Vergonha faz torcida “sumir” no pós-rebaixamento

Em qualquer dia normal, em horário comercial, a área que comporta a rodoviária e o shopping Iguatemi, em Salvador, costumar ter muitas pessoas passeando com a camisa do Bahia.

Ontem, contudo, um dia após o time ser rebaixado pela segunda vez em sua história, após mais de uma hora de espera por parte da reportagem do Correio da Bahia, nenhum torcedor com camisa do clube foi avistado no local, num retrato claro do desânimo que toma conta da torcida.

Apenas um transeunte foi visto vestindo uma camisa azul vermelha e branca, mas era a do Fortaleza, equipe que também foi para a Série B. “Estou duplamente triste, porque sou cearense e moro aqui há dez anos. Por ser tricolor, com as mesmas cores do Fortaleza, adotei o Bahia como meu time em Salvador, e amo muito o clube, de verdade. Não tenho vergonha dos meus times de coração e por isso estou com essa camisa hoje. Amanhã saio com a do Bahia”, disse Marcelo Gonçalves Carneiro, 33 anos, única exceção das milhares de pessoas que circularam pelo local das 13h30 às 15 horas desta segunda-feira.

Foi difícil encontrar algum torcedor que quisesse falar sobre o Bahia. A vergonha e a dor pelo rebaixamento e a péssima situação do clube fez sumir o fanatismo da torcida, pelo menos nas primeira horas após o descenso. Depois de muitas tentativas, apenas cinco pessoas revelaram-se torcedores do tricolor, e as palavras do ambulante Clésio Andrade, 41 anos, resumem toda insatisfação deles.

“Estou acostumado a fazer pirraça com os torcedores do Vitória e não o contrário. O Bahia pode até perder, mas sempre saio de casa contente, orgulhoso por torcer para o tricolor. Hoje foi diferente. Meu orgulho foi embora por causa da tristeza que vivi ontem (anteontem). Sei que ele vai voltar, porque futebol é uma cachaça, mas agora o que sinto é vontade mesmo de me esconder”, revelou.