Embora chegue ao Bahia bastante exaltado por ter brilhado na última rodada do quadrangular final da Série C, quando o Remo bateu o Novo Hamburgo fora de casa e subiu ao lado do América de Natal, o atacante Capitão não vivia um grande momento em Belém. Pelo contrário, desde que chegou do Ceará (onde só marcou um gol na Segundona), em meados de setembro, com o campeonato andando, ainda não havia conquistado a torcida. Tanto que começou a referida partida no banco… Confira o que os principais jornais paraenses escreveram sobre ele no dia seguinte ao acesso:
O LIBERAL – Os atacantes Maurílio e Capitão viajaram para Novo Hamburgo sob a desconfiança da torcida azulina. Em má fase, ambos foram execrados pelos torcedores durante os treinamentos da semana passada. Apoiados pelo técnico Roberval Davino, eles não se deixaram abater. Entraram em campo e acabaram tendo participação decisiva no jogo de ontem.
Dos dois, Maurílio, 35 anos, foi quem mais se destacou. A exemplo do restante do time, ele não atuou bem no segundo tempo e cresceu na segunda etapa. O seu crescimento aconteceu de tal forma que mudou a cara do Remo. Atuando no meio-campo, o veterano ajudou na marcação e ainda contribuiu diretamente no placar final: fez o passe para o primeiro gol e ainda anotou o tento da vitória, com um toque de categoria (…)
A exemplo do companheiro, Capitão, 30, falou sobre o resultado que lhe colocou novamente nos braços da torcida. Especialmente porque balançou as redes após um jejum de sete partidas. “Eu nunca abaixei a minha cabeça. Sabia que passava um mau momento, e eu mesmo me cobrava disso. Mas até agora fico feliz porque consegui o ajudar o Remo neste título”.
DIÁRIO DO PARÁ – O atacante Capitão foi um dos jogadores mais festejados no elenco azulino, ontem à noite, em Novo Hamburgo (RS). Autor de um dos dois gols da vitória do Leão sobre o time gaúcho, o jogador era só sorrisos. Após a maratona que durou cerca de quatro meses, Capitão quer sossego. Vou passar uma semana em Maceió com a minha esposa e as minhas filhas. Quero comemorar com a torcida e depois descansar bastante, declarou ele, que estava há algumas semanas sem falar com a imprensa. Segundo ele, as críticas fizeram-no evitar os holofotes. Eu estava evitando falar porque sabia que na hora certa as coisas viriam. O Davino confiou em mim hoje (ontem) e nunca baixei a cabeça. Eu sabia que uma hora isso tudo iria passar e eu iria ajudar o Remo a subir à Série B, disse.
Ontem, Capitão começou o jogo na reserva. Homem de segurança de Davino dentro da área – sobretudo nas jogadas aéreas -, o atacante acabou sendo substituído por Douglas Richard. No segundo tempo, recebeu a missão de entrar e marcar o gol que o Leão precisava para sair do sufoco. Cumpriu a sua obrigação logo aos dois minutos e foi comemorar ao lado da pequena torcida que foi ao estádio. Não é pelo fato de ser titular ou reserva que a gente se motiva, não, disse, ao ser perguntado sobre os 45 minutos que passou no banco. Reconheço que não estava tão bem. O Davino sempre teve pulso firme e decidiu mudar. Eu respeitei. Ontem, ele resolveu me colocar num momento bom e fui iluminado por Deus naquele gol, completou.
O atacante também disse ter digerido bem as cobranças da torcida e as críticas da imprensa. Eu sempre fiquei muito bem. Acho só que teve gente que falou demais, mas Deus escreve certo por linhas tortas. Mais uma vez eu brilhei, marcando um gol decisivo, ressaltou, lembrando do gol que marcou logo na sua estréia contra o Tocantinópolis, quando o Remo precisava vencer por três gols de diferença. Temos que procurar honrar a camisa do clube. Isso é o que vale. Vamos entrar para a história do Remo, que conquistou o seu primeiro título nacional.
O atacante disse que jogou mal em algumas partidas por atuar isolado no ataque. Eu jogava muito sozinho na frente. Alguns torcedores ficaram chateados, mas outros me davam força. Eu procurei me doar o máximo para dar a volta por cima. Eu tinha certeza que Deus iria me abençoar por isso. Agora, Capitão só quer descansar.
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