Amigo leitor, amiga leitora, feche os olhos por um instante e imagine que você foi convidado(a) a participar de um grupo de investimentos, desses que buscam empresas inovadoras no início de seu ciclo de vida, as chamadas “start-ups” que tendem a crescer, à medida que o produto ou processo inovador se torne conhecido e conquiste mercado, valorizando o capital que você investirá. Imagine também que este grupo tem líderes, que gerenciam o capital investido por você e por outros, sugerindo os caminhos (decisões) que o grupo deve seguir. E, por essa gestão, os líderes são remunerados (Fase Zero).
No início, as decisões são tomadas consensualmente, todos ficam bem esperançosos com as oportunidades de investimento trazidas pelos líderes e apresentadas como “únicas”, capazes de multiplicar em várias vezes o capital do grupo. Ninguém tem dúvidas de que os líderes fazem por merecer sua remuneração e o discurso que apresentam, a cada assembleia de investidores, dá conta de que, em pouco tempo, serão referência no mercado e terão atingido patamares nunca antes vistos, quebrando paradigmas e sendo copiados como modelo por vários outros grupos de investidores (Fase 1).
O tempo passa e aqueles resultados prometidos para o futuro imediato não acontecem. Nas assembleias, os investidores são brindados com apresentações que mostram que, fora desvios de curso ocasionados por circunstâncias adversas, ainda há bons resultados a serem colhidos no fim do processo. E só não aconteceram ainda porque o fim não chegou. Os líderes modificam seu discurso. É preciso acreditar. Investimento de risco é assim mesmo. O problema não são os investimentos feitos e, sim, os investidores que não estão acostumados a esse modelo de “venture capital” (capital de risco). Alguns dos investidores já não acreditam tanto nos líderes, mas a maioria mantém a confiança e eles continuam como líderes, sendo remunerados para isso, independentemente dos resultados alcançados. Aqui e ali se ouvem vozes dissonantes, mas poucas (Fase 2).
O tempo, esse senhor implacável da razão, continua a correr e chega o momento em que, não havendo resultados concretos nos investimentos realizados, os investidores são chamados a colocar mais dinheiro para que o capital já aplicado não seja de todo perdido. O discurso das lideranças é bem prático e objetivo: ou realizamos o prejuízo e perdemos dinheiro ou aportamos mais recursos e continuamos no jogo! A maioria, embora insatisfeita com o rumo que as coisas tomaram, acaba por renovar o mandato dos líderes, na esperança de que consigam reverter a maré de insucessos nos investimentos. No grupo de investidores há mais resignação que esperança (Fase 3).
Quem foi paciente para ler até aqui já percebeu que, valendo-me da analogia com um grupo de investidores, estou mesmo a falar de nosso tricolor e da relação entre investidores (torcida) e líderes (Diretoria Executiva). A cada rodada de acontecimentos, esgarça cada vez mais o tecido que unia as peças mais importantes, junto com o Conselho Deliberativo, dessa máquina a que chamamos Bahia. A falta de confiança nos timoneiros é tamanha que até uma decisão tomada por razões financeiras (a suspensão do público nos jogos) é questionada, como se motivada por subterfúgios.
Não acredito nisso. Mas, acredito que, se nada for feito (e quem tem a responsabilidade por fazer algo é a Diretoria Executiva), chegaremos à Fase 4 da analogia acima, aquela em que se rompem os últimos laços que mantém o grupo unido e os investimentos feitos são liquidados na conta de prejuízos. No nosso caso, o rompimento total entre a torcida e a Diretoria, causando instabilidade institucional, porta aberta para oportunistas e aventureiros.
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