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Publicada em 26 de julho de 2020 às 18:23 por Autor Genérico

Autor Genérico

Análise da overdose de jogos do Tricolor no retorno do futebol

E depois de cerca de 04 meses, matamos saudades do nosso Bahia. E com uma overdose de jogos: 4 em 5 dias, com nada mais nada menos do que 31 jogadores utilizados nestas 04 partidas.

Quis escrever sobre isso de uma vez só, para poder fazer uma análise mais profunda deste retorno tricolor. Só acho que não dá pra exigir muita coisa logo de cara, principalmente em termos de qualidade individual. Por isso, vi os jogos olhando um pouco mais para o comportamento coletivo do time e sempre curioso sobre como Roger trabalharia nesse inicio, com essa sequência absurda de jogos.

A primeira metade da maratona: 4×1 Náutico; 0x1 Atlético/BA

Para o jogo contra o Náutico, mantendo a linha do primeiro semestre, Roger usou o time principal, como era de se esperar. Não tinha Douglas e Rossi, machucados, nem Gregore, suspenso. As substituições foram dentro do que já conhecemos de Roger: manutenção de Anderson no gol, assim como de Élber e Clayson como jogadores de beirada, além de Ronaldo no lugar de Gregore. A opção que tem mais significado pra mim foi essa última, já que dá pra ver que Roger enxerga Ronaldo como opção de substituição para o papel de primeiro volante, ainda que ache Elton uma melhor opção.

A linha de utilização do elenco por Roger para esta maratona começou a ficar mais clara no segundo jogo da sequência, contra o Atlético. A impressão que me deu foi que Roger usou os 02 primeiros jogos do retorno da pausa do futebol para utilizar todos os jogadores do time principal que iniciou a temporada e que estivessem à disposição. Por conta das substituições já mencionadas no jogo anterior, além da lesão de Gilberto contra o Náutico, o que fez com que Fernandão jogasse um tempo inteiro, 03 jogadores da transição foram titulares: o goleiro Matheus Claus e os atacantes Caique e Alesson.

Para ilustrar, eis os 29 jogadores usados por Roger Machado nos dois primeiros jogos desta primeira metade da overdose de partidas tricolor na volta do futebol brasileiro:

Para não dizer que não falei dos jogos em si, creio que o time jogou a todo o vapor apenas no 1º tempo do triunfo por 4×1 contra o Náutico. No segundo tempo, até por uma questão natural, seja por já estarem classificados e por já terem uma decisão no sábado seguinte, o time jogou de forma mais controlada.

Mas gostei da primeira impressão do time nesse retorno. Era um time que alternava linha de marcação alta, (como foi no caso do gol de Rodriguinho, que uma pressão no campo de ataque propiciou a roubada de bola de Flávio, a tabela com o camisa 10 e sua finalização para as redes) com momentos que recuava em duas linhas de 04, com Rodriguinho e Gilberto à frente, buscando a transição rápida.

Com a bola, deu pra ver um time mais capaz de propor o jogo em alguns momentos, com muita jogada de aproximação e ultrapassagem do lado esquerdo, aliado a momentos de transição rápida, de aproveitamento de contra-ataques. Isso já parece ser o indicativo de uma camada a mais de jogo pro time, que ano passado sofria quando precisava propor o jogo. É algo que continuarei observando.

Uma coisa que me chamou a atenção no primeiro tempo era o posicionamento de Rodriguinho, meia-atacante de origem, que nesse jogo vi mais como atacante do que como meia propriamente dito. Como disse, na recomposição defensiva ele quase sempre posicionava-se alinhado com Gilberto, à frente das duas linhas de 04. Quando o time tinha a bola, ele tinha liberdade para recuar e buscar o jogo (o que fazia quase sempre com toques de primeira limpando as jogadas para os companheiros), assim como passava boa parte do tempo numa faixa de campo próximo ou até entrando na área adversária. Isso dava campo para as subidas de Flávio, que, pra mim, fez ÓTIMO jogo e para os facões de Clayson e Élber (o último, mais uma vez mostrando estar em ÓTIMA fase). Esses facões davam campo para subida dos laterais, bem aproveitado por Capixaba (outro com ÓTIMA partida), mas não tao usados por João Pedro na direita, que foi bastante tímido no jogo.

