O ano de 2021 foi completamente atípico no futebol. Em razão da pandemia de Covid-19, o Brasileirão de 2020 foi finalizado somente em fevereiro do ano seguinte. Não houve pausa para o início dos estaduais – que inclusive iniciaram antes do Nacional terminar. Poucos meses depois, mais uma Série A foi iniciada.
Sob o ponto de vista esportivo, de fato houve um ano atípico. Financeiramente, também, já que entrou mais dinheiro em 2021 do que em outros anos, sobretudo no que se diz respeito a algumas cotas televisivas referentes à temporada de 2020, mas que ficaram no balanço do ano passado.
A análise financeira foi feita por Rodrigo Capelo, do blog Negócios do Esporte no portal ge. Em sua avaliação anual sobre os dados financeiros divulgados pelos clubes, o jornalista esmiuçou o balanço do Bahia referente ao exercício de 2021 – que inclusive já foi aprovado por Conselho Fiscal, Conselho Deliberativo e sócios-torcedores.
Voltando ao tema das cotas de TV, Capelo destaca que esta foi a fonte de 59% das receitas do Bahia em 2021.
Ressalta também que entre os valores que foram orçados no começo do ano, a diretoria tricolor conseguiu realizar quase todos os setores.
Houve aumento também no faturamento comercial em relação a 2020, que inclui patrocínios e publicidades, porém os ganhos com torcedores não alcançaram o patamar esperado, devido aos portões fechados na maior parte do ano.
O destaque ficou para a venda de jogadores. O clube projetava arrecadar R$ 25 milhões com transferências e conseguiu lucrar R$ 35 milhões.
Ineficiência na gestão de futebol resultou em rebaixamento
Capelo cita que os gastos com a folha foram próximos do que haviam sido estimados pelo clube, mas o rebaixamento para a Série B comprova que houve grandes equívocos na gestão do futebol.
“O Bahia gastou R$ 117 milhões com a folha, muito próximo do que havia planejado para a temporada. É um bom sinal. De fato, a direção do clube tomou a decisão de não gastar em exagero”.
“Houve, claramente, ineficiência. Por ser o indicador econômico que possui maior correlação com a performance dentro de campo, esse valor deveria ter sido suficiente para que o clube baiano no mínimo sobrevivesse na primeira divisão”.
O jornalista também afirma que adversários que gastaram muito menos do que o Bahia em 2021, conseguiram ficar na primeira divisão – casos como Cuiabá, Atlético Goianiense, América Mineiro e Juventude, por exemplo.
“Rivais ficaram nela com folhas muito menores”.
Dívidas em 2021
Sobre o endividamento do clube, Capelo faz novo destaque ao citar que a diretoria, mesmo com os maus resultados em campo, não deixou as dívidas aumentarem em um ano de rebaixamento.
No que diz sobre as dívidas a longo prazo, houve redução de R$ 174 milhões (2020) para R$ 145 milhões (2021).
Já os débitos a curto prazo permaneceram em R$ 80 milhões de um ano para o outro.
O perfil do endividamento do Bahia é o seguinte:
- Fiscal – R$ 103 milhões
- Trabalhista – R$ 100 milhões
- Bancário e outros – R$ 22 milhões
Conclusão
A análise é concluída ressaltando que a gestão financeira do clube não sofreu novos acidentes, e que ainda pesa o passado nebuloso de outros presidentes, mas que as falhas no futebol em 2021 causaram grande impacto e frearam a recuperação financeira pós-pandemia.
“Números indicam que, na área financeira, não houve acidente. O Bahia é um clube com dificuldades, pois ainda carrega um endividamento de passado distante, além de ter sido desafiado pela pandemia, como todos seus adversários. Mas as diretrizes foram seguidas e havia dinheiro suficiente para que a performance fosse condizente à primeira divisão”.
“Foi no departamento de futebol que os piores erros foram cometidos. Bellintani disse, após o rebaixamento, que o título da Copa do Nordeste iludiu a diretoria, que teve de montar um time para o Brasileirão sem tempo e dinheiro. Mais ou menos. Havia ainda menos verba disponível no Atlético-GO, por exemplo, e os goianos sobreviveram”.
O que esperar com a SAF?
“Torcida e mercado estão na expectativa do anúncio do acordo com o comprador da SAF tricolor. O que mudará? Tudo. É desejável que o futuro dono assuma dívidas, se comprometa a investir e estabeleça uma gestão mais eficiente no futebol – o que faltou para que o trabalho da associação, no mandato de Bellintani, pudesse ser considerado aceitável”.
A análise completa feita por Rodrigo Capelo pode ser vista aqui.
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