularmente e garantir uma receita?
Claro que sim. O problema é que, por exemplo: no programa “Futebol Mundo Melhor”, de uma empresa de bebidas, do qual participamos, eles fizeram um estudo e detectaram que, no Brasil, a proporção entre número de torcedores e sócios dos clubes é ínfimo, menos de 2%. Olha o mercado que você tem…é ruim. Claro que o Bahia tem um potencial de mercado enorme, mas economicamente o nosso torcedor é quebrado e não tem condições de segurar esses 40 reais mensais, além da grana para ir ao estádio.

Você falou de uma pesquisa da qual o Bahia fez parte. Desde a sua chegada ao Bahia, você realizou alguma pesquisa para conhecer o seu público alvo, para conhecer quem é o torcedor do Bahia e o que este mercado deseja?
A gente fazia muitas pesquisas, muitas mesmo. Tudo via internet, Facebook, redes sociais…

Só pela internet? Não existiu pesquisa feita por uma empresa especializada?
A gente estava na iminência de fazer. Estávamos pensando em contratar uma empresa para isso, justamente porque lançamos nosso plano de sócios patrimoniais. Queríamos um instituto de pesquisa justamente para ter uma visão mais real do que vem pela frente, mas cai de novo na questão do que era prioridade para o financeiro. Por exemplo, eu chego para o presidente e digo que precisamos de uma pesquisa que custa “X”, mas tem o salário do jogador para pagar, que é sempre prioridade. A pesquisa acaba sendo jogada para depois.

Você trabalhava com entretenimento antes de entrar no mundo do futebol, que era um universo novo profissionalmente para você…
Não, não era novo. Eu trabalhava com produção de eventos…

Mas você nunca havia trabalhado com marketing esportivo…
Eu, em determinado momento em que trabalhava com entretenimento, enxerguei o futebol como entretenimento muito mal explorado. Montei um projeto e, através desse projeto, comecei a me inserir no mercado e comecei a conviver com pessoas que transitam no futebol. A partir daí, fui me adaptando e ganhando experiência em relação isso.

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