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Vadão concede entrevista exclusiva a jornal. Veja!

Notícia
Historico
Publicada em 6 de setembro de 2004 às 02:54 por Da Redação

O entrevistado desta segunda-feira da seção “Pingue-Pongue” do jornal Correio da Bahia é o técnico Oswaldo Alvarez. Ambientado à cidade e ao clube, ele fala ao jornalista Luiz Teles sobre seu futuro e o que espera do Tricolor daqui para frente, confira:

O Bahia está classificado para os quadrangulares semifinais da Série B. Como a comissão técnica está se preparando?

Primeiro, mesmo sabendo que nossas chances de passar de fase eram muito grandes, tivemos que esperar até o momento em que garantimos matematicamente a nossa classificação, numa maneira de segurar o grupo, respeitar os adversários e não deixar o nosso ritmo cair. Nos treinamentos, pouca coisa vai mudar em nossa rotina. Vamos seguir observando os adversários, mas desta vez teremos um universo menor a ser estudado. Toda essa parte fica a cargo do Carlão (Carlos Anunciação, assistente técnico), que é quem assiste e grava os jogos, recolhe informações no local e pela Internet, e passa tudo para o restante da comissão. Então analisamos esse material em conjunto e decidimos como será a preparação para cada jogo mais especificamente.

Forçar algumas suspensões no penúltimo jogo, para que os cartões amarelos sejam zerados, faz partes dos planos?
Agora, matematicamente classificados, a gente vai sim forçar os cartões que forem necessários. Temos jogadores importantes pendurados, como o Neto Potiguar e o Márcio. Se possível, todos aqueles que tiverem dois cartões trabalharemos para zerá-los para fase final.

Você está com problemas nas duas laterais do time, improvisando um meia do lado esquerdo, enquanto que no direito não tem um reserva para o Paulinho, já que Flavinho ainda demorará duas semanas para voltar da contusão. Como solucionar isso para as finais?
Eu diria que essa improvisação tem ocorrido realmente no nosso lado esquerdo, porque no direito, além de termos o Paulinho, o Ari faz muito bem a função e enquanto o Flavinho não estiver recuperado isso não será um grande problema. Do lado esquerdo, o Cícero vem colaborando demais, mas está sendo sacrificado, porque muitas das funções, principalmente as que levam em conta a velocidade, não são próprias das características dele, senão certamente seu desempenho seria muito melhor do que o atual. Hoje, defensivamente, ele vem atuando muito bem. Nas finais, na remota possibilidade de não resolvermos esse problema do Elivélton e do Bruno, a gente pode tentar experimentar uma opção que é deixar o Ari na direita e trazer o Paulinho para esquerda, para que tenhamos uma jogada forte fazendo o corredor por dentro.

Qual foi o momento mais difícil nesta fase classificatória?
Certamente foi o início, quando após perder o campeonato baiano jogando bem, não ganhamos aquele jogo contra o São Raimundo, que muitos achavam que seria fácil, e as críticas começaram a ficar mais fortes. Nas primeiras quatro partidas da Série B, de 12 pontos fizemos quatro. Nosso grupo não estava ainda totalmente formado, nossa linha de frente ainda não estava definida ou contratada. Tivemos então uma reunião com a torcida, o grupo se conscientizou ainda mais das nossas responsabilidades, e tudo começou a fluir no momento certo.

Quais as principais virtudes do time para ter alcançado um rendimento tão bom? Você já esperava por isso ou achava que teria, mais problemas para alcançar a classificação?
Nós sempre dissemos que confiávamos no trabalho, e que mesmo sendo feito cautelosamente, conseguiríamos chegar lá. Apesar das críticas aos jogadores contratados no início da temporada, acertamos muito mais do que erramos, além do que a maioria dos atletas que saíram, foram contratados por períodos mais curtos, para o regional, justamente para que o clube não tivesse prejuízo. A diretoria entendeu que tinha que nos respaldar e assim foi feito. A tranqüilidade de fora de campo foi trazida para dentro do grupo, e isso contribuiu para nossa evolução.

