No cenário do futebol, ter um direcionamento técnico e tático bem desenhado é fundamental para o desenvolvimento de um clube. Genericamente falando, clubes que não possuem esse conceito bem estabelecido, estão fadados ao fracasso. Trabalhos longevos como o de Abel (Palmeiras), Diego Simeone (Atlético de Madrid), Guardiola (Manchester City), Vojvoda (Fortaleza) possuem uma estrutura bem definida, além de uma ideia técnica e tática bem desenhada. As oscilações irão ocorrer, como no caso do próprio Guardiola, Abel, Vojvoda e outros; todavia, há um ambiente propício ao sucesso.
Dentro desse panorama, um dos pilares dessa estratégia passa pela utilização cuidadosa da base. O Bahia está trabalhando nesse tópico, melhorando a infraestrutura das camadas de base, além de expandir o investimento no setor de scouting (olheiros). A integração de jovens jogadores ao elenco profissional não deve ser feita de forma apressada, mas sim com um planejamento que permita que esses atletas se desenvolvam em um ambiente competitivo e saudável. Contudo, isso não exclui a possibilidade de revelarmos um prodígio que possa ser utilizado de imediato, independente de sua idade ser 16, 17 ou 18 anos. Entretanto, não contamos – ainda – com nenhuma estrela em nossa base que possa e deva ser utilizada para já, entre os titulares. Tempo ao tempo.
Além de todos esses componentes, um clube que almeja o auge, precisa adotar uma visão de médio e longo prazo. O futebol brasileiro é marcado por sua volatilidade, mas a construção de um elenco forte e coeso demanda paciência. Nesse sentido, o Bahia demonstra uma visão micro e macro, construindo um ambiente fértil para o desenvolvimento de uma cultura de conquistas, dando segurança e serenidade para que seu treinador implemente um estilo técnico e tático que proporciona mais chances de triunfos, além do exercício coletivo – dentro do elenco – para uma compreensão profunda dos objetivos em jogo.
Até aqui, ano após ano, fica nítida a curva ascendente do Tricolor de Aço, tanto em nível de jogo quanto em nível de competitividade com os maiores times do continente. Pela Libertadores 2025, fizemos um papel de respeito – ainda que aquém do que poderia ter sido alcançado -, incutindo cautela em cada adversário que nos enfrentou. Pelo Brasileirão, o Palmeiras foi testemunha – dentro de sua casa – de que para enfrentar o Bahia, é preciso força e concentração máxima sempre… do contrário, a derrota se tornará rotina para eles, jogando contra nós. Trata-se do exercício diário sobre um padrão de consistência qualitativa.
A continuidade do trabalho de Rogério Ceni, aliada a uma gestão cuidadosa da base e a uma visão de longo prazo que nos permita revelar prodígios, pode transformar o Bahia em um verdadeiro concorrente no cenário do futebol continental. O caminho é longo, mas com planejamento e determinação em dia, o Tricolor de Aço está voltando a brilhar nos gramados, reavendo o respeito que outrora foi perdido, constituindo também uma organização institucional que é modelo para qualquer time do continente. Nada é fácil, mas com um ambiente tão bem estruturado, o horizonte começa a ficar cada vez mais bonito.
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