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Confira a segunda parte da conversa com Jorge Avancini

Notícia
Entrevista
Publicada em 23 de maio de 2017 às 19:39 por Vladimir Costa

Na segunda parte de nosso papo com o Diretor de Mercado do Bahia, Jorge Avancini, falamos sobre o plano de sócios, as diferenças culturais entre as diversas torcidas do Brasil e a do Bahia  e as impressões do gaúcho que mora em Salvador há mais de dois anos. Confira:

ecbahia.com – recentemente você usou o twitter para responder a alguns torcedores sobre a importância de se tornar sócio do clube…

Jorge Avancini – Respondi com muita expressão e com lógica, embora muitas pessoas tenham interpretado de forma diferente.

ecbahia.com – Teve uma dessas respostas que inclusive acabamos retuitando, nele você questiona ao torcedor quantos sócios ele já tinha levado ao clube. O torcedor entendeu como se você estivesse dizendo que a obrigação era dele de conseguir novos sócios…

JA – A obrigação é de todos nós. Escolhemos  um time grande… não é transferir a responsabilidade para o torcedor. O torcedor que é apaixonado, ele vai lá no amigo e fala: “cara vai lá e ajuda o Bahia, se associa!” Isso qualquer um faz. Não é “eu estou fazendo o trabalho do Avancini”.

É uma questão de consciência. Hoje somos 13, 14 mil. Se cada um de nós trouxer um (sócio) a mais, seremos 28mil. Foi assim que o Inter, o Palmeiras e o Grêmio cresceram.

É uma questão cultural, agora que nós fomos pra final todo mundo quer ser sócio? Porque não virou sócio ano passado?

Aí vem com aquele argumento de “contrata que a gente associa”. E se a gente contratar e tu não te associar, quem paga a conta? A minha experiência comprovou que não paga a conta e não vamos ficar endividando o clube. 

Daí vem outra coisa que eu falei e foi mal interpretada: quem nasce primeiro o ovo ou a galinha? Contrata primeiro e associa ou associa pra depois contratar? Eu tendo a segurança do dinheiro da associação, da mensalidade, com isso o presidente pode alçar voos mais altos sem endividar o clube ou voltar o clube pro estado que encontramos em 2015. Nunca na história de Grêmio e Inter se contratou para depois ter aumento na associação.

Ecbahia.com -Tem uma coisa que distingue o comportamento do gaúcho com o do baiano, independente de clube, que é uma identificação muito forte com sua cultura. Você que o Rio Grande do Sul é o único estado que possui Centros de Tradições. O gaúcho tem muito orgulho da sua cultura e isso vem desde o período colonial e isso deve refletir na relação do torcedor com seu clube. Coisa que não se vê na Bahia. Em Salvador a maioria dos clubes sociais quebrou até a década de noventa.

JA – Da década de 80 em diante houve uma mudança muito grande nas opões de diversão. Na minha época eu só ia em piscina se fosse sócio de clube. Hoje temos shoppings centers, condomínios que são verdadeiros clubes com piscina, quadra, academia e tudo. Então pra quê você vai se associar a um clube social?

No Sul há uma cultura mais associativista? Sem dúvida há! Mas isso se deve mais à consciência de que eu preciso me associar para tornar meu clube forte. Primeira coisa: ajudar meu clube ele vai ser maior que o meu adversário. Depois, se eu tiver um clube forte eu vou ter boas instalações, o cara vai vim jogar sabendo que vai ter condições, vai ter um time competitivo.

Quando vim morar na Bahia, eu pensava que o soteropolitano frequentava mais a praia. Morei dez anos no Rio e o carioca vai na praia de seu bairro, lá todo mundo se mistura, seja rico seja pobre. Aqui não, o pessoal diz que não é muito de praia e quando vai é pro litoral sul ou norte. Então até hoje eu pago por uma frase que falei quando cheguei aqui, que o grande concorrente do Bahia era a praia. Mas na verdade a “praia” é o condomínio, é a violência, a falta de transporte público, é o futebol na TV, TV a cabo, são coisas que não existiam anos atrás…

Ecbahia.com – celular e redes sociais tomam muito tempo das pessoas hoje em dia também

JA – Hoje você pode assistir o jogo do celular.

Ecbahia.com – Voltando a falar do número de sócios que temos hoje, algumas pessoas citam o exemplo do Remo, que atualmente tem mais sócios que nós, vocês chegaram a pesquisar o caso, uma vez que o Remo é um time sem estádio, que está numa terceira divisão e ainda assim tem mais sócios que o Bahia?