Com a saída de Nonato no início do ano, o time ficou sem um goleador, e a cada jogo a torcida cobra mais do Selmir. Como lidar com essa pressão?
Nós não temos um goleador específico. Estamos preparando um, que é o Neto Potiguar, que está amadurecendo e se tornará um excelente homem-gol. Quando o Selmir foi contratado, nunca falamos que ele seria o dito “matador”. Ele é a referência de área para nosso ataque, função que tem feito bem durante os jogos. Foi ótima a atitude do grupo em ir apoiar o Selmir quando ele fez o gol contra o Santa Cruz, tanto que ele voltou a marcar contra o Brasiliense e a tendência é ir se soltando aos poucos. Só que ele nunca será nosso homem de definição.

O trabalho do psicólogo Antônio Presídio ajudou nesse apoio?
Não somente nisso, mas em todos os momentos o trabalho dele vem sendo importante. Ele partiu das informações das características individuais de cada atleta, e depois traçou também o perfil do grupo. Um exemplo do trabalho foram as minimetas estabelecidas de conquistar sete pontos a cada quatro jogos, não deixando os atletas se perderem na grande quantidade de confrontos do Brasileiro. Fora isso ele fez um trabalho de agregar, de agrupar e de proteger o grupo de toda pressão que se sofre nesse período de campeonato. Além de tudo isso, o que considero mais importante é o de orientar a comissão de como extrair do atleta seu melhor potencial. Tem jogador que você precisa cobrar muito dele para que ele mostre mais serviço. Têm outros que se você apertar demais, ele não rende. Isso ajuda muito na função do treinador, sem dúvidas.

Muita gente diz que o Bahia sofre de uma Robert-dependência. Na sua opinião isso é verdade? Quem forma a base da equipe hoje?
Não acho que seja assim não. Nós temos uma defesa, um sistema defensivo, que foi o nosso ponto alto até agora, tendo o melhor desempenho entre todas as equipes do regional, e um dos melhores da Série B. É claro, que por sua qualidade, ele foi contratado para criar as jogadas e tem feito isso perfeitamente, sendo nosso jogador referencial. Mas o sucesso do time não depende exclusivamente dele, mas do equilíbrio de todos os setores. Precisamos tanto da criatividade dele, quanto de cada bola roubada ou contra-ataque iniciado pelos outros atletas. O nosso forte é o grupo.

A mudança do Bahia de 2003 para o de 2004 é gritante. O que você e sua comissão técnica implantaram no clube para contribuir com isso?
Acho que não foi só a comissão técnica que montou, mas trabalho conjunto com o clube, com a diretoria que nos deu boas condições para que o trabalho fosse feito. O Bahia teve uma filosofia diferente para esse ano, aproveitando criteriosamente os jogadores da base e agindo da mesma forma na hora das contratações. Não olhamos apenas o lado técnico, mas principalmente do homem, do caráter, tanto é que o resultado é um grupo coeso e unido. Muitos jogadores de qualidade técnica inquestionável foram oferecidos, mas por não se encaixar nesse perfil, tiveram suas contratações vetadas.

O que falta ser feito? Quais foram os principais erros e acertos na preparação?
Tudo aquilo que aconteceu de negativo, foi decorrente de um risco de uma equipe que estava se renovando e que precisou contratar mais de 15 jogadores. Sabíamos dessa possibilidade, tanto que encaramos os problemas com tranqüilidade na hora em que eles surgiram. Certamente no ano que vem, não vamos sofrer com isso, porque agora o time tem uma base, com um grupo coeso, forte e que tem amor pela camisa do clube. Esta base é o nosso maior legado nesta temporada, certamente, superando bastante todos os poucos equívocos cometidos.

Diferentemente dos últimos técnicos que passaram por aqui, você tem montado o time para o futuro, e não para que desse respostas imediatas, como aconteceu. Você pretende ficar no Bahia em 2005, subindo ou não para a primeira divisão? Já houve alguma conversa com diretoria sobre isso?
Essa base para o ano que vem, ou na verdade, para os próximos anos, já é um grande feito. Mas a gente sabe que o trabalho só será excelente se conseguirmos voltar para a primeira divisão. Então se você me perguntar se você vai ficar ou não, no futebol brasileiro a gente não pode responder isso. O que é bom hoje é ruim amanhã. Se a gente não subir, tudo voltará ser questionado negativamente, mesmo com evidências mostrando o contrário. Então somente após o fim do campeonato é que a gente vai sentar com o Bahia para ver o que será melhor para todos nós em 2005.

