Um discurso ambicioso, porém consciente. Palavras ufanistas do jeito que a torcida gosta, porém planejadas. Frases de efeito, ideias muito bem colocadas e demonstração de preparo para estar no lugar que ocupa.
O presidente Marcelo Sant`Ana fez os olhos da Nação brilhar na noite desta terça-feira, em participação destacada no programa “Bola da Vez”, do importantíssimo canal ESPN. A entrevista foi gravada duas semanas atrás.
Valorizando o Esquadrão, Marcelo teceu comentários fortes sobre a chamada Lei de Responsabilidade Fiscal e a distribuição econômica do futebol brasileiro, que considera injusta. Sant`Ana também falou sobre o futebol do Nordeste e disse acreditar num crescimento da região como um todo.
Sobre os modelos de pontos corridos e mata mata, se mostrou indeciso. Afirmou que achava os pontos corridos o modelo mais justo, mas disse que não tinha opinião formada sobre qual dos dois seria o melhor.
E talvez, o único ponto em que mostrou discordância com a torcida foi o momento em que comentou sobre os atuais “grandes” rivais do Tricolor. Marcelo declarou que hoje os rivais do clube são outros ramos de entretenimento citando a praia de Salvador e seguindo o discurso do seu diretor de mercado, Jorge Avancini.
Para finalizar, o jovem presidente explicou que pretende apostar nos torcedores do interior do Estado e encerrou com chave de ouro: “E aí me desculpe os times do Sul, mas no Nordeste quem tem que mandar é o Esporte Clube Bahia.”
Vale ler até o final:
NEGOCIAÇÃO COM A ARENA FONTE NOVA
Foi uma negociação que vinha se arrastando por quase quatro meses. Antes do Natal a gente já estava em negociação com a FNP, que é o negócio privado da PPP. A gente não conseguia chegar a um consenso não só da parte financeira, mas da gestão do equipamento. A torcida tinha uma crítica muito grande em relação à bilheteria. A demanda estava sendo maior do que a capacidade da Fonte Nova de oferecer os ingressos.
Estávamos buscando maneiras de aproximar. Era um casamento distante. A gente entendeu que não dava mais para esperar. Era necessário que o Bahia se posicionasse. Nos posicionamos com o fim da negociação. Felizmente dois dias depois, houve um entendimento, o modelo foi renegociado intermediado pelo Governo do Estado da Bahia.
Este debate com a FNP é uma discussão que temos que ter em âmbito nacional também. Na mesma semana que tivemos o debate, tinhamos uma partida no Estádio Amazonas e foi remarcada por questão de custo. Então o problema de Arenas, esse modelo de negócio, tem tido crise em diversas praças esportivas.
O modelo anterior previa um mínimo garantido de 9 milhões por ano para o clube. Mas também era um teto, pois dificilmente o Bahia conseguiria algo maior. Para a Fonte Nova também não era vantajoso.
Então, nesse novo modelo o mínimo foi reduzido para 6 milhões, mas agora o Bahia participa de camarote, praticamente dobrou a porcentagem no naming rights, e terá acesso à área de alimentos e bebidas. Hoje, em dias de jogos, todas as receitas que se referem ao espetáculo o Bahia tem participação. E também temos participação no pré-jogo. A gente vai ter facilidade em negociar com a Arena as bilheterias, preço.
A gente vai conseguir entender quem é o sócio do Bahia que está indo ao estádio, em qual setor, para que possamos oferecer um produto customizado para este torcedor. Precisamos ter essa integração. Um trabalho pró-ativo ao invés do reativo que estavam executando nos últimos dois anos.
Teremos também uma sede administrativa na Fonte Nova. O Bahia também terá direito a uma loja oficial e um memorial dentro do equipamento esportivo. Então, será uma relação mais próxima. A Fonte Nova vai ganhar muito mais, pois o torcedor do Bahia vai ter uma compreensão melhor do que é esse equipamento.
ARENAS NO PAÍS
O que eu acredito que o futebol precisa refletir um pouco mais, e ai os clubes precisam colocar o dedo na ferida é que muitas vezes a discussão é se a Arena é vantajosa ou não é. O clube não pode ser o único conteúdo. E aí transfiro a pergunta para todas as Arenas. Em São Paulo, no dia que o Corinthians não joga, gera receita para o Corinthians? Na Arena Pantanal, quais são as outras fontes de receita. Então, o debate é sobrecarregado em cima do clube, como ele fosse o Salvador. Acredito que ele seja o elo entre o torcedor e a Arena, mas não pode ser o único.
