Não sou muito íntimo dos números, por isso sempre tive dificuldade na minha vida escolar com as disciplinas de exatas. Contudo, preciso deles para exercer meu ofício, uma vez que lido com epidemiologia e estatística no dia-a-dia. A análise de contextos e séries históricas passa pela boa interpretação dos números, por meio de gráficos e tabelas; e isto também vem sendo utilizado no futebol cada vez mais.
Peço vênia aos leitores desta seção, humildemente, para observar o desempenho do Bahia em campeonatos brasileiros (o que consideramos “primeira divisão” em duas eras: uma, de 1971 a 2002 – época dos regulamentos oscilantes; e outra, de 2003 ao presente – era do regulamento consolidado de pontos-corridos.
Não pretendo levantar polêmicas, apenas fazer um exercício de estatística básica: os gráficos abaixo foram gerados em excel, e o eixo das abscissas (mormente eixo “X”) corta o gráfico no que se entende por décima posição, para que possamos utilizar de um dogma corrente na diretoria do Esporte Clube Bahia, de que a “primeira página” da tabela de 20 clubes é um objetivo satisfatório por si mesmo. Acrescentei uma “linha de tendência” em ambos os gráficos; e, nos anos que passamos fora da série A, o campo correspondente à colocação ficou em branco, não gerando valores.
As linhas de tendência são técnicas de representação gráfica, usualmente utilizadas em análises técnicas no mercado de ações, pois permitem identificar as tendências nesse mercado, auxiliando as tomadas de decisão. Em termos técnicos, pode-se dizer que as linhas de tendência são retas traçadas a partir dos topos (máximos significativos) ou fundos (mínimos significativos) de um gráfico. Podem não traduzir a realidade fática, mas podem demonstrar, por exemplo, que na primeira fase do Brasileirão da Era Moderna, os sucessivos regulamentos estúpidos podem incorrer em viés ou bias de amostra, mostrando uma tendência de melhoria de desempenho que não existe; bem como as poucas vezes em que participamos da Série A na segunda fase do Brasileirão podem demonstrar uma falsa tendência considerando o vigésimo quarto lugar em 2003 e as três últimas colocações. Segue o baba.
Podemos inferir algumas coisas nestes gráficos: a) na primeira fase, o bahia esteve apenas sete vezes da décima colocação para cima, e com mais frequência na “era de ouro” dos anos oitenta. b) parece haver uma tendência a estacionarmos no meio da tabela, considerando as três últimas edições do Brasileiro. O fato é que, independentemente do gestor de plantão, precisamos fazer mais do que temos feito se quisermos ser mais ousados e se quisermos superar as doces lembranças de um 1988 cada vez mais distante.
A novidade recente foi a desistência da candidatura do presidente Belintani à prefeitura de Salvador. A justificativa para tal, mesmo que seja considerada oportunista ou inverídica, coaduna com o espírito do que devemos esperar de um mandatário do Esporte Clube Bahia: comprometimento, desejo de mudança e ousadia.
Pelo menos, as contratações em curso pós-Brasileiro podem ser consideradas satisfatórias, considerando a política de responsabilidade financeira apregoada. Contudo, sentimos que ainda falta um pouco de ousadia, posto que os reforços ainda não inspiram confiança ao torcedor em melhores campanhas, demandando muito treino, paciência do torcedor e aperfeiçoamento dentro das quatro linhas.
Seguimos aguardando que seja dado o devido destino ao venal centroavante Gilberto, e aguardamos nomes resolutivos para meio-campo e ataque. Esperamos que, em 2020, mantras e desculpas esfarrapadas como “jogar com alma”, “jogamos contra um time assim ou assado campeão disso ou aquilo, por isso perdemos” ou “o elenco está ansioso” não sejam repetidos. Que o celeiro de jovens apaniguados do Sr. Cerri, no campeonato estadual, dê frutos; que a Cidade Tricolor represente a verdadeira mudança na política da divisão de base; e que, no Brasileiro, Nordeste e Sulamericana façamos história.
Amém.
Feliz ano novo a toda nação tricolor!
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