Subir é obrigação

Cansamos. De morrer na praia, das humilhações, das expectativas frustradas, das gozações, do choro de decepção, do “quase”, do “se”, de aprender com as derrotas, de responsabilidades assumidas, das notas de “agradecimento e satisfação”, de falácias, de falsas promessas, dos campeonatos perdidos por um gol, de sermos campeões até os 25 do segundo tempo, de culpar a arbitragem, de ter paciência, de sermos meros espectadores de voltas olímpicas, das conquistas prometidas para o ano que vem, do grito entalado na garganta, dos jogadores e dirigentes medíocres, das más gestões, dos rebaixamentos, do descaso, dos aproveitadores, dos sem compromisso, da falta de respeito, dos times competitivos que não ganham nada, da Segundona, de esperar dias melhores caírem do céu. Chega.

Sabemos que a diretoria é nova, mas nossa dor é velha demais. Títulos nos últimos sete anos? Só os protestados e os perdidos. Ganhos? Só os pelos outros. Já são seis primaveras fora da elite brasileira. Exatos 400 jogos sem o grito de campeão. Um fardo que só a gente sabe o quanto pesa. É demais.

Nossa história não permite que nos mediocrizemos. Que nos acostumemos com as derrotas. Que as aceitemos impassíveis. Que nos contentemos em fazer grandes jogos contra times de Primeira Divisão. Que isso sirva de consolo para eliminação em competição nacional e para o terceiro vice-estadual seguido para nosso maior rival. Convenhamos, para nós, isso é muito pouco, nada.

Não dá mais. Sequer pra imaginar a hipótese de mais uma decepção na Série B. A desculpa de não ter estádio não cola mais. Temos casa, pagamos caro, geramos receita. Somos fiéis, até debaixo d´água, até quando a chance é mínima, na segunda, na terceira. Sete de nós chegaram a perder a vida pura e simplesmente por amor ao clube. Nossa devoção é inquestionável.

Por nossa grandeza, por nossa paixão, por nossa história, em nome de nossa dignidade e do nosso orgulho de ser Bahia que, apesar de combalido, ainda resiste, nós não aceitamos outro resultado que não seja ao menos a quarta colocação na Série B que está por começar e a conseqüente volta do Esquadrão de Aço ao lugar de onde jamais deveria ter saído – a Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro. Um consolo na crise sem precedentes que o clube, desde 2003, está imerso.

Ao longo de mais esta batalha, o ecbahia.com promete cumprir o papel que vem desempenhando há 12 anos. Um papel de independência, de vigilância, de cobrança, de crítica, de informação e, acima de tudo, de torcedor. Apoiaremos nosso Tricolor incondicionalmente, como fizemos na semana passada, quando o site foi um dos principais veículos de comunicação a serviço do clube e da torcida para mobilizar a Nação Tricolor e o elenco na decisão do Estadual.

Afinal, como cada um dos 5 milhões de tricolores espalhados pelo mundo, não passamos de meros apaixonados pela mística e tradição deste pavilhão azul, vermelho e branco, Bicampeão do Brasil, que nos norteia e é a única razão deste site existir.

Apoiaremos porque, apesar dos pesares, acreditamos. Sim, a gente acredita ainda, e acredita mesmo. Porque o que ainda impera em nossa história são as superações, as voltas por cima, as surpresas positivas, as glórias e os feitos memoráveis que nos acostumaram tão mal.

Acreditamos porque somos grandes e nossa cobrança tem que ser proporcional a nossa grandeza. Porque já fomos e podemos voltar a ir muito além de onde estamos. Exigimos a volta à Séria A porque podemos, porque queremos e, principalmente, porque merecemos muito mais do que o Bahia vem sendo.

Para nós, subir é muito mais que o principal objetivo do Esporte Clube Bahia na temporada. É obrigação.