Alguns jogadores que formam a base do time, como Robert, Henrique, Reginaldo, Rodriguinho e Selmir terminam seus contratos no final desta temporada. O Bahia já iniciou conversas com esses atletas para uma renovação antecipada?
É igual ao que acabamos de falar sobre a situação do treinador. Os que tiveram um bom desempenho, a chance de ficar, com o time subindo, é muito boa, mas tudo pode mudar se não alcançarmos este objetivo.

Mais de 70% do elenco com o qual você está trabalhando é oriundo das divisões de base do clube. Quem mais você tem observado entre juniores e juvenis que podem ganhar uma chance no time, senão este ano, em 2005?
Para montar a base desta temporada, além de usar atletas que já estavam no profissional, usamos quase que duas safras dos juniores. Então sobrou pouco do ciclo montado pelo time nos últimos dois anos. É claro que continuamos observando. Temos um programa de integração com o departamento amador. Enquanto você grava está entrevista, eu e toda comissão técnica estamos assistindo ao coletivo dos juniores. Posso dizer que ainda temos o Anselmo para ser puxado, que é um jogador de muita qualidade. O próprio Marcos Vinícius, lateral que só não está sendo aproveitado porque também está contundido, além do Santana, na zaga, que é outro dentre os muitos que tem se destacado nos treinamentos e jogos que acompanhamos.

Passadas 20 rodadas, quem você apontaria como os principais candidatos a subir para a Série A em 2005? Quais as virtudes desses times?
É muito difícil prever. O Náutico e o Ituano nos chamaram muita atenção, mas o que vemos é um grande equilíbrio e que o melhor que se tem a fazer é respeitar os adversários, mas sobretudo acreditar no grande potencial do Bahia. Ser primeiro, segundo ou terceiro não significa ser melhor nas finais. Quem chega em sétimo e oitavo, vai para o quadrangular numa euforia muito grande por ter conseguido a vaga nas últimas rodadas, e isso pode ser uma arma fatal para o sucesso destas equipes no campeonato.

Como o time superou a perda de Neném, Galeano, Jair, Elivélton e Danilo? As convocações constantes de Ernane têm atrapalhado o desenvolvimento da equipe?
A saída do Neném era algo que estava dentro dos nossos prognósticos, já que havia uma possibilidade dentro do contrato disso acontecer. A ausência do Galeano foi importante, mas acabou não sendo muito sentida pois como ele teve alguns problemas de contusão, não chegou a produzir aqui no Bahia tudo o que ele pode. Agora as saídas do Elivélton, do Danilo, do Jair são perdas consideráveis, de jogadores de condição técnica avantajada. Entretanto, mesmo assim superamos tudo isso, provando a força do grupo. Quanto ao Ernane, é também uma grande perda, mas eu diria que ele está sendo preparado para ser um grande craque, e que essa experiência na seleção é no momento tão ou mais importante do que a presença dele no grupo, não só para o atleta, mas também para o próprio Bahia.

O ditado diz que em time que está ganhando não se mexe, mas às vésperas do final da fase classificatória, você alterou a rotina do grupo, iniciando as concentrações 48h antes das partidas. Não é uma atitude perigosa? Como os jogadores lidaram com isso?
No regional, quando o grupo não se conhecia ainda, as concentrações já tinham 48 horas. É uma grande forma de fazer uma integração melhor de todos, tanto que o Vitória está precisando disso agora, mesmo após mais de seis meses de convivência. No nosso caso, como o Brasileiro é longo, a pedido dos próprios atletas a gente reduziu para 24 horas, mas nessa reta final, até alcançar a classificação retornamos às 48 horas. Nos quadrangulares também não vou abrir mão. É um momento importante para o clube e para os jogadores, e eles sabem disso.

Diga ao torcedor o que ele pode esperar do Bahia daqui para frente…
Infelizmente o resultado a gente não pode prometer, porque é impossível. Mas vou dizer hoje a mesma coisa que falei para os torcedores na reunião que tivemos no início do campeonato. Não vai faltar luta e trabalho, e isto será visto em campo. Podem ter certeza que os atletas que estão aqui hoje jogam com coração e amor à camisa. São homens de caráter e que devolvem ao clube e aos torcedores, com sacrifício, tudo aquilo que é proporcionado para eles. É o que melhor podemos dar em troca pela confiança e pela incrível demonstração de carinho que a torcida nos deu até agora.

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