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Coluna

Carlos Patrocinio
Publicada em 18/01/2023 às 13h42

O Bahia, sua torcida e os jovens jogadores

O ECBAHIA.com traz aqui uma matéria falando sobre as oportunidades que Douglas Borel, jovem lateral direito de 20 anos, vem recebendo neste início de temporada. E uma coisa chamou muito minha atenção: os comentários sobre o jovem jogador. Pincei as seguintes frases:

  • “Vai não, vai não, ele é muito fraco.”
  • “Lateral horrível, sem fundamentos, fraco.”
  • “Falta muita coisa ainda, pra ele ser um jogador meeiro,”
  • “Pode dispensar esse aí. Horroroso.”
  • “Jogador simplesmente horrível.”

Já no domingo, durante o jogo, conversando com um grande amigo tricolor durante a partida contra a Jacuipense, falamos um pouco sobre Borel e sobre a notória (falta de) paciência da torcida do Esporte Clube Bahia com seus jovens jogadores. Durante o papo, lembramos de diversos jovens jogadores que sofreram com a falta de paciência da torcida tricolor, como Cícero, Jorge Wagner, Madson, Becão, dentre outros.

Inclusive, usamos Madson como exemplo para a recorrente impaciência com Borel. Afinal, este foi um jogador que saiu daqui, para variar, sob críticas da torcida. De fato, não se tornou um jogador brilhante, para jogar na Europa, seleção ou coisa do tipo. Ainda assim, agora com seus 31 anos, se tornou um jogador com 200 atuações em Série A, com atuações em Libertadores, Sulamericana, passando por equipes como Vasco, Athletico, Gremio e Santos (dados extraídos do Transfermarkt aqui).

De 2014/15 pra cá, quando saiu do Bahia sem custos para o Vasco da Gama, tivemos laterais muito superiores a Madson? Será que, com mais paciência da torcida, não poderia se desenvolver e ser, ao menos, um jogador de grupo aqui? A última pergunta, inclusive, faz pensar muito sobre o papel da divisão de base para um clube.

Boa parte da torcida, pelo menos aquela mais corneteira (e eu tenho meus vários momentos de corneta, muitas delas injustas), costuma acreditar que a base está aí para revelar craques, jogadores com protagonismo. Claro que é importante e muito bom quando surgem jogadores assim, mas não acho que este seja a principal razão de ser da base. Vejo a base como uma importante fonte de jogadores de grupo, de elenco, já que, na maior parte das vezes, fornece jogadores com salários mais acessíveis.

Fico pensando se Borel e André ganhavam mais do que Marcinho, por exemplo. Arriscaria que não. Marcinho entregou mais do que os dois jovens jogadores? Trouxe atuações brilhantes, assistências, gols, poder de marcação? Longe disso. Na lateral esquerda, no ano passado, foram contratados Luiz Henrique e Djalma. Entregaram mais do que Matheus Bahia? Será que o próprio Ryan não poderia ter chances no ano passado, ao invés de improvisar Rezende e Copete na posição?

O fato é que um jogador como Marcinho, que, para além da ausência de bons desempenhos nos últimos anos e mesmo aqui no Bahia, ainda traz a bagagem pessoal do crime que cometeu, com sentença de 1º grau o condenando por homicídio, conta com mais parcimônia da torcida do que meninos que estão aqui desde criança, como André e Borel.

Não acho que Borel seja um novo Cafu ou Daniel Alves. Longe disso. Mas não acho que seja um novo Garrinchinha, um perna de pau qualquer. Inclusive, nos dois primeiros jogos, com sequência, entendo que, apesar de estar longe de atuações brilhantes, fez partidas corretas, sem comprometer, ainda que contra adversários de nível técnico mais baixo. É um lateral com ótima velocidade, com personalidade. Penso que, sob a orientação correta, se parece longe de se tornar um craque, tem potencial para ser um jogador de grupo.

Uma coisa é certa: o CFG vai investir em jogadores jovens e, no médio prazo, na restruturação das divisões de base tricolores. Acredito, que nos próximos anos, veremos muitos jogadores saídos da base sendo utilizados no time de cima, juntamente com vários jogadores jovens trazidos de outras equipes. E o desenvolvimento destes jogadores exige paciência com os erros, porque fatalmente eles errarão.

Não estou dizendo que a torcida não possa ou não deva cobrar. Creio que deve. Mas pergunto: de que modo frases como aquelas que coloquei no início do texto podem colaborar com a evolução de um jovem ativo do clube? É justo que um jovem jogador seja vaiado a cada toque na bola durante um jogo, como já vimos acontecer por aqui antes? Na mesma aba de comentários da matéria sobre Borel há comentários recomendando o empréstimo do jovem lateral para ganhar rodagem. Aí é um tipo de comentário que pode agregar algo.

As redes sociais e páginas de internet não são um mundo a parte. Coisas assim acabam chegando no jogador. Lógico que lidar com as críticas, mesmo as maldosas, faz parte do crescimento do atleta. Mas não consigo ver como críticas assim possam contribuir para alguém.

Hoje o Bahia tem no elenco o goleiro Gabriel Souza (18 anos), os laterais André (19), Borel (20) e Ryan (20), Gabriel Xavier (22), os meio campistas Miqueias (21), Patrick Verhon (18) e os atacantes Everton (20) e Kannedy (18) integrados ao grupo profissional, ao menos para o primeiro semestre. Fico na torcida que possam ter chances no time de cima, ao menos no Campeonato Baiano e possam tentar se desenvolver no clube.

Tomara que contem com o apoio e, quem sabe, um pouco de paciência de nossa torcida.

 
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