De Nelson Barros Neto para o A Tarde On Line
Quarta-feira de verdadeiro terror no Fazendão. Duas semanas após um grupo de torcedores do Flamengo protestar em um treino do clube carioca, com direito a bomba arremessada dentro do gramado, integrantes da facção organizada Terror Tricolor, do Bahia, resolveram trazer as cenas de selvageria a Salvador. E radicalizaram ainda mais.
Mais de 50 integrantes da torcida invadiram o centro de treinamentos da equipe, no Alto de Itinga, e chegaram a agredir fisicamente os jogadores. Inclusive da divisão de base, que sequer entraram em campo pela Série B do Campeonato Brasileiro – onde o time ocupa o oitavo lugar, com 29 pontos, a apenas três da zona de classificação.
Tudo começou por volta das 16h30, quando os manifestantes forçaram a entrada do local. “Eles já chegaram invadindo, metendo pedra e soltando fogos de artifício. Renderam o porteiro e foram para cima dos atletas”, descreveu o assessor de imprensa do Bahia, Jayme Brandão, completamente escandalizado. Os principais alvos, segundo se apurou, foram o goleiro Darci e o volante Fausto.
Representantes do grupo junto à diretoria, os dois teriam cobrado uma mudança no sistema de premiação, o famoso “bicho”, às vésperas do empate em 2 a 2 com o Gama, sexta passada, na cidade de Feira de Santana. O salário de julho até hoje não foi pago. O dinheiro de junho caiu na conta somente na última quinta-feira (14).
Para ironizar as criticadas falhas do goleiro, até uma galinha foi levada ao campo. Tal qual uma cobrança de tiro de meta, o zagueiro Rogério a chutou para longe. O técnico Artuzinho tentou interceder. Jogou-se à frente da confusão, pediu calma e disse que todos estavam ali para levar o Esquadrão de Aço de volta à elite do futebol nacional. Em vão.
“Era para ser um protesto pacífico, mas não dá pra controlar todo mundo”, declarou o presidente da Terror Tricolor, Carlos Roney. Cerca de dez minutos depois do tumulto, a Polícia Militar apareceu. Todos eles terminaram na 27ª Delegacia, em Itinga. Dos 24 que portavam documentação, nove eram menor de idade.
Um dos mais atingidos pelos socos e pontapés foi o meia Elias, vice-artilheiro do time, camisa 10, mas que não consegue satisfazer grande parte da torcida. Estilhaços de um rojão atirado a cerca de 6 metros dos atletas encontraram o filho do goleiro reserva Fabiano, único a prestar queixa ao delegado Jacinto Alberto, responsável pelo caso.
Sobrou até para um tocedor que nada tinha a ver com a história, lá apenas para apoiar os ídolos, de olho na partida do próximo sábado, contra o Fortaleza, no Ceará. Socorrido ao hospital Aliança, suspeita-se que tenha sofrido uma ruptura de ligamentos no joelho.
O sentimento reinante no Fazendão traduziu-se com as lágrimas dos familiares do meio-campista Caio, recém-contratado pelo clube.
No dia 3 de junho deste ano, membros da mesma facção haviam aparecido no local, dia da apresentação do então novo treinador Arturzinho, e deram a “tolerância” de dois jogos para o Bahia engrenar. Nesta quinta (21), pela manhã, estava programado uma visita de jogadores, comissão técnica e direção à Igreja do Bonfim. Não vão mais.
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