Agora não é ouro, é real

Estou vendo através dos noticiários da imprensa que Bahia e Vitória estão quase casados civilmente com o banco português Espirito Santo, que dessa vez ao invés do ouro vem para tentar levar milhões de reais, e o padre casamenteiro é o governo do Estado da Bahia.

Nem quero discutir o mérito do negócio em si, vamos analisar a coisa pelo lado prático… daria certo uma parceria envolvendo os dois mais ferrenhos rivais do Norte/Nordeste? O Bahia precisa dessa tal Arena Multiuso com capacidade para apenas 35.000 pessoas? Não haveria confusão quanto ao mando de campo? O Vitória desativaria o Barradão? Não seria leonino o contrato proposto pelo banco, já que banqueiro não aposta para perder? Como seria a divisão dos lucros? E a Fonte Nova, se transformaria no mais novo “elefante branco”, como patrimônio tombado pela Unesco? Seria demolida? Veja você, leitor, que eu não cheguei a 1% das dúvidas que envolvem um processo dessa natureza!

São questões que precisam ser analisadas com muita coerência por equipes de consultores especializados em negócios desse porte, por parte de Bahia e Vitória. Particularmente acho difícil um convívio nesses moldes entre Bahia e Vitória. Todavia, quando se fala em modernidade admite-se um monte de fatos realistas aos quais não se pode fugir e nem negar. Se o berço do comunismo que era a Rússia, teve que se render ao capitalismo para não sucumbir ante o modernismo, se a China se rendeu à Coca-Cola e hoje é sem duvida o maior parque industrial do mundo em ação… aí, então, temos que parar para refletir sobre diversos conceitos e preconceitos. Só acho que se algo tiver que ser realizado precisa ser muito bem analisado e bem pensado