O problema da Arena Fonte Nova é como rentabilizar os outros jogos do ano, os quais o Bahia não joga. O debate é como essas Arenas vão se integrar à realidade local para serem exploradas. Temos que maximizar as receitas.
O Bahia por muitos anos se acostumou a ser submisso. Eu não aceito isso. Não quero colocar a faca no pescoço de ninguém, mas quero que as pessoas entendam que o Bahia como parte do negocio. A Fonte Nova é um equipamento classe A, nível Copa do Mundo, mas o serviço que era prestado não era. A gente quer que diminua esse distanciamento e foi isso que o Governo entendeu.
Eu confio na força da torcida do Esporte Clube Bahia. Eu acredito que vamos conseguir reverter esse distanciamento para o Bahia ganhar mais, a Arena ganhar mais e para você que é torcedor ter muito mais prazer e orgulho de frequentar esse equipamento.
CONTRATAÇÕES E LEI DE RESPONSABILIDADE
“É muito fácil contratar jogador. O difícil é pagar. E o futebol brasileiro não tem essa consciência. O dirigente muitas vezes quer tirar o dele da reta. Eu agora estou em duas semifinais, uma do Campeonato Baiano e outra do Campeonato do Nordeste. Se perder é crise. O torcedor do Bahia não vai aceitar que a gente perca, principalmente o Baiano que o rival foi eliminado nas quartas de final. Então, eu vou ser muito pressionado.
Qual a maneira mais fácil de dar uma resposta? É contratar um jogador que você cala a boca. Contrata um cara que tem um nome, uma fama, que tem um discurso bom para se aproximar do torcedor e ele lhe blinda. Só que essa blindagem tem um prazo de validade e é o mês seguinte quando você vai pagar o salário. Só que a gente fica nesse modelo falido, não tem muitas vezes vontade de cortar na carne e mudar esse sistema e a gente que é dirigente se prejudica. Porque, quem vai pagar essa conta? É o próprio dirigente que faz a irresponsabilidade.”
O Bahia tem um endividamento de 178 milhões de reais, 127 com dívida tributária federal. Esse endividamento quem foi que fez, fui eu? Agora se eu não pago o salário quem é que vai preso? Sou eu. Então essa responsabilidade que tem que ter. Entendo que a lei de responsabilidade que saiu como medida provisória até agora ela é válida. Não concordo com todos os pontos dela, mas concordo com a maioria. Como não concordo também com 100% do Bom Senso, mas concordo talvez com 80%.
MEDIDA PROVISÓRIA
Quando a Medida Provisória exige reeleição limitada eu concordo. No Bahia, desde 2013 teve uma reforma estatutária que o mandato do presidente só permite uma reeleição. Agora, não gosto quando se tem a obrigatoriedade de se forçar todas as entidades. Isso termina indo além da conta. Acho que se beneficia quem quer. Agora entrou, tudo bem, tenha as obrigações.
Acho que a transparência é sempre benéfica, agora também tem que ter um certo limite, pois existem regras competitivas de mercado. Não me sentiria confortável por exemplo, em dizer cada valor de cada patrocinador do Bahia. Posso dizer no final do ano, mas se você disser cada um, você acaba revelando no mercado e perdendo uma vantagem competitiva. Não tenho problemas em quanto mais transparência melhor, mas precisamos de limites.
O Conselho Deliberativo do Bahia tem total autonomia de pedir via protocolo todos os contratos do Bahia. Todos, a exceção dos salários dos jogadores e dos funcionários. Por exemplo, o novo contrato com a Fonte Nova, o Conselho Deliberativo pode ir ler, mas não pode fotografar ou exigir cópias para sair do clube. O Conselho tem um papel de fiscalização e estratégico.
BOM SENSO
O Bom Senso é um novo player do mercado, é o jogador tendo consciência da participação no mercado. Agora, ele precisa refletir que para a gente pagar salário em dia o jogador não pode pedir 750 mil reais por mês. O Bahia não tem condições nenhuma. Enquanto eu for presidente o Bahia não terá, pois é inviável financeiramente.
Veja quantos clubes investiram nas suas estruturas e vejam quantos aumentaram exorbitantemente os salários dos jogadores? O Bahia é um deles.
O Bom Senso quer um calendário melhor? Ok. Agora, quem é que paga a conta?
