Conforme nos escreveu um dos responsáveis pelo blog abaixo, Fábio Domingues, “depois do desastre de quarta, só acessando o Bora Bahêa, Minha P… pra desestressar um pouco e rir da própria desgraça. Logo no topo da página, por exemplo, há um “Você sabia?… Que o município de Barras do Piauí tem menos habitantes do que o público do jogo Bahia x Barras?”.
E pior é que é verdade. Diz o site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que a população do município, na contagem de 2007, está em 43.417 pessoas. Ao Octávio Mangabeira, foram 49.528.
Uma recente “tirinha”, postada no blog, é o retrato fiel do torcedor tricolor. Pode-se acusar a linguagem de chula. Mas é a linguagem dos estádios. Confira o último texto publicado, nesta quinta-feira, por lá:
“Seu Jurandir no Planeta dos Malucos
Seu Jurandir chegou em Salvador num vôo da GOL, às 19:20 do dia 7 de outubro. Saiu do avião e partiu para buscar sua mala no saguão de desembarque. Como a bagagem demorava de aparecer na esteira, Seu Jurandir sacou a Maxi-Goiabinha que a aeromoça tinha lhe oferecido e ele havia guardado no bolso para mais tarde. A mala chegou, ele colocou no carrinho e saiu pelo portão para procurar um táxi.
– Quanto é o táxi até…
Ele olhou um papel na sua mão e completou:
… Ondina?
– Ondina? 88 conto – disse o motorista.
Seu Jurandir fez cara feia, mas entrou no carro mesmo assim. Afinal, Seu Jurandir é paulista e veio conhecer Salvador pela primeira vez no alto dos seus 53 anos. O táxi partiu e logo depois que passou pelo túnel de bambuzais, o motorista fez um pedido:
– O senhor se incomoda se eu ligar o rádio?
Seu Jurandir observou o motorista. Era um homem que aparentava uns 40 anos. Tinha uma aparência serena, óculos escorregando pelo nariz e uma boina azul, vermelha e branca na cabeça. Seu Jurandir disse que não se incomodava, mas ficou surpreso quando o rádio ligou. Não era bossa nova ou MPB, nem pagode, arrocha ou axé. O que estava ecoando dos alto falantes do táxi era um jogo de futebol.
– É que eu torço pro Bahia, sabe? E esse jogo é decisivo – explicou-se o motorista.
Seu Jurandir não era muito de papo, nem de futebol. Assistia de vez em quando um jogo do São Paulo na TV, time que ele carregava uma certa simpatia. Por isso, ficou calado, ouvindo o locutor do jogo junto com o motorista. O locutor gritava:
– 6 MINUTOS DE ACRÉSCIMO!!!
A cada berro do locutor, Seu Jurandir percebia que o motorista ficava mais nervoso. A aparência serena inicial dava lugar a um semblante de desespero. O homem suava e fazia o sinal da cruz enquanto o carro passava pela Avenida Paralela.
– Não é possível. A gente precisa de um golzinho só!!! – desesperava-se o motorista.
– TERMINA O JOGO NO ACRE! – berrava o locutor.
– Pelamordedeus, a gente só depende da gente!!! – desesperava-se ainda mais o motorista.
Seu Jurandir começou a ficar assustado. O motorista estava suando que nem cuscuz, embora o ar-condicionado do carro estivesse ligado no máximo.
– VAI QUE DÁ BAHIA!!!! – berrava o locutor.
– Vai que dá Bahia!!!! – repetia o motorista.
Seu Jurandir já se segurava na porta do carro, quando o locutor recitou:
– É A ÚLTIMA CHANCE! LÁ VEM CARLOS ALBERTO, CRUZOU NA ÁREA, CHARLES DE CARRINHO…………………………………………………….
GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL!!!
O motorista começou a tremer, chorar e gritar ao mesmo tempo:
– É goool, é goool, é gooool, bora Bahêa minha porra, bora Bahêa, minha nirgraça!!! Aí bando de rubro-negro feladaputa! Toma aí!!! É a estrela! Eu disse, eu disse!!! É goool porra!! É gol do Bahia caralho!!
As mãos do homem tremiam, o táxi já não andava em linha reta. Agora, quem se desesperava era Seu Jurandir, que pedia assustado para o táxi parar.
Pára, pára! – gritava Seu Jurandir.
Bahêa, Bahêa! – gritava o motorista.
Meio que em estado de choque, o motorista finalmente encostou o carro no Posto 2 da Paralela. Bastou o táxi parar, para ele deixar seu Jurandir sozinho no carro e sair pela porta correndo e gritando uns 15 Putasquepariu.
Sozinho no carro, Seu Jurandir observava o cenário ao seu redor. Carros buzinando, fogos explodindo no céu, gente gritando, chorando, ajoelhando. Cada vez mais carros chegavam ao posto em festa, comemorando o que parecia ser um título inédito.
Em meio ao buzinaço, o motorista voltou pro táxi.
Desculpa, senhor. É que é muita emoção. Esse time é foda.
Agora curioso, Seu Jurandir perguntou:
– O Bahia foi campeão?
– Campeão? Não, se classificou pro octogonal – respondeu o motorista ofegante.
– Octogonal?
– É, o octogonal da Série C.
– Da Série C? Terceira divisão?
– É ganhamos do Fast, do Fast do Amazonas. 1×0, caralho!
– Sei, sei – disse um incrédulo seu Jurandir.
Ainda em êxtase, o motorista perguntou:
Pra onde é que o senhor está indo mesmo?
E o seu Jurandir respondeu:
– Pro aeroporto. Volta pro aeroporto que eu não fico mais um segundo nessa terra de maluco.”
Este e outros textos podem ser lidos em http://baheaminhaporra.blogspot.com
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