A faixa de campeão vai ser dedicada a ele, disse o zagueiro Alison, companheiro de quarto do meia Cléber, ao desembarcar no aeroporto de Salvador. Titular em 15 das 21 partidas do Bahia na Série C, o jogador de 31 anos, gaúcho de Novo Hamburgo, sofreu um aneurisma cerebral no início da manhã de ontem, ainda em Natal.
Na véspera, o Esquadrão de Aço perdeu por 4 a 3 para o ABC, pela terceira rodada do octogonal decisivo da competição. Cléber não jogou. Ficou de fora, assim como já havia acontecido nas duas rodadas anteriores. Por opção do treinador.
O atleta encerrou a noite apresentando um quadro estável no Hospital Natal Center. Notícia a ser comemorada, já que até as 14 horas a situação era extremamente preocupante. Que a Nação Tricolor faça uma corrente positiva de orações, pediu a diretoria, através do site do clube, no início da tarde.
O que a gente pode dizer é que o risco de morte ficou bem menor, disse o vice-presidente médico do Bahia, Marcos Lopes, em Salvador. Prevista para durar até seis horas, a operação teve apenas metade do tempo e foi bem sucedida.
Os cirurgiões abriram o crânio de Cléber para extrair o coágulo (hematoma) derivado do aneurisma. Identificou-se ser este um problema congênito, ou seja, que nasceu com o jogador. Hemorragia controlada.
Por isso, ele nunca havia queixado-se de dores na cabeça no clube e nem mesmo com seus familiares, frisou Marcos Lopes, acrescentando que, estatisticamente, 95% destas lesões cerebrais não apresentam sintoma prévio, o que dificulta sua constatação. As próximas 24 horas serão decisivas.
É quando se poderá ter idéia das eventuais seqüelas. Ele ainda respira por aparelhos e está entubado, complementa o médico tricolor, que aproveita para destacar: A sorte foi a rapidez do antendimento. Foram apenas oito minutos do hotel até o hospital. Imagine se estivéssemos numa cidade menos estruturada, como as que visitamos ao longo deste campeonato.
PARALISIA Presidente da Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares, o neurologista Aroldo Bacelar explica: O AVC (acidente vascular cerebral) é causado por uma má-formação vascular. O derrame veio em função disso.
Ele, que também é chefe do serviço de neurologia do Hospital São Rafael, se mostrou surpreso, porque aneurisma não é muito comum nessa faixa de idade, principalmente em atletas. Mais estranho ainda pelo fato de Cléber, conforme garante o departamento médico azul, vermelho e branco, não beber e tampouco fumar.
O neurologista conta que as possibilidades de seqüelas são inúmeras. Depende do local em que ele rompeu o vaso. Pode provocar dificuldade de falar, andar, ficar cego, entre outros problemas, como o mais comum, que é a paralisia de um dos lados do corpo, informa.
Último clube de Cléber, o Vitória não quis se pronunciar sobre o assunto. Procurada pela reportagem, a esposa do armador não retornou as ligações. Em Natal, o jogador vem sendo acompanhado pelo médico Luiz Sapucaia, do Bahia.
ATUAÇÕES | Nascido no dia 13 de julho de 1976, o meia Cléber atuou em sete times, antes de chegar ao Fazendão. Coritiba/PR, Juventude/RS, XV de Novembro/SP, Gremio/RS, Toledo da Espanha e Portuguesa/SP tiveram a presença do atleta. Este ano, o Vitória conseguiu trazer o jogador para a boa-terra.
NO VÔLEI | O ex-jogador da Ulbra e Palmeiras, Luiz Cláudio Alves da Silva, o Lilico, não teve a mesma sorte de Cléber. Aos 30 anos, o atleta de vôlei morreu no início deste mês, em decorrência de um acidente vascular cerebral. Lilico se destacou por ser um dos primeiros jogadores a assumir ser homossexual.
2 | gols fez o meia Cléber na Série C. Pelo Vitória, marcou 3 no Estadual.
Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição desta terça-feira 23/10/2007 de A Tarde Esporte Clube
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