NEGOCIAÇÃO E JOGADORES
Eu tive sondagens pelo Bruno Paulista, que é um volante que a gente tem. No Brasil cinco clubes procuraram. E eu disse que não tinha preço, o jogador não está à venda. Às vezes o mercado tem problema em entender. Falei, dê seu valor, diga quanto você paga. Eu não quero fazer o negócio. O Rômulo, outro jogador que temos, não quero vender também. O Pará a gente teve. Foi negociado com o Cruzeiro. Tinhamos proposta de um clube europeu, sondagem de outro e o Cruzeiro também queria. Falei que já tinhamos uma proposta e fechamos. Esse tipo de comportamento vamos ter.
Eu acredito que parte do futuro do Bahia depende das divisões de base. Pelo que o futebol brasileiro vive hoje, com as cotas de TV como estão, o Bahia necessita da divisão de base e necessita destes atletas motivados no clube para que ele seja um clube de ponta.
O Bahia tem que melhorar em todos os ramos. A base é parte desse tripé, mas é determinante. O Bahia hoje não tem condição de concorrer com Internacional, Cruzeiro, Flamengo por um jogador de mercado. O Bahia não tem condição financeira de concorrer com estes clubes. Mas temos ainda condições de buscar jogadores da categoria juvenil, jogadores de 15, 17 anos. Com isso, ele ainda teria três anos para adquirir o DNA do seu clube no jogador.
Investir na base não é só melhorar o jogador que tenho, é melhorar o jogador que estou trazendo para o Bahia e dar oportunidade. Outra coisa, se eu não observar meus jogadores no estadual e na regional, quando vou observar? Na Série B tenho obrigação de subir. Se você olhar as tradições do Bahia e as receitas comparadas às dos seus concorrentes, tenho obrigação de subir. Então, tenho que ver na base quem tem condições pois na Série B não tenho condições de errar.
Você nunca pode prometer para o torcedor que você vai ser campeão. Mas tenho convicção que se você tem uma administração responsável, investindo no trabalho, trabalhando por metas. O jogador do Bahia ganha prêmio por fase e não para ser campeão. Se estamos avançando? Não é justo? O jogador precisa também ter o estímulo econômico também.
Se você tem uma organização bem feita, com as pessoas querendo crescer, os jogadores compromissados, você vai incomodar. Nos dois anos anteriores o Bahia saiu na Copa do Nordeste. Este ano já estamos na semifinal. Eu falei para eles. Isso era a obrigação e já conquistamos. Campeonato Baiano, temos obrigação de estar na final. Vai ser campeão ou não? Aí é jogo. Agora se você tem esse trabalho você vai chegar sempre, um dia ganha.
DISTRIBUIÇÃO ECONÔMICA
“Eu era da imprensa e a gente faz muita crítica à CBF. Ela é Santa? não é. A CBF já deu duas vezes a chance dos clubes fazerem a liga e eles fizeram o que? Erraram. Em 87, o futebol foi como? Em 2000, era como? E por que não deu certo? Porque a gente, dirigente de clube, foi incompetente. Essa briga de direitos de televisão é uma briga por que? Porque a gente é desunido. A gente não senta na mesa e define o que acha melhor.
É assim. A discussão todo clube quer se beneficiar. Aí, quando você tem um clube que ganha mais do que você, você quer se unir com quem você considera menor para você pleitear o valor daquele maior. Só que quando você atinge o valor daquele maior você ignora o restante do mercado.
Pontos corridos é o modelo mais justo? É. Mas você tem um modelo mais justo tecnicamente, só que financeiramente é injusto. É justo esse Campeonato Brasileiro? É justo o Bahia ter 35 milhões de televisão e o Flamengo e o Corinthians terem 96? Não é justo. No próximo ano o Corinthians vai ter 116 milhões.
Quantos jogadores hoje no Brasil ganham campeonato de ponta? Sozinho ninguém ganha, mas ganha com uma responsabilidade muito maior. A gente viu na Copa do Mundo, quase nenhum titular joga no Brasil. A gente tem um hiato. Os jogadores de 22 a 28 anos não estão mais no Brasil, pois não temos um produto de qualidade.
PONTOS CORRIDOS OU MATA MATA
Não concordo com a proposta que a Federação Bahiana ofereceu à CBF. Não tenho ainda uma opinião formada sobre pontos corridos ou mata mata. Porque, um problema é o calendário. Todo mundo concorda que o calendário brasileiro é um problema. Quando você bota mata mata depois do Campeonato Brasileiro você coloca mais quatro datas. Você já está dizendo que o calendário é inchado e você ainda quer colocar mais quatro datas? Seria um mês de competição para quatro clubes, na verdade para dois, porque dois morreriam na semi.
