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Conversamos com o Diretor de Mercado do Bahia

Notícia
Entrevista
Publicada em 19 de maio de 2017 às 12:00 por Vladimir Costa

O ecbahia.com conversou com o Diretor de Mercado do Esquadrão, Jorge Avancini nessa quinta feira. Na entrevista falamos sobre o lançamento dos uniformes, número de vendas, e as diferenças entre Nike, Penalty e Umbro.  Falamos também sobre o plano de sócios do clube e as razões que levam à baixa adesão dos torcedores. Confira a primeira parte:

ecbahia.com – Desde a volta da Penalty tem-se notado uma maior aceitação dos padrões do Bahia, uma vez que a Nike/Netshoes era muito criticada pela  falta de qualidade do material, o desenho e pela falta de identidade das camisas com o clube. Pode-se até dizer que foi um case de insucesso da Nike com os clubes do Brasil …

Jorge AvanciniEu estava no Inter quando a Nike chegou e posso falar. Lá e no Corinthians ela teve sucesso, seleção brasileira também. Isso porque nós  não aceitamos intermediário que era a Netshoes, negociamos diretamente com a marca, sem intermediários.

O que aconteceu com o Santos, Coritiba e Bahia foi que tinha a figura da Netshoes de intermediária. Então enquanto o Inter e o Corinthians recebiam a coleção do ano, os outros clubes recebiam a coleção da temporada anterior na Europa. No Inter foi um sucesso, lá vendia 300mil camisas por ano.

ecbahia.com – Vocês tem um histórico do desempenho de vendas das camisas, obviamente de 2014 para cá ( primeiro ano completo após a redemocratização do clube) ? Há um comparativo de desempenho entre Penalty e Umbro?

JA– Há sim. Recebemos relatórios mensais e posso te dar o sentimento que nós temos das últimas coleções, obviamente sem contar a atual pois foi lançada no domingo, ainda está chegando nas lojas e tal. Assim como provavelmente o Lênin (Franco, gerente de mercado do clube) deve ter conhecimento do período da Nike, de quando eu ainda não estava aqui.

ecbahia.com – Da mudança de Penalty para Umbro foi possível notar um aumento nas vendas?

JATem uma situação que tu sai de Nike, que eu imagino que tenha sido uma grnade aspiração do torcedor, ter a maior marca do mundo que depois se tornou uma frustração para o torcedor, é o que eu presumo que tenha acontecido.

Posteriormente houve a ruptura do contrato por parte do clube, uma coisa e inédita, e o clube foi pro mercado e a única empresa que abraçou o clube no momento foi a Penalty que já tinha uma história de sucesso no passado.

ecbahia.com – Foram quase dez anos, de 1995 a 2004…

JAExatamente. E nesse período de 95 ao começo dos anos 2000 a marca esteve presente em outros clubes de futebol. Mas o que ocorreu após isso, foi que marcas internacionais entraram no Brasil. Antigamente tínhamos marcas nacionais fortes como a Topper, a própria Penalty que ficou 15 anos no Grêmio.

Mas com o surgimento das redes sociais, acesso à TV a cabo com os campeonatos europeus foi uma aproximação maior a marcas como Umbro, Nike, Kappa etc e a única que resistiu como marca nacional foi a Penalty. Que buscou se readequar à realidade atual.

Eu posso dizer o seguinte, o material da Umbro (na realidade ele quis dizer Penalty) desde que eu cheguei aqui em 2015 é sempre foi de qualidade boa para excelente. A gente acertou muito com o uniforme cinza, que foi um sucesso de vendas, a gente vendeu mais de 8mil unidades num espaço de 45 dias, que para um lançamento de terceiro uniforme foi um sucesso.

Depois tivemos a branca de final de ano, que o mercado não acreditou e vendemos mais de 3mil camisas e acabou faltando nas lojas antes do natal.É bom lembrar que ela entrou pra cobrir um buraco, o Bahia estava sem a Nike e se não fosse a Penalty o Bahia não teria uniforme para jogar.

No ano seguinte, ela teve mais tempo de elaborar o uniforme, e lançaram a camisa de 2016 com aquela branca fazendo alusão aos 85 anos do clube. Um material de alta qualidade. A mesma coisa aconteceu com a Umbro ano passado. Ela veio para entrar no lugar da Penalty e teve que correr para apresentar o material. Então você não consegue em 3 ou 4 meses atender as exigências de um clube como o Bahia.

A Umbro tem uma equipe de desenvolvimento e tecnologias maiores que a Penalty e agora ela teve um ano para criar esses uniformes, para entender o torcedor do Bahia, lembrando que ela esteve no Clube em 1989 na disputa da Libertadores, então ela volta quase 30 anos tentando entender o novo torcedor, e atrelar o uniforme a uma história.

Esse ano faz alusão ao descobrimento do Brasil, a bandeira da Bahia na camisa branca. O Bahia quer ser o clube que defende as cores do estado, onde o Brasil nasceu é todo um conceito para levar a baianidade pelo mundo a fora.

ecbahia.com – Isso vai ao encontro do que você já disse em entrevistas anteriores da necessidade da interiorização da marca do Bahia. De fato Bahia e Vitória não entram no interior do estado…

JANão entram porque não jogavam no interior. Hoje temos todo um processo para segurar a as marcas do Rio e São Paulo, do exterior também, Barcelona e Real Madrid estão aí. Então até por isso a gente assinou um contrato longo com a marca para ela vir se habituando.

ecbahia.com – Falando sobre desenho de uniforme, muitas pessoas por meio das redes sociais questionam porque o clube e a marca não realizam um concurso para que o torcedor sugira e escolha o modelo de camisa através de uma competição?