JA – O Remo tem uma torcida que não tem a representatividade nacional que tem o Bahia só que o torcedor é muito mais engajado. Uma das pessoas que trabalha comigo aqui, trabalhou no Remo e ele diz que a torcida tem muito mais engajamento. Torcedor do Bahia é de uma volatilidade impressionante, tem muita paixão mas se o clube não tivesse chegado na final do Nordeste muita gente ia pedir a cabeça do Marcelo, eu seria mandado embora porque não presto.

Ecbahia.com – Vocês conseguem fazer uma autocrítica e analisar onde o programa está falhando na comunicação com o sócio? Algo que ao longo desses anos, vocês mudaram na abordagem do plano?

JA – Eu acho que a causa não é a comunicação. Acho que o problema é o clube que há anos não ganha nada, é uma torcida sofrida, que está acostumada com grandes resultados, o torcedor está chateado. O nosso plano é um dos mais baratos do Brasil, hoje temos 8mil sócios Acesso Garantido, que não pegam fila, chuva sol para assistir o jogo.

Não que o plano não possa ser melhorado, reavaliado, isso tem que acontecer, mas o que mais precisa é a mudança cultural. Hoje o torcedor só quer ir na boa, quando o time tá ganhando, isso não adianta.

Ecbahia.com – O torcedor não está vendo a associação como uma forma de ajudar o clube mas sim como uma relação comercial, eu te pago x e você devolve y?

JÁ – Foi o que me surpreendi quando cheguei no Bahia. O Torcedor perguntado – O que vou ganhar se me associar ao Bahia? Não me dá nada, não ganho camisa etc…  de novo, não é me eximindo de responsabilidade, lógico que nossa equipe tá o tempo odo pensando em novas coisas mas se não sai é porque não deu. Mas o torcedor tem que ter a consciência de que precisa fazer a sua parte. Não adianta fazer o melhor plano que tem se o torcedor não apoiar.

Ecbahia.com – Vocês têm a distribuição dos torcedores ao longo do país?

JA – Eu não sei de cor mas tem sim. Inclusive na apresentação da Assembleia Geral de Sócios, na parte de transparência do site. (Nota: até o fechamento dessa matéria não encontramos essa informação no site oficial do clube).

Ecbahia.com – Não falta mais atrativos para os sócios que moram fora da região de Salvador?

JA – Cara, se 10 ou 25 pila não forem atrativos…

Ecbahia.com – Principalmente considerando esse perfil do torcedor que só quer ser sócio se ganhar alguma coisa. A atual rede de sócios atender o grosso dos torcedores…

JA – 96% dos sócios moram na região de Salvador.

Ecbahia.com – Se a gente aumentar a abrangência da rede de sócios para todo o país não teríamos mais sócios?

JA– Claro, óbvio. Mas como vou chegar para uma empresa de abrangência nacional e dizer que tenho dois sócios no Acre, um em Manaus, um Belém? O empresário vai falar que isso não é atraente para ele. Tem que associar, eu preciso chegar pra ele e dizer: meu amigo, o Bahia tem 30mil sócios. 20mil em Salvador, no Rio tenho mil, São Paulo também…

Ecbahia.com – E as empresas da rede atual, que tem atuação no país todo, como uma empresa de idiomas. O Sócio de fora pode ter esse benefício ou o contrato é com a franquia local?

JA – Não, o benefício é com a franquia local. Hoje desconto nacional somente as drogarias Pacheco e São Paulo nem a (rede de cinemas) UCI é nacional. A franqueada que tem acordo com a gente é a Orient que é daqui. Nem o sócio de São Paulo consegue assistir com desconto porque a UCI entendeu que não quer fazer. Então é melhor eu fechar um acordo que atenda a 96% da minha massa pra ver se atraio mais gente e depois volto aos caras e tendo expandir.

Além disso, a maioria das redes grandes de lojas, supermercados e farmácias têm seus próprios programas de milhagem, de fidelização então eles não se interessam nos encaram como potencial tirador de negócio deles.

Ecbahia.com – visitando o www.socioesquadrao.com.br vemos que a maioria dos conveniados é de franquias, correto?

JA– Hoje são 140 parceiros, é outra coisa que o torcedor não nota. Quando chegamos há dois anos a gente saiu de 7 para 140. Hoje tem uma faculdade que dá 30% de desconto na mensalidade.

A entrevista foi gravada na última sexta- feira. De lá até esta terça mais de mil torcedores tornaram-se sócios do clube, chegando a um total de 14.057. conforme o último fluxo financeiro publicado no site oficial, o programa de sócios rendeu em abril o total de R$778.592,92 em valores brutos. Só a conta de desembolsos legais (acordos trabalhistas, Acordão com o TRT etc) custaram aos cofres do clube quase o mesmo valor: R$757.665,32.

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