Acho justo ter um mês de férias? Acho. Acho justo ter um mês de pré-temporada? Acho. Só que são meses sem receita. Se você cria mais um mês de mata mata é mais um mês sem receita. Na verdade ao invés de você estar solucionando, você está criando mais um problema. E quando a Copa do Brasil é anual, já temos um mata mata que preenche o calendário. Vamos terminar o ano com mata mata para todo lado?
Tem coisas que acho corretas no mata mata? Tem. Para mim, que sou um clube que tem um poder financeiro muito menor, é muito melhor mata mata? Teoricamente é. É muito mais fácil eu, Bahia, terminar um Brasileiro em 4º lugar e no mata mata me resolver do que no pontos corridos eu conseguir ser o 1º.
O que tem que ser discutido na verdade é a distribuição econômica do produto. Acho que o grande problema no futebol brasileiro é a parte econômica. Aí eu olho o modelo Inglês e olho o modelo Alemão. Por que é tão difícil a gente ser justo no futebol brasileiro? Porque cada clube quer ganhar o seu. Nenhum clube, ou quase nenhum clube está preocupado com o produto futebol brasileiro.
RIVALIDADE COM O ENTRETENIMENTO
Quando digo que o Vitória não é o meu principal rival, porque a rivalidade é 90 minutos. Os grandes rivais que a gente tem primeiro é o entretenimento. Enxergo o futebol como um produto do entretenimento. Então, quando um cara deixa de ir para um jogo do Bahia e vai para a praia, a praia é rival do Bahia. É um grande rival que a gente tem em Salvador. Você trocar um domingo, quatro da tarde, a praia para ir para um estádio.
A Bahia, historicamente, tem uma influencia muito grande no interior do Estado, da rádio Globo na formação do perfil de torcida. E a parabólica pegava muitos canais de televisão do Rio de Janeiro. Então, no interior da Bahia tem muito torcedor de Flamengo, Vasco, do Corinthians, do Palmeiras, do São Paulo. Então, esses caras são meus rivais antes do Vitória.
Eu prefiro que algum torcedor, todo mundo tem direito de errar né? É melhor que ele erre e ao invés de torcer para o Bahia torça para o Vitória do que ele torcer para um time de fora. Porque a gente precisa primeiro ser grande no nosso Estado para depois tentar ser grande em outros locais.
Não adianta a gente querer ter grande torcida em São Paulo. Não vai. A gente vai ter uma torcida pontual. A gente tem que ser grande primeiro na Bahia, depois temos que tentar ganhar os mercados onde não tem clubes grandes, onde as pessoas são carentes. Sergipe, Alagoas e aí tentar crescer o Esporte Clube Bahia. E não é o Vitória que vai tentar me impedir de fazer isso. É minha administração que vai me impedir de ser grande ou não neste sentido.
DECLARAÇÃO DO PRESIDENTE DA LIGA DO NORDESTE
Me incomodou e me deixou decepcionado a declaração do nosso, digamos assim, presidente da Liga do Nordeste, Alexi Portela Jr. Entendo que foi num momento politico um pouco mais tenso. Mas é um exemplo manifesto da desunião dos clubes. Foi infeliz. Ele declarou que o Vitória precisava ser campeão para sair da crise. Se ele é presidente da liga, ele tem que ser o exemplo para todos os seus filiados.
Então, a partir do momento que ele diz que o clube “X” tem que ser o campeão, ele está desrespeitando todos os outros clubes. Liguei para o presidente do Ceará e do Sport e passei o áudio da entrevista manifestando minha preocupação.
Causa um desconforto, uma insegurança. Por isso que liguei para os demais, pois são junto com o Bahia e o Vitória os times que estavam na competição. O papel dele é ser o mais neutro possível. Ele falou que iria fazer uma nota se desculpando. Então, como o programa tem reprises, não sei se durante essas reprises ele já terá feito ou não.
CAMPEONATOS ESTADUAIS E REGIONAIS
Eu acredito que o futebol brasileiro tem que ser repensado e o futebol é parte decisiva do futebol brasileiro. Na minha opinião pessoal, o Bahia participa do Estadual pois ele tem acesso ao Regional. Se o Bahia tivesse autonomia de participar do Nordestão sem participar do Baiano, levaria ao Conselho Deliberativo a proposta.
O Estadual da Bahia não paga quase nada. Paga a metade da folha do Bahia em um mês. Não mudaria minha realidade financeira em nada.
Eu conheço o presidente da FBF, Dr. Ednaldo, desde 2006, quando me formei e voltei da Europa. Tive bom relacionamento com ele até 2011, 2012, e depois 2013 e 2014 tive relacionamento bem ruim. Desde que virei presidente, não posso reclamar de nada da FBF. Em tudo que o Bahia precisou, ela atendeu.