JAÉ muito complicado. Eu já tive uma experiência dessas no inter e rola muito desgaste e eu explico o porquê. Pra ti ter uma ideia, a Umbro está lançando agora o uniforme e já estamos mexendo no uniforme de 2018. É um ano para desenvolver um uniforme . Tem que levar em consideração o material que vai ser usado, temos que esperar o resultado das vendas do atual, saber onde errou, onde acertou, qual será o conceito que será usado em 2018.

Então, não é que seja impossível fazer uma competição mas, se eu fizer hoje uma campanha para escolha do uniforme eu não consigo colocar ele no mercado esse ano. Tem que abrir prazo para receber as propostas, criar uma comissão para escolher os melhores, depois verificar se aqueles designs não são usados em lugar nenhum, depois submeter os melhores a votação popular, até aí tudo bem.

Mas a partir do momento que escolhe o vencedor, a demanda vai pra Umbro decidir qual o melhor corte, qual o melhor material, tem aqui? Vem da China? Então é muito complicado pra sair no mesmo ano.

Além disso, há ainda o fator surpresa que é importante. Se você escolhe o desenho em concurso não atrai a curiosidade do torcedor. Como vai gerar todo esse buxixo que aconteceu no domingo? Pela primeira vez a gente conseguiu manter o segredo das camisas até o dia do jogo. Se não fosse pelo pessoal da comunicação da Umbro…

ecbahia.com – pareceu que tinha sido combinado aquele vazamento, não?

JA- Não. A guria da comunicação apertou o botão antes da hora, era pra ser às 15h30 ela publicou antes.

ecbahia.com – Sim, umas 13h, logo que começou o evento na Fonte…

JAPela primeira vez na história do clube seguramos sem vazar a camisa até o dia do lançamento isso gera curiosidade, leva o torcedor ao estádio, tem o lado comercial também que é fazer a expectativa despertar a curiosidade do torcedor.

ecbahia.com – No passado, a Penalty costumava fazer duas versões do uniforme. Uma que era usada pelo time nos jogos e outra de torcedor, com o mesmo desenho, mas de material inferior e mais barata…

JAEu vou te dizer que já fiz isso no Inter e sabe qual a que vendeu mais? A de jogo. A mais cara. Porque ela tem qualidade melhor, acabamento melhor. O torcedor vai querer a camisa que seu ídolo usa. A Nike fez isso com o Boca e com o Inter e estatisticamente falando, a mais simples vendia bem menos.

ecbahia.com – Recentemente, tanto a Penalty quanto a Nike venderam camisas sem patrocínios. Elas saíram à revelia do clube? Não causou queixa dos patrocinadores?

JAClaro. O que aconteceu foi que na pressa de colocar o material na rua sai sem patrocinador ou vai um ou outro. Mas todos nossos contratos obrigam a colocar a marca tanto na camisa de jogo como nos uniformes de treino.

Sobre as pessoas que falam que preferem a camisa sem patrocínio eu pergunto: o torcedor quer usar a camisa igual à de seu ídolo no clube ou apenas com o número dele? E hoje no Brasil não há um time que jogue sem patrocínio.

ecbahia.com – O Corinthians foi campeão do mundo com vários patrocínios espalhados…

JAFoi o que permitiu trazer o Ronaldo na época. Então, se eu botar camisa sem patrocínio (pra vender), eu perco os contratos e quem me garante que a venda de camisas sem patrocínio que terei vai ser tão grande que cubra o que eu receberia se tivesse uma marca no espaço?

ecbahia.com – Você pode dizer qual o número de vendas do Bahia hoje?

JANão. Isso é fechado. Mas eu posso te dizer que as vendas estão abaixo do potencial do Bahia. Eu vou te dar um número em torno, hoje o Bahia vende de 90 a 120mil camisas por coleção.  Por quê? Por causa da frustração da torcida. Nos últimos anos o Bahia não disputou campeonatos importantes, teve o rebaixamento e isso reflete muito. Agora depois dos dois últimos resultados a venda arrebentou né?

ecbahia.com – A Umbro já completou um ano no Bahia?

JASim. Agora em maio.

ecbahia.com – As vendas da Umbro foram superiores às Penalty?

JA– Ainda não tenho o fechamento do período.

ecbahia.com – Mas o seu sentimento é de que houve crescimento?

JAAcredito que sim pois teve a subida para a primeira divisão. Então a Penalty não deu essa sorte e por isso patinou (em relação à Umbro).

Em enquete promovida em nosso site, os novos uniformes do Esquadrão tiveram aprovação total de 74%. Apenas 4% dos votantes reprovaram as duas camisas. Ao longo dos últimos anos foi a melhor avaliação obtida por Nike, Lotto, Penalty e Umbro.

Amanhã teremos a segunda parte da entrevista com Avancini, onde abordamos o programa de sócios do clube e a sua comparação com os números de clubes como Grêmio, Inter e Remo. Não perca!

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