O Bahia é maior que a SAF

Após a derrota de quinta-feira passada, diante do modesto time do Cuiabá, um sentimento de angústia tomou conta dos tricolores. Com probabilidades praticamente iguais de permanecer na série A e de retornar à segunda divisão, segundo a UFMG, é difícil encontrar uma alma tricolor que não esteja aflita, à procura de qualquer informação, estatística ou mística, capaz de ancorar nossas esperanças.

Ao contrário de muitos torcedores, não critiquei a escalação de Ceni para iniciar o jogo contra o Cuiabá. Critiquei muito o posicionamento do time em campo. Esperava que o Bahia viesse com um esquema de três zagueiros, capaz de liberar os alas Gilberto e Camilo Cândido para avançar e compor o ataque com Biel, Cauly e, com menos intensidade, Everaldo. Qual não foi minha surpresa quando percebi o time postado com dois zagueiros, na formação clássica, tendo Rezende, Yago e Acevedo formado uma linha defensiva no meio de campo.

Não foi por acaso que o Bahia se viu empurrado para trás pelo Cuiabá, culminando na tragédia do pênalti cometido pelo nosso lateral esquerdo, com sua posterior expulsão. E aí tivemos a falta de sorte de nosso treinador não estar num dia inspirado, decidindo sacar Biel para repor o setor esquerdo com Juba. Tentando enxergar o jogo pela ótica de Rogério Ceni, na formação em que estava jogando, de fato, sacar um volante era perder o meio de campo para um time que sabe recuperar a bola e sair no contra-ataque. Portanto, lhe restariam três alternativas para deixar o gramado: Cauly, Biel e Everaldo. Ainda vestindo a fantasia de Ceni, eu teria escolhido Cauly. Embora seja o craque do time (o único aliás), é visível que desde o retorno da última lesão, ele vem visivelmente se poupando.

O resto da história é conhecido. Perdemos. Mas, perdemos, sobretudo a tranquilidade para jogar as próximas etapas. Cruzeiro tem dois jogos a menos que nós e o Vasco, um jogo a menos. Ambos se enfrentam num dos jogos adiados. Neste momento, estamos empatados na pontuação. São grandes as chances de que nos ultrapassem, empurrando-nos para a zona de rebaixamento. Se isso ocorrer, teremos que compensar a pontuação a menor nas poucas rodadas que faltarão para o fim do campeonato brasileiro. Tarefa difícil, não impossível. Para isso, dependeremos do apoio incondicional da torcida. Essa mesmo que vem batendo recordes de público na Arena Fonte Nossa e não tem negado suporte aos nossos jogadores, apesar das constantes decepções a que estamos sendo submetidos.

Nem nos meus piores pesadelos imaginei que nosso campeonato seria assim. Nunca tive expectativa de ficar na primeira página. Mesmo uma vaga para a sul-americana imaginava como algo possível, se o número de vagas se ampliasse em decorrência dos resultados de outros campeonatos. Agora, disputar rebaixamento com ares de crueldade como estamos presenciando, jamais! Esse grupo City está saindo pior do que a encomenda!

Já disse aqui recentemente e vou repetir. A torcida tem a obrigação, independentemente da posição que ocuparmos ao fim da 38ª. rodada, de cobrar a diretoria da SAF pela péssima montagem inicial de elenco, pelo mau aproveitamento da 1ª. janela de contratações, pela não-aquisição de um centroavante na 2ª. janela e, sobretudo, pela má escolha e insistência num treinador inexperiente e sem traquejo para trabalhar no futebol brasileiro. Bem sei que é difícil cobrar resultados e/ou desempenho quando não temos a base, o projeto inicial para comparar. Mas, não precisamos ser gênios da lâmpada para saber que, em hipótese alguma, o planejamento (seja ele qual for) passava por situações como a torcida vem enfrentando. O Bahia não é o mundo, como a propaganda quer nos fazer crer, mas certamente o Bahia é maior que a SAF (e quem não aprendeu isso, trate de aprender rapidamente, ou terá que se arranjar em outro lugar)! BBMP!!