O Conselho Fiscal, em cumprimento ao Estatuto do Esporte Clube Bahia, divulgou o exame das contas do Esporte Clube Bahia no segundo trimestre de 2022, referentes aos meses de abril a junho.
Os principais pontos que chamaram a atenção, sob o ponto de vista negativo, dizem sobre o perigo que o clube se encontra no que diz respeito à possibilidade de sofrer com processos trabalhistas futuros.
Sobre esse tema, o Conselho Fiscal recomendou firmemente a regularização das obrigações trabalhistas com atletas e dos parcelamentos vigentes.
“No que tange ao recolhimento das obrigações principais relacionadas ao FGTS, Contribuição Previdenciária, IRRF e parcelamentos vigentes (PERSE, PROFUT, Parcelamento Ordinário), o CF constatou desde o 1º trimestre o descumprimento contínuo dessas obrigações. Ressalta-se o elevado passivo tributário, previdenciário e trabalhista proveniente de juros e multas gerados pela falta ou atraso de pagamento dessas obrigações, além de possíveis sanções por parte dos órgãos de arrecadação. Diante dessa situação, o CF reforça a evidência de descumprimento do artigo 106 e destaca o artigo 39, § 2º, inciso VII, do Estatuto do Clube e a legislação correlata, bem como solicita que a Diretoria Executiva estabeleça critérios administrativos rigorosos para o restabelecimento da normalização dos pagamentos”.
A conclusão sobre o segundo trimestre financeiro do Bahia ressalta, novamente, para os perigos que o clube se encontra.
“(…) o Conselho Fiscal examinou os demonstrativos contábeis, a execução orçamentária, o fluxo financeiro e documentos disponibilizados pela Diretoria Executiva referentes ao 2º trimestre do exercício de 2022. As informações levantadas sinalizam exposição do Clube a riscos trabalhistas, previdenciários, tributários, contratuais e de imagem. O resultado deficitário verificado no período, bem como os desafios de caixa e o passivo a descoberto registrado pelo Clube reforçam a exigência de um permanente controle orçamentário, financeiro e operacional por parte da DE. Cabe salientar, ainda, a preocupação reiterada deste Conselho Fiscal quanto à gestão das dívidas de curto prazo”.
Ex-VP do Bahia, Pedro Henriques relata indignação com a situação
Vice-presidente do Bahia entre os anos de 2015 a 2017, e ex-CEO do clube entre 2018 a 2020, Pedro Henriques fez uma série de publicações em sua conta pessoal no Twitter, nas quais relatou insatisfação com o cenário exposto pelo Conselho Fiscal.
“A torcida do Bahia vive ansiosa à espera da tão noticiada proposta do Grupo City para transformação do clube em SAF. Se dentro de campo os últimos atos do Bahia democrático tendem a ser positivos (com o acesso) fora dele as coisas passam longe de estar bem”.
Henrique cita como vergonhoso o atraso no recolhimento do FGTS, deixando no ar que já viu esse tipo de situação em outras gestões.
“Tive acesso ao exame das contas do 2º trimestre desse ano do Bahia. O cenário é triste. Mais que isso: é vergonhoso. Já havia visto denúncias em rede social sobre o n recolhimento do FGTS, e o CF ratifica essa informação. Essa prática nós vimos no Bahia em outras épocas”.
“O Bahia não recolheu as contribuições previdenciárias e IRRF no período e também no 1º trimestre! Isso é apropriação. Conduta tipificada penalmente! Imagine que você retém o imposto de renda no pagamento do seu funcionário e, em vez de repassar ao fisco, fica para você! Não pode!”.
Reclama também sobre o atraso no PERSE: “Bahia está em atraso no PERSE (“parcelamento” q “regulariza” questões fiscais)”.
Henriques finaliza falando sobre a expectativa da oferta de SAF do Grupo City, destacando que espera por uma profissionalização duradoura com o conglomerado árabe no comando.
“Com tudo isso exposto – e na expectativa de uma boa proposta do Grupo City que traga profissionalização duradoura para o clube – não há dúvidas sobre como morrerá a democracia tricolor: diante de um estrondoso aplauso”.
Pedro Henriques, ex-VP e ex-CEO do Bahia, no CT Evaristo de Macedo em 2020 (Foto: Felipe Oliveira / EC Bahia)
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