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Treinador no acesso à B, Arturzinho se emociona

Notícia
Historico
Publicada em 15 de novembro de 2010 às 20:39 por Da Redação

Jogadores emocionados fazem um círculo no centro do campo e começam a rezar. O choro é geral e todos agradecem pelo triunfo histórico. O jogo marca um divisor de águas na vida do Bahia. Quem puxa a oração é Artur dos Santos Lima, o Arturzinho.

Estamos em outubro de 2007, início de noite na Fonte Nova e o técnico tricolor está feliz e aliviado com o 1 a 0 sobre o Fast-AM. O Tricolor segue para a próxima fase da Série C e pode sonhar com o acesso para a Segunda Divisão.

Neste domingo, do Rio de Janeiro, Arturzinho atendeu ao ecbahia.com e relembrou daqueles momentos difíceis, há três anos. Para muitos, ele também é um dos responsáveis pelo acesso conquistado no sábado. “Para se chegar à Série A, antes teve que se chegar na B”, disse.

Viu o jogo de sábado?

Sim, tenho acompanhado direto os jogos do Bahia. Fiquei muito feliz. O Bahia não merece outra série que não seja a A.

Durante a festa, muitos torcedores lembraram da sua passagem pelo Bahia em 2007.

Sei que tenho participação nessa história. Primeiro a gente teve que subir pra B, pra depois chegar à Primeira Divisão. E foi uma época muito difícil. Passamos por dificuldades enormes. Lembre que enfrentamos uma greve de torcedores, coisa que nunca tinha visto no futebol. (Arturzinho se refere ao movimento da torcida que, revoltada com o rebaixamento para a série C em 2006, decidiu protestar ). E o torcedor do Bahia é a peça mais importante. Ele faz a diferença.

Eram muitos problemas também fora de campo.

É, também teve greve dos funcionários, todos com 2, 3 meses de salários atrasados. E tive a função de aglomerar, juntar, reunir forças, coisas que não eram da minha atribuição. Tudo em prol da causa Série B. E nós conseguimos. Os torcedores abraçaram a causa.

E a relação com a diretoria e com os jogadores?

Tudo era muito difícil. Pra você ter uma ideia, no início do Campeonato Baiano, a bola era amarela. E o Bahia não tinha bola amarela. Imagine, um clube do tamanho do Bahia, e não tinha bola amarela. Só tinha bolas brancas. Os jogadores reclamaram e eu falei pra eles: ‘olha, a bola é redonda, não importa a cor, vamos jogar’. Também cobravam muito da situação. Os salários estavam atrasados, não tinha sala de musculação, fisiologia, campo de treinamento ruim. Falei pra eles: ‘se o Bahia estivesse em uma situação boa, não estaríamos aqui’. Era realista.

Tem falado com os jogadores?

Não, nunca mais. Mas fiquei feliz pelo Ávine. É o atleta que mais merece. Lembro que me estressei muito com ele, mas depois quando soube dos problemas pessoais que ele enfrentava, mudei totalmente minha atitude. Trouxe pra perto de mim, conversei mais, entendi. A força de vontade dele é impressionante. Sei que é um dos que mais gosta de mim. Vai pra ele um grande abraço.

Dá saudade?

Quando apareço aí em Salvador, o torcedor pergunta quando eu vou voltar. Ele sabe de tudo aquilo que nós passamos. Marcou muito. Da primeira vez que saí, os funcionários lá no Fazendão choraram muito. Tanto que da segunda vez, saí sem falar com ninguém. E tem a torcida. Valeu a pena. A torcida do Bahia é muito diferente.

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