De Paulo Simões, no jornal A Tarde deste domingo:
“O Bahia, que tantas vezes fez barulho de alegria aos pés da Santa Cruz comemorando títulos nobres, tornou-se vezeiro em voltar à Colina para pedir arrego. Hoje implora para não sair da Série C mais cedo.
Triste, mas verdadeiro: só a mãozinha do santo pai não basta. Outro santo congênere está lá no Acre ao lado do Rio Branco contra o ABC. Como o futebol anda escasso, o jeito foi apelar para gratificação.
Em Natal, onde a diretoria do Bahia permaneceu após a derrota de quarta-feira, comenta-se que surgiu uma mala com R$ 200 mil para o ABC vencer ou ao menos empatar com o Rio Branco.
No Grupo 25 da Terceirona, a corrida pelas duas vagas no octogonal está assim: o ABC lidera com 12 pontos e se garantiu; o Rio Branco vem em seguida com 9 pontos; o Bahia está em terceiro com 7 pontos. O Fast, que só empatou uma, está fora.
Para o Bahia passar adiante, o milagre vem da seguinte forma: caso o ABC vença o Rio Branco, basta um triunfo do tricolor por 1 a 0. Ocorrendo empate no Acre, o triunfo do Bahia terá que ser com o número de gols compatível com o resultado da Arena da Floresta.
É muito, mas não se aproxima da impossibilidade. O Bahia é que não consegue erguer os olhos e se impor. Ao contrário; vem aceitando o enquadramento com docilidade. Vai se acostumando a ajoelhar-se para pedir. Antes agradecia.
A frase começar bem e acabar mal estava se associando ao tricolor nas tentativas de voltar ao degrau superior do Brasileiro. Agora a situação periga a nem chegar a tanto. A desclassificação é provável; a classificação é apenas possível.
O time de Arturzinho nunca jogou para encantar. No Baiano e no Brasileiro. Desenvolveu fama de imbatível em casa à custa de um futebol simplório e sem graça. Nenhuma jogadinha trabalhada, nenhum ponto forte. Isso o técnico não conseguiu.
TARDE No jogo de hoje, finalmente Arturzinho dá uma chance ao volante Marcone, que tem mais moral na seleção brasileira sub-20. No Fazendão, o treinador prefere vê-lo sentado no banco de reservas.
Mesmo assim, não é certeza de que Arturzinho cedeu aos encantos do garoto revelado no Fazendão. O titular, Fausto, está suspenso porque foi expulso em Natal. Em outros tempos a escalação de Humberto era pule certa. No sufoco não é mais.
O time vai para o jogo com a zaga reserva. Os titulares sucumbiram diante do ABC: Alison, suspenso com o terceiro cartão amarelo; Eduardo, com o tornozelo baleado em má hora. Cléber Carioca e Emerson vão para luta.
Cléber entrou bem em Natal. Emerson é um fiel reserva sempre pronto e intervir, nem sempre com sucesso. Mas vontade de acertar nunca lhe falta. É jogador que sofre com a queda do clube.
No meio-campo, Arturzinho troca Preto por Danilo Gomes. Ambos em forma, seria seis por mais dúzia. Eles fora de forma, dá no mesmo. Mas com Preto o time não prosperou. Ele não jogava há muitos meses. Danilo estava fora de campo há semanas. Parece conspiração.
Para completar o setor, Arturzinho repete Cléber, outro jogador engolido pela má fase da equipe na hora agá. Experiente, mas sem perfil de comandante, Cléber recebe mais crítica que elogio. Além da técnica ausente, os pulmões processam pouco oxigênio.
FORÇA O retorno do atacante Nonato é promessa de gol. Mas sempre fica uma pontinha de desconfiança em seu destempero. A expulsão contra o Rio Branco, depois de atirar ingenuamente a bola no goleiro adversário, foi um tremendo prejuízo para o time.
Nonato fez muita falta em Natal. Quando os companheiros mais precisavam dele, estava impedido de jogar por cometer mais uma bobagem na carreira.
Hoje, ele vai formar dupla com Moré. Nonato vai ficar mais fixo na área; Moré volta para buscar a bola e atacar também pelas beiradas do campo. Danilo Gomes vai se aproximar mais de ambos, com perfil de atacante. Cléber vai com menos força.
Além dos titulares, concentraram o goleiro Sérgio, o lateral, Ávine, os volantes Dudu e Humberto, os meias Preto, Inho e Elias, e os atacantes Amauri e Charles.
FÉ Arturzinho não está muito entusiasmado com com a possibilidade de classificação. Sabe muito bem que o Bahia errou quando não conseguiu vencer o Fast na rodada inaugural do grupo. Todos os demais venceram o time do Amazonas. Ele está magoado com as críticas que se multiplicaram por mil.
O treinador acha que fez tudo certo, que o Bahia há muito não cumpria campanha semelhante, mas acredita que a sorte abandonou o tricolor. Para Arturzinho, o Bahia só perdeu quando não podia.
Lembra dos dois Ba-Vis decididos pelo atacante Índio, em chutes de longe, e dos jogos contra Rio Branco e ABC, quando um empate deixaria o time em situação de privilégio e impediria a progressão do adversário. Infelizmente não conseguimos. Papai do céu não quis, resumiu.
O insucesso do Bahia praticamente encerra a carreira de Arturzinho no futebol baiano da mesma forma que ocorreu com Hélio dos Anjos. Em comum, ambos nasceram para a função do Vitória e, após um vai-e-vem sem fim, foram contratados pelo Bahia e não acertaram.
Caso o milagre da classificação ocorra, o Bahia renova as esperanças de voltar à Série B e não é improvável uma troca de comando. Caso o milagre não ocorra, o time só volta a jogar no Baiano de 2008. Mas até lá o clima no clube vai fervilhar para o lado da diretoria”.
Leia também: Bahia x Fast – Ficha Técnica
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