Um personagem, pra mim, merece um parágrafo à parte: Clayson. Vi muitas críticas sobre a atuação dele nesse jogo. Um grande amigo o viu como pior em campo numa resenha via zap durante e após o jogo. Nesse jogo em particular, confesso que discordo. Até venho achando que Clayson as vezes se desliga e chega a mostrar um certo desinteresse no jogo, principalmente na recomposição defensiva. Além disso, tem qualidade pra jogar muito mais. Mas achei que ele teve um bom entendimento com Capixaba na esquerda durante o primeiro tempo e contribuiu para a boa atuação do lateral no jogo.

Do segundo tempo, como disse, acho que não da pra tirar muita coisa, já que o time pareceu jogar com o freio de mão puxado. Destacaria a ótima participação de Juninho no gol de Fernandão. Já tem um tempo que penso, em determinadas situações de jogos, ser possível usar Juninho como um lateral esquerdo mais defensivo. Inclusive, mais pra frente me dedicarei a escrever sobre isso.

No fim, mesmo com as ressalvas, bom jogo do Bahia, que jogou assim (mudanças de colete):

Na derrota contra o Atletico de Alagoinhas pudemos ver um time bem diferente. Inclusive, foi um time que lembrou os piores momentos da temporada passada, quando não conseguia propor o jogo e apenas tocava a bola pros lados, sem inspiração. Mas, relevei bastante isso, até porque, no time que iniciou o jogo, tínhamos nada mais nada menos do que 06 jogadores que faziam sua primeira partida como titulares no ano (Nino, Ernando, Zeca, Elton Jadson e Marco Antonio), além de trazer jogadores do time de transição. Era um time que, além de nunca ter jogado junto, não deve ter treinado muito.

O ponto positivo pra mim, desse jogo, foi Ramón. Ele parece ser um jogador bem interessante, lúcido, com um ótimo passe longo. Fiquemos de olho.

Segunda metade

A segunda metade da overdose do retorno começou com as quartas de final do Nordestão, contra o Botafogo/PB. Com exceção de Gilberto, que saiu lesionado no primeiro jogo e foi substituído ´por Fernadão, Roger trouxe o mesmo time. A esparada volta de Gregore não aconteceu, diagnosticado com COVID-19 num teste rápido da CBF antes do jogo.

Talvez até pela postura do adversário, o jogo começou mais difícil do que a partida contra o Naútico. O Belo não dava muitos espações e o Bahia tentava furar o bloqueio, o que conseguiu num rebote de bola parada, com Ronaldo. Confesso que é um jogador que acho limitado, inseguro para dar passes mais longos e que não tem um poder de marcação que compense essa limitação que enxergo nele. Mesmo como primeiro volante, prefiro Elton ou a entrada de algum outro jogador com o recuo de Flávio, que vem mantendo a consistência. Ainda assim, dou o braço a torcer e reconheço que não comprometeu, inclusive pontuando que, neste jogo, Flavio ficou mais preso e ele tentou participar um pouco mais do jogo.

No segundo tempo o Bahia voltou mais intenso e abriu logo o 2×0 em jogada do interessante lado esquerdo do Bahia, com Clayson achando Capixaba que cruzou pra Rodriguinho, invadindo a área, brocar. Inclusive, o contestado Clayson voltou mais ligado do intervalo. Se ele continuar crescendo, esse lado esquerdo tem tudo pra ser ainda mais forte.

Neste e no jogo contra o Náutico pudemos ver algumas movimentações interessantes pelo lado esquerdo. Às vezes Clayson fechava e deixava o corredor para Capixaba, com a infiltração de Rodriguinhona área. Em outros momentos, Clayson ficava bem aberto, na linha lateral e Capixaba fazia a passagem um pouco mais por dentro. Fiz até as representações destas dinâmicas que vimos algumas vezes nos dois jogos.

