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Publicada em 10 de janeiro de 2009 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

A inaceitável decisão sobre Pituaçu

Estamos diante da institucionalização da presepada. Decidiu-se que só é possível comparecerem 16 mil pessoas a um jogo de futebol no estádio de Pituaçu. Antes, seriam 13 mil. Mas, por que 16 mil? Por que 13 mil? Por que não nove mil? Por que não 17 mil? Ou 20 mil? Por que não dois mil? Qual é, afinal, o critério técnico que dá suporte a essa decisão?

Quantas mil pessoas comporta a avenida Pinto de Aguiar? Tem estacionamento ali para quantos carros? Com os jogos em Pituaçu, a Pinto de Aguiar e a Paralela ficariam engarrafadas? Ora, ora, mas elas já são engarrafadas normalmente, como aliás é toda a cidade, sem que nunca tenha aparecido alguém realmente determinado a desengarrafar.

São uns porretas esses caras. A Paralela vive engarrafada o tempo todo, nas duas direções. Sou experiente nisso: moro em Stella Maris e trabalho no Centro, pego esse engarrafamento todos os dias, religiosamente, infalivelmente. Com ou sem motivo aparente. Os shows no Wet’n Wild reúnem quantas mil pessoas? E tem estacionamento para quantas mil? Ora bolas, não tem estacionamento coisíssima nenhuma, a turma estaciona na Paralela como bem entende e fica por isso mesmo. Até então não apareceu nenhum gaiato tirado a autoridade para dizer que “a partir de agora os shows naquele local só poderão receber duas mil pessoas”.

Da mesma forma – podem ficar atentos – vai começar logo, logo, no Parque de Exposições, o tal Festival de Verão, evento que envolve altas granas, altos interesses, com Alanis Morissette, Morioito, Morinove ou Moridez. E para lá vão mais de 50 mil pessoas, como ocorre todos os anos, sem que tenha aparecido nem vá aparecer qualquer “autoridade” para ditar regra e reduzir o contingente de público nos shows. Vai engarrafar a Paralela toda, desde o supermercado Extra, e ninguém vai dizer nada, vai ficar por isso mesmo.

Além do que, nunca é demais lembrar, que a própria Fonte Nova, de saudosa memória, recebia 60 mil pessoas e praticamente não tinha estacionamento. Cansei de deixar o carro nos Barris ou no Politeama, nos grandes jogos, e ir andando até o estádio. A Fonte Nova fica no centro da cidade e conseguia escoar um grande público em menos de uma hora. Não há porque o mesmo não possa ocorrer na Paralela, depois dos jogos em Pituaçu. É bom lembrar, ainda que o Barradão também não dispõe – e não dispõe mesmo – de uma boa infra-estrutura nas vizinhanças, nem em termos de estacionamento nem de nada. Essa, aliás, é historicamente uma das principais queixas sobre o estádio do Vitória.

Em nenhum desses casos citados acima – nem no Wet’n Wild, nem no Parque de Exposições, nem na Fonte Nova, nem no Barradão – jamais se pensou em fazer “plano de contingenciamento” nem “estudo de pólo gerador de tráfego”, como agora se considerou imperioso realizar em Pituaçu. Sinceramente, uma grande presepada com o intuito pouco disfarçado de prejudicar o Bahia. Parece até coisa de torcedor do Vitória…

Senão, vejam se pode? Numa terra como a nossa, numa cidade como Salvador onde morrem mais de 50 pessoas num fim de semana, onde imperam engarrafamentos e transtornos diversos por todos os lados, não serão 30 mil torcedores do Bahia a mais ou a menos que vão botar ordem ou desordem nessa bagunça.

É a hora, realmente, de ver se o Bahia agora tem mesmo diretoria ou se continua sendo comandado por um bando de incompetentes. Essa decisão sobre o público para os jogos em Pituaçu é absurda e inaceitável. E tem que aparecer alguém com peito e determinação para contestar tal asneira, utilizando os caminhos necessários – liminar judicial, seja o que for – para garantir o direito de parte expressiva da população da cidade de ver em campo o seu time de coração.

O resto é conversa mole para boi dormir.

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