Eu acho que todo mundo tem que ter respeito com a outra parte e o Bahia é o maior clube da Bahia. Mas hoje não é só o Bahia que não pode jogar Estadual. Nenhum clube de altíssimo rendimento pode jogar Estadual. Como você pode botar para competir contra um clube que tem cerca de 1 milhão de orçamento, em uma competição longa. Eu acredito que um amador, tem que jogar contra amador, semi-profissional, contra semi-profissional e profissional contra profissional. Eu acho que Estadual teria que ser uma seletiva para o Regional. Eu acredito que quem está na primeira divisão do Regional, não joga o Estadual.
Eu poderia ter tido um período maior de pré-temporada. Tem muito dirigente do interior que me fala que faz uma folha maior do que deveria pois não pode passar vergonha no campeonato. Eles jogam um mês de competição, mas pagam três, pois a legislação obriga. Então, estes clubes devem jogar entre eles. Na Bahia poderíamos fazer campeonatos regionalizados e depois os times irem avançando.
TEMOR PELA JUVENTUDE
Não temo e nem procuro me preocupar com este tipo de situação. Acredito que todos nós queremos a mesma coisa: Que o futebol seja melhor. Claro, sou presidente do Bahia, quero o Bahia melhor. Agora, essa disputa tem que ser dentro de campo. Os jogadores têm que ter essa disputa. Os dirigentes precisam enxergar como um produto. É melhor você comer uma fatia de bolo do que comer um cupcake sozinho.
Não tenho interesse nenhum de prejudicar as federações, mas quero que elas entendam que o futebol mudou. No futebol baiano, 5% das rendas vão para a federação. Esse valor é justo? Temos que entender. No Campeonato Baiano a gente pega cada estádio que pelo amor de Deus. O poder tem que refletir que o seu cidadão não merece o estádio que tem. Os campos são eletrocardiogramas pois são aqueles que a bola fica nervosa, não para. Então, como ter um jogo de qualidade se o local não tem qualidade? Não tem como.
MEDO DE ERRAR
Eu vou fazer diferente. Se vai dar certo ou não vai, aí o tempo que vai mostrar. Se eu fizer igual, eu vou fracassar no meu clube e não quero. Acho que o Bahia não tem direito de errar novamente. Se viermos a errar, que seja diferente e não como todos fazem. Não tem como esperar resultados diferentes, fazendo as mesmas coisas. O resultado vai vir com práticas diferentes. Vamos errar? Vamos. Mas se for transparente com seu torcedor, com seus parceiros, você vai ter uma tolerância melhor pois você não errou por má-fé.
1988
A minha lembrança mais antiga do futebol é a semifinal de 1988. Era um Bahia vencedor, era mais fácil torcer para o Bahia do que nesses 15, 20 anos de trevas. Felizmente o judiciário baiano agiu. Eu acho que esse ambiente de Bahia x Fluminense vai voltar. Eu não acredito que o ser humano vai perder para o marginal.
Eu quando era imprensa, eu não escrevia que era briga de torcida e sim uma briga entre duas pessoas e um marginal matou o outro. Um cara que vai com bomba, com faca, ele é marginal. Aí vai um alerta para as facções organizadas. No Bahia não damos nenhum benefício. Zero para eles, pois tem o mesmo direito de um torcedor. Até as organizadas serem 100% no seu comportamento, vou chamar de facção. As organizadas vem me pedir dinheiro e eu falo: meu amigo, você que tem que dar dinheiro ao Bahia.
CRESCIMENTO DA REGIÃO E FORÇA DO BAHIA
Eu acredito muito no Bahia. Não gosto muito de meter em política, mas o Nordeste nos últimos anos tem sido uma parte importante do crescimento da economia do Brasil, porque historicamente era uma região muito pobre. Então, quando você começa a incluir quem estava à margem dentro do mercado de consumo, você aumenta o poderio daquela região. O Sul e o Sudeste são desenvolvidos a muito tempo, então tem uma estabilização maior. O Nordeste você tem um déficit muito grande.
Então quando você conseguir bota esse torcedor para dentro do produto, você vai ter uma força de consumo muito grande. E aí me desculpe os times do Sul, mas no Nordeste quem tem que mandar é o Esporte Clube Bahia. Aí vamos brigar com o Vitória, Sport, Fortaleza, com Ceará, Náutico, América, ABC, Confiança, com todo mundo. Mas a minha referencia é que o grande clube do Nordeste tem que ser o Esporte Clube Bahia.
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