A primeira, reprodução de uma jogada por volta dos 07 minutos do primeiro tempo, quando Clayson abre o espaço para a subida de Capixaba, que vai ao fundo e tem 03 opções de cruzamento na área, que ao final acabou em finalização de Rodriguinho para fora:

A segunda o lance do gol, quando Clayson vai na extrema esquerda e abre um corredor mais interno pro lateral esquerdo tricolor subir e, novamente com 03 opções na área, achar Rodriguinho pra fazer 2×0:

Esse entendimento na esquerda, pra mim, foi o ponto alto do time, que depois de abrir 2×0, relaxou. Tomou um gol de bola parada e viu o Botafogo ser prejudicado com um gol anulado e com a validação de um gol impedido de Fernandao, que apesar de não ter jogado bem, deixou mais um, o que é importante pra ir ganhando moral. Foi um jogo com algumas coisas positivas, mas precisa ter mais atenção na bola parada, uma coisa crônica do ano passado.

Outro aspecto que enxerguei em vários momentos do jogo e que continuarei de olho é a lenta recomposição defensiva de Élber. No 1º tempo em VÁRIOS momentos ele não voltou pra recompor a linha de 4, o que se repetiu em alguns momentos do 2º tempo. Não sei se é orientação de Roger pra deixar o time mais ofensivo e ter o baixinho como válvula de escape ou algo pontual por questões físicas, já que estão retornando agora.

No mais, neste jogo Roger manteve o time sem mexidas até a segunda metade do segundo tempo, de modo que os jogadores que entraram (Elton, Daniel, Marco Antonio, Alesson e Saldanha, este último o único que ainda não havia sido utilizado, aumentando os jogadores utilizados até aqui para 30) não tiveram tempo de grandes participações. No fim, um 3×1 merecido por ter buscado mais o jogo do que o rival paraibano, que só tentou algo após estar atrás do marcador.

Eis o time que foi pro campo:

No último dia dessa overdose de 04 jogos em 05 dias veio o jogo contra o Fluminense/BA, quando Roger manteve sua ideia de dar rodagem para os jogadores reservas do time principal, mesclados com alguns jogadores pinçados do Transição. Desta vez, colocou Daniel entre os titulares (no lugar de Gregore), assim como Saldanha (no lugar de Caique). Inclusive, o fato de Roger só ter começado a mexer tarde deixa claro a intenção do treinador de dar ritmo aos jogadores do time de cima. Vale destacar, também, que deu para ouvir Roger o tempo todo cobrando o time, orientando o posicionamento. Ou seja: ficou claro que ele quer usar os jogos do Baiano para incutir suas idéias no grupo inteiro.

De um modo geral, contra o frágil Flu de Feira, vimos um time mais agressivo, conseguindo tocar mais rápido, marcando mais alto. Mudança de postura e até pela entrada de um meia no lugar de um volante deixaram o time mais criativo.

Fica difícil analisar um jogo contra um time tão frágil como  a equipe feirense, mas gostei do primeiro tempo de Nino, da participação de Jadson e Daniel, pelo meio, do oportunismo de Marco Antonio e de alguns lampejos de inteligência de Saldanha ao longo do jogo, ainda que tenha errado bastante. Como aspecto negativo, algo que aconteceu com o time principal contra o Botafogo/PB: a acomodação no inicio do 2º tempo, tomando sustos desnecessários contra um time tão fraco. Nota para a entrada de Edson, 31º jogador usado por Roger nestes 04 jogos em 05 dias.

Conclusões

De um modo geral, fica de positivo o fato de Roger ter conseguido dar minutos para quase todos os jogadores do time principal. Além disso, deu pra ver que teremos um Bahia que deve tentar jogar mais, propor mais o jogo em alguns momentos, ainda que, noutras etapas do jogo, continue a tentar atrair o adversário para usar sua ótima e rápida transição. Fica o destaque para o bom entendimento do lado esquerdo também, ainda que haja muita margem para crescimento de Clayson (ainda que ache que já tenha mostrado alguma evolução com relação ao que vinha apresentando antes da pausa).

Como sinais de alerta, os momentos de baixa de concentração, que propiciou gols contra times bem frágeis. Além disso, como disse, me chamou a atenção a falta de recomposição defensiva de Élber (ainda que, ofensivamente, continue em ótima fase) e a pouca participação ofensiva de João Pedro, fazendo do Bahia um time torto, que quase só ataca pelo outro lado do campo. Twitter:@c_patrocinio

 

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