Faltam apenas quatro jogos para terminar a temporada de 2019, mas qual terá sido o seu saldo?
Pensando no “campo-bola”, ganhou o Campeonato Baiano, não passou da fase de grupos da Copa do Nordeste, foi eliminado na primeira fase da Copa Sulamericana pelo inexpressivo Liverpool do Uruguai, repetiu a melhor campanha histórica na Copa do Brasil (quartas-de-finais) e, atualmente, está em 10º no Campeonato Brasileiro.
Será que o ano de 2019 pode ser analisado apenas a partir dos resultados em campo? Se vencer os quatro jogos que faltam, terá sido uma maravilha, apesar de alguns fiascos (Copa Sulamericana e Copa do Nordeste), mas se os perder um fracasso, uma vergonha?
Proponho essa reflexão antes do término do Campeonato Brasileiro, justamente para que ela seja mais abrangente, não limitada apenas aos resultados obtidos.
O ano de 2019 faz parte de um processo de construção, que se iniciou com a intervenção judicial ocorrida 2013. Muitos foram os passos dados desde então, sendo o principal a democratização do clube, ao permitir que os sócios tenham o direito de voto e, consequentemente, participem da sua vida política, quebrando uma tradição histórica de feudos familiares no poder. Uma verdadeira revolução.
Como não poderia ser diferente, esse processo tem altos e baixos: ganhamos a Copa do Nordeste depois de vários anos, mas fomos rebaixados em 2014.
A gestão de Marcelo Sant’Ana, que sucedeu a intervenção, foi importante na transição, mas poderia ter avançado mais. No campo, conquistou o Campeonato Baiano e uma Copa do Nordeste, mas fracassou na Séria B de 2015, terminando na nona colocação, e obteve o sofrido acesso em 2016, se classificando em quatro lugar, mesmo com o maior orçamento naquele ano e graças a Fernando Diniz e ao triunfo improvável na última rodada do Oeste frente ao Náutico, em Recife.
Ainda nesse período, o programa de sócio torcedor fracassou, com pouca adesão, mesmo com o chamariz do direito ao voto, e a marca do Bahia não foi explorada devidamente: em plena final da Liga dos Campeões da UEFA, o então presidente do Bahia, como convidado do Esporte Interativo – que havia fechado acordo com o clube para transmissão de seus jogos a partir deste ano – apareceu com a camisa do Atlético de Madrid.
Todavia, apesar de ter pedido oportunidade de ir além, ele entregou um clube com as finanças equilibradas, com certo poder de investimento, na Série A e com títulos em âmbito regional. O orgulho do torcedor voltava.
Guilherme Bellitani ganha as eleições e assume o clube no final de 2017 e, apesar de ter sido eleito como candidato da situação, promove mudanças radicais, principalmente no programa do Sócio Torcedor, que enfim passa a ser lucrativo, além de passar a explorar melhor a marca do clube, com as ações afirmativas que projetam o nome do Bahia internacionalmente.
Assim como em 2017, o Bahia disputa o Campeonato Brasileiro de 2018 com um único objetivo: não ser rebaixado e se contenta com a meta atingida. Nesse ano, perde melancolicamente a final da Copa do Nordeste, em casa, para o Sampaio Correia, mas disputa pela primeira vez as quartas-de-finais da Copa Sulamericana, somente perdendo a classificação nas disputas de pênaltis, após ter sido prejudicado nos dois jogos, por erros de arbitragem, para o Athlético Paranaense.
2019 é o primeiro ano, em muitos, que o Bahia inicia o Campeonato Brasileiro com um objetivo que não é ser rebaixado. Fez um primeiro turno, e início do segundo, acima das expectativas, flertando com uma vaga na Libertadores, mas, depois veio a queda de rendimento, e oito jogos sem vencer, que praticamente sepultam o sonho da torcida de disputar novamente a principal competição do continente.
Assim como a trajetória desde a intervenção, este é marcado por altos e baixos, acertos e erros: no campo, a ótima aposta em Roger Machado e a péssima contratação de Fernandão. Fora do campo, o ponto alto são as ações afirmativas e o, baixo a indecisão do presidente, se continua no clube ou se se lança candidato a prefeito de Salvador.
Como torcedor, óbvio que esperava um ano de conquistas em 2019, de voltas olímpicas e triunfos, mas um edifício não se constrói da noite para o dia e, se não tiver bases sólidas, ele cai na primeira tempestade.
Porém, vendo 2019 como parte de um processo, e mesmo sem o término da temporada, dentro de um projeto de construção de um clube mais forte e vitorioso, foi um passo importante e positivo, cuja trajetória tem que ser mantida em 2020, buscando sempre corrigir os erros, mas sem caça às bruxas.
Resultados em campo podem até demorar um pouco além do que o torcedor deseja, principalmente num momento de reconstrução, após décadas de desmandos, mas se mantido o processo, eles chegam, e hoje o Flamengo é o maior exemplo disso.
Que em 2020 continuemos a crescer.
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