Torcedores lotam Bonfim e até padre entra na festa

De Ivan Dias Marques, para o jornal Correio* desta terça-feira:

`A casa do Senhor é o local onde a comunicação e a devoção para com Deus fica mais próxima dos católicos. Se na igreja mais simbólica da Bahia, a do Senhor do Bonfim, até o padre veste tricolor, como duvidar da obra divina no título baiano conquista do domingo?

O padre Everaldo, 50 anos, chegou ontem ao local já vestido com a camisa do Bahia, um presente da diretoria do clube na missa de comemoração dos 80 anos do clube, no ano passado.

“É a primeira vez que visto essa. Me alegro pelo título, principalmente, pelo técnico Falcão”, declarou. Ele nutre admiração pelo treinador do tempo em que viveu na Itália, entre 1995 e 1997. “Lá ele é muito reconhecido”.

Pois é, sem desmerecer os jogadores e seus esforços, mas a torcida agradeceu a mãozinha do homem lá de cima. “Teve ajuda divina. Até gol fantasma aconteceu”, declarou o engenheiro civil Francisco Barreiros, um dos vários tricolores que subiram a Colina Sagrada ontem para a missa das 9h, citando o segundo gol do Esquadrão no eletrizante Ba-Vi do título.

Dadá e Beijoca – Nascido em Itamaraju, Extremo Sul baiano, Padre Everaldo nem pôde assistir ao jogo. “Fiz a missa das 15h, aí saí 16h30 e vi que estava 1×1. Depois, pelos fogos, eu sabia que era gol do Bahia”, contou. Ele ainda teve outros compromissos religiosos e quando, finalmente, sentou em frente à TV, a partida já estava 3×3.

Padre Everaldo lembrou os tempos da Fonte Nova e dos jogos a que assistiu. “Lembro do dia em que Dadá Maravilha fez um gol para o presidente, e de Beijoca, um atleta que gosto muito, além do título de 88 com Bobô”, conta. E os fiéis rubro-negros não ficam chateados? “Não. Quero bem aos dois, mas tenho minha predileção. Quero que Deus abençoe os dois e, como diz o evangelho de João, `amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei`”. Amém!

TORCEDORES SOBEM A COLINA PARA AGRADECER

Ainda com o ar de cansado, o comerciante Joel Pereira, 39 anos, o Galego, ostentava a pulseira da cadeira de Pituaçu. Ontem, ele “se deu” folga para receber as cervejas e demais apostas, mas não sem antes agradecer pelo título baiano na Igreja do Bonfim.

“Nada acontece sem o consentimento de Deus”, afirmou. No domingo, Galego foi ao estádio com os filhos Joel Júnior, 11 anos, Jônatas, 9, e até a pequena Alice, de apenas 1 mês e meio. “Eu estava com muita fé. Foi o fim do sofrimento. Os meninos nunca tinham visto o Bahia campeão. Fiquei mais feliz por eles”, revelou.

Assim como o Bahia, a pequena Alice nasceu pra ser campeã. “Minha mãe até falou que era loucura (levar a bebê para o estádio), mas foi pra ela (Alice) já ter esse título. No final, botei faixa nela e um bocado de gente tirou foto”, descreveu.

O militar Marcos Hupsel foi um dos primeiros a sair da Igreja do Bonfim. Muito feliz, lembrou do dia anterior. Também pudera, as marcas estavam nas mãos. “Cara, roí todas as minhas unhas. Foi emocionante, uma decisão mesmo”, lembrou.

Já o motorista Luciano Cerqueira, de 34 anos, fez questão de levar o pequeno Luan, de 4 anos, para a igreja. O motivo era pagar uma promessa feita no início do Campeonato Baiano. “Não só pelo título, mas por tudo de bom que vem acontecendo na minha vida”, contou, diante do filho aprendendo a amarrar as fitinhas.`

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