é goleada tricolor na internet
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Publicada em 12 de setembro de 2011 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

A quinta-coluna e o 11 de setembro

Saudações, companheiros! Sou agora o quinta-coluna deste site. Depois dos notórios tricolores Matheus, Fábio Costa, Djalma e José Roberto Tolentino (os outros quatro “colunas”), com muito prazer, a partir de hoje, faço a minha estréia na capa desta valorosa página eletrônica.

Inicialmente mandando um alô para a minha mãe (in memoriam), para o meu pai, para toda minha família e para os companheiros Matheus, José Carlos Junior e Marcelo Barreto, hoje lamentamos mais uma derrota do Tricolor neste campeonato brasileiro, só para variar.

[trilha sonora incidental: galo cantando de manhã cedo]

[corte rápido]

[trilha sonora incidental: Adagio for Strings, de Samuel Barber]

Começamos esta murmuração pós-jogo lembrando que hoje completam-se dois lustros do cometimento de uma das maiores estupidezes da humanidade equina ou da equinidade humana: o famigerado atentado do onze de setembro de dois mil e um. Certamente trata-se de uma data na qual todos, em todo o planeta, certamente se recordam exatamente em que lugar se encontravam e o que faziam.

Depois daquele dia, o mundo nunca mais foi o mesmo: paranoia generalizada, aumento da segurança nas viagens internacionais, uma muçulmanofobia em todo o planeta, um medo generalizado acompanhado da sensação de a qualquer momento tudo voar pelos ares; e o vilão número 1 do mundo passou a usar turbante e barba comprida. O mundo passou a ter uma nova polarização, que antes era entre capitalismo e comunismo, sendo a partir dali entre capitalismo e religião; tendo o petróleo como combustível do banho de sangue que já ceifou milhões de vidas e destruiu milhares de famílias.

[trilha sonora incidental: Funk do Tapinha – Mc Naldinho & Bella]

No ano de 2001 explode nas radias brasileiras o fânqui bundístico da Furacão 2000, e o campeão não poderia ser um trocadilho mais adequado: o Clube Atlético Paranaense, alcunhado Furacão da Baixada, faturando seu primeiro título brasileiro em cima da jovem e fria equipe (tal qual seu patrocinador) do São Caetano, um clube fabricado no meio das fábricas do ABC paulista, cuja torcida nunca se viu na vida, e que em menos de uma década amealhou proporcionalmente mais vice-campeonatos do que nosso arqui-rival canabravense.

O Bahia, naquela época, encontrava-se sob o comando do code-share entre uma certa instituição financeira e o patriarca da Dinastia Ribeiring, este um homem de vastos bigodes e bastante entendido do vernáculo futibolístico. Dentre as maiores realizações da sua gestão, encontram-se o título do Salto em Janela e Arremesso de Regulamento à Distância. Para coroar as grandiosas realizações desta gestão, tivemos pelo menos naquele ano um título conquistado em campo, que foi o longínquo campeonato baiano vencido a 500 km da nossa sede, na tórrida cidade de Juazeiro.

[trilha sonora incidental: Juazeiro, com Luiz Gonzaga]

Além disso, em 2001 tivemos a última campanha digna de celebração em campeonatos da primeira divisão, ficando em oitavo lugar na competição e sendo eliminados com um empate frente ao vice-campeão São Caetano.

[trilha sonora incidental: Você não me Ensinou a te Esquecer, com Caetano Veloso]

Enfim: o Brasileirão ainda não era de pontos corridos, e a cada ano aquela esperança de ficar entre os oito, de dar uma raça a mais e chegar nas finais; de que o improvável voltasse a se repetir.

A Fonte Nova ainda estava de pé e não ameaçava ruir, ao contrário das Torres Gêmeas no pós-atentado. A mística tricolor, eufemismo para os efeitos psicológicos do outrora grande Bahia em campo, ainda dava seus lampejos. São tempos que já se foram mas que grande parte da torcida ainda não esquece.

De lá para cá, já se foram dez anos.

[trilha sonora incidental: Imperial March, de John Williams: trilha de Darth Vader em Star Wars]

Dez anos oscilando do piso ao teto do phutebol nacional. Hodiernamente e momentaneamente na Série A. Mas por quanto tempo?

Muita coisa mudou de lá pra cá. O que parecia já não é mais. O que não se via hoje se vê, porém ainda há gente que não quer enxergar.

O atentado de 11 de setembro expôs muitas feridas que já carcomiam por dentro da máquina do Tio Sam há algum tempo. Por trás de suas origens observou-se que o gigante imperialista norte-americano do senhor Bush, O Filho, não era tão forte assim, haja vista suas fragilidades demonstradas nos ataques anônimos e comandados por uma figura emblemática, a qual exortava seus pares à guerra em transmissões clandestinas de TV cuja veracidade nunca fora de fato atestada.

O Império sucumbia naquele momento diante de um ataque o qual poderia vir a qualquer momento e de onde menos se esperava. Era preciso criar um factóide para justificar a guerra. Ordenou Bush, o Filho, que a Grande Águia ianque trucidasse o Afeganistão e o Iraque, de quebra eliminando as bases da organização que orquestrou os atentados e levando os abissais poços de petróleo das redondezas de lambuja, sob a égide da “Democracia” Para Todos.

