No final de 2002, após uma salvação na última rodada Brasileiro evitando o rebaixamento em Mogi Mirim, vencendo e rebaixando a Portuguesa para a Segundona, com gols de jogadores revelados pelo próprio clube, Nonato(3) e Bebeto Campos (1), uma esperança pintava no ar. Eram os meninos tricolores, que estavam arrasando na Taça Estado da Bahia do mesmo ano.
O maior destaque daquela geração que chegou ao título do torneio ao bater o arqui-rival (que contava com atletas como Juninho, Adailton, Alcides, Leilton, Gilmar e Nádson) era o atacante Marcelo Nicácio, artilheiro da competição e torcedor declarado do Esquadrão de Aço. Fazia inclusive parte da banda de uma torcida organizada que embalava os jogos na Fonte Nova.
Mas o ano de 2003 chegou, a torcida clamava pela utilização dos garotos no time principal, principalmente após um vexatório nono lugar no Campeonato Baiano, e aí não teve jeito: os juniores foram subindo para os profissionais e ganhando posição. Porém a torcida tricolor ao mesmo tempo que incentiva os pratas-da-casa no ínicio, parece ter pouca paciência com os recém-promovidos quando estes assumem uma condição de titular.
O maior problema da transição é exatamente esse, a necessidade de lidar com a pressão externa, quase ausente nas competições da base. Talvez sentindo essa pressão, a grande maioria destes jogadores passou a ser criticada pela torcida especialmente depois de dois rebaixamentos. Sendo assim, daquela safra promissora de três temporadas atrás, não restou um único representante para contar história. Confira as suas trajetórias:
Márcio: o goleiro subiu aos profissionais durante o ano de 2003 e se destacou muito nas partidas em que teve chance de atuar, caindo nas graças da torcida. Em 2004 ganhou a posição de Emerson e teve um grande ano, mas desde aquele fatídico jogo contra o Brasiliense passou a lidar com críticas, principalmente após a ida de Emerson para o Vitória. Nesta última segunda-feira, pediu para sair do clube insatisfeito com a cobrança.
Fabiano: o lateral chegou a ser titular durante o Brasileiro de 2003. Depois do rebaixamento, foi emprestado ao Botafogo da Paraíba e desapareceu.
Gustavo Castro: o zagueiro teve poucas chances no profissional do Bahia, já rodou por clubes do interior do Estado e, em 2005, fez parte da campanha que levou o Bahia à Série C. Depois foi dispensado.
Luiz Fernando: o beque chegou a ser titular do Bahia no Brasileiro de 2003, principalmente na época de Evaristo de Macedo, depois caiu no ostracismo até ser dispensado.
Bruno: o ala canhoto foi titular no Brasileiro de 2004, na quase volta do Bahia à elite. Ganhou a simpatia da torcida tricolor tão rápido quanto conheceu a ira. Sem espaço no clube, foi emprestado à Ponte Preta e se destacou no Brasileiro de 2005. Hoje, sua situação continua indefinida. Não deve ser aproveitado no Bahia e aguarda proposta.
Neto Apolônio: o volante virou titular em 2003 e se manteve como tal durante 3 anos, não importando o técnico que assumisse o comando. Sua determinação tática era elogiada por técnicos e torcedores, até que atuações ruins no rebaixamento para a Série C prejudicaram a sua imagem com a torcida. Algumas atitudes suas de cobrança de atrasados fizeram com que fosse descartado pela diretoria. Acabou emprestado ao Bragantino para a disputa do Campeonato Paulista.
Cícero: o meio-campista sempre foi muito criticado pela torcida principalmente pela sua lentidão em campo. Mas foi titular com muitos técnicos que passaram pelo Bahia, desde 2003. Depois do rebaixamento para a Série C, foi negociado com o Figueirense, que disputa a Série A, e é considerado pela imprensa como uma das esperanças do clube.
Luis Alberto: foi titular várias vezes desde 2003, contava inclusive com o apoio da torcida pelo seu estilo de jogo aguerrido, mas foi justamente essa sua característica que fez com que as críticas aparecessem graças a seguidas expulsões em momentos importantes. Depois do rebaixamento para a Série C, foi para o Oriente Médio atrás da independência financeira.
Danilo: era o mais habilidoso daquela geração, se tivesse a cabeça no lugar seria com certeza um grande ídolo para a massa tricolor, mas seguidos casos de indisciplina fizeram com que o meia vivesse um caso de amor e ódio com a torcida. Durante a Série B de 2004 foi negociado com o Internacional, lá no Rio Grande do Sul se destacou pelos mesmos motivos, habilidade e indisciplina. Em seguida foi vendido para o futebol japonês.
Gilberto: o atacante tinha destaque naquele time, mas nunca conseguiu muita oportunidade na equipe profissional, rodando por alguns clubes como Camaçari e ASA de Arapiraca até cair no esquecimento.
Marcelo Nicácio: foi artilheiro da Taça Estado e chegou inclusive à Seleção Brasileira Sub-20 que disputou o Pan-Americano de 2003. Contava com todo apoio da torcida, mas depois de muitas atuações improdutivas passou a ser motivo de piada e acabou sendo negociado com o futebol grego.
Glauciano: o frente-de-zaga era reserva desse time e nunca conseguiu se firmar nos profissionais, acabando dispensado.
Paulinho: era reserva de Fabiano, nos profissionais chegou a cair nas graças da torcida, que sempre gritava seu nome na época em que o técnico Vadão preferia o criticado lateral Neném. Mas depois de assumir a posição de titular, passou a ser duramente criticado principalmente depois de ter protagonizado o lamentável episódio André Cunha, ficando com fama de chorão. Após o rebaixamento para a Série C, foi negociado com o Juventus de São Paulo, onde está na reserva.
Marquinhos Alagoano: era reserva daquela equipe, porém foi fundamental na virada do Tricolor na final da Taça Estado contra o Vitória. Foi o grande destaque do Bahia na Copa São Paulo de 2003, mas inexplicavelmente nunca teve chance nos profissionais. Hoje está no Mogi-Mirim.
Neto Potiguar: foi destaque do Bahia na Copa São Paulo de 2003, daquela equipe que só não se classificou porque enfrentou o Palmeiras de Vagner Love na primeira fase e, mesmo empatando em pontos com o Verdão, acabou eliminado pelo saldo de gols. Foi o grande destaque do Bahia na Série B de 2004 e grande xodó da torcida até a fase final da competição, quando seu futebol desapareceu e passou a ser duramente criticado. Hoje, depois de passagem pelo futebol japonês, está no São Caetano.
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