Entretanto, trilhões de dólares e milhões de vidas depois, o terrorismo islâmico e o antiamericanismo estão mais vivos do que nunca, e os Estados Unidos da América lutam contra um assustador déficit público que poderá levar praticamente toda a economia mundial a ruir como a bolsa de 1929 ou como as torres novaiorquinas de dez anos atrás.

[trilha sonora incidental: Florentina, de Tiririca]

Enquanto isso, nos United States of Itinga, a Dinastia Ribeiring permanece no poder, em períodos entremeados por curtos tamponamentos administrativos. No comando desta dinastia, o mesmo senhor bigodudo de parágrafos acima:

[trilha sonora incidental: Fora da Ordem, com Caetano Veloso]

O mundo seguiu seu caminho e os Estados Unidos procuraram adaptar-se à nova ordem mundial incipiente. Com o tempo, o belicoso e conservador Bush deu lugar ao conciliador e progressista Obama, o protótipo do que os States jamais imaginariam ter sob seu comando anos atrás. Assuntos jamais discutidos antes tomaram de assalto as tribunas do Capitólio e da Casa Branca, como a Saúde Pública para todos, a retirada de tropas americanas das zonas de conflito e uma recessão sem precedentes na área econômica, antes obscurecida pelo espírito belicista de outrora. O gigante admitiu suas fraquezas e busca, sobretudo, sua sobrevivência. A população tenta uma mudança de modelo na esperança de que seu país possa se recuperar dos baques que vem recebendo.

Enquanto isso, num certo bairro de Lauro de Freitas…

[trilha sonora incidental: The Menu (trilha sonora do filme Tubarão II) de John Williams]

O phutebol brasileiro perde o “ph” e se moderniza. O Império da Ribeira começa a demonstrar suas fraquezas. O campeonato brasileiro passa a ser de pontos corridos e isto exigia planejamento, profissionalismo e contratações compatíveis com o mercado da bola; e certamente nada neste sentido fora feito. O primeiro atentado à integridade tricolor ocorreu em 2003; o segundo em 2005; o terceiro em 2007, saindo da terceira divisão e assistindo a Fonte Nova começar a ruir diante dos terroristas mijões que atentaram contra seus vergalhões e concreto por décadas. O World Bahia Center começou aos poucos a se reerguer das profundezas da terceirona, e, ainda cambaleando, chegou à primeira divisão em 2010.

Neste ínterim, ainda houve uma tentativa de trocar a administração do tricolor por um comando de mentalidade mais progressiva. Assim como nos States reelegeram no pós-guerra imediato o Bush, O Filho, as cabeças pensantes do Bahia chegam ao “consenso” de alçar à sua presidência Marcelo, O Filho: o pai em versão modernizada. Na gestão do filho, as mesmas práticas de sempre e de concreto apenas o acesso à primeira divisão ano passado.

Durante a gestão de Marcelo, O Filho, era preciso criar factóides para voltar o cidadão tricolor ao contrário do verdadeiro foco: surgiram vários, do verdadeiro quinta-coluna PCdoV ao desfile temporão em plena Cidade Baixa.

Enquanto isso, a economia tricolor vai se esvaindo em dezenas de contratações que nunca deram certo, assim como o Tio Sam gastava o que não tinha com a Guerra em busca do ouro negro do subsolo árabe. O contribuinte estadunidense sempre financiou tudo, assim como o torcedor do Bahia enche estádios e compra camisas.

As semelhanças entre o país de Lincoln e George Washington e o Bahia de Maracajá, Petrônio e Marcelo Pai terminam por aí, porquanto os Estados Unidos são teoricamente uma democracia.

[trilha sonora incidental: Vesti la Giubba (Ridi Pagliaccio), com Luciano Pavarotti]

Enquanto isso, a torcida tricolor permanece à espera de dias melhores, sem saber se eles realmente virão.

Enquanto isso, a diretoria permanece na filosofia imediatista de pão-e-circo para a imensa e carente torcida.

Enquanto isso, a torcida cria seus próprios factóides como o joelho de Pantico e a falta dos rebeldes Jobson e Jael nos quadros do clube.

Enquanto isso, perdemos mais uma partida e ressuscitamos mais um “morto” no campeonato brasileiro de 2011.

Enquanto isso, o eterno círculo vicioso de tentativa-e-erro continua no Esporte Clube Bahia: “Uma hora a gente acerta uma.” Por várias horas erra-se.

Enquanto isso, o clube permanece parado no tempo e a torcida permanece na saudade.

E enquanto isso, seguimos firmes na zona maldita, apertando o botão de um elevador que poderá chegar no andar tricolor a qualquer momento, e cuja voz robótica diz ao abrir a porta: “DESCE”.

Finalizando esta rádio-novela escrita e saudando a imensa nação azul, vermelha e branca, me despeço de forma melancólica, e encerrando com uma canção que reflete bem o sentimento da torcida diante dum Bahia que se foi há muito, muito tempo:

[trilha sonora incidental: Chega de Saudade, de João Gilberto – cantor juazeirense, natural da localidade que assistiu ao último campeonato baiano ganho pelo tricolor]

E o fantasma da série B ataca novamente, sob os auspícios das cornetas trombetejantes e do trotear dos Cavaleiros do Apocalipse ao lado dos Anjos Decaídos: quem vencerá esta batalha do Binha contra o Mal???

[trilha sonora final: A Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner]

Saudações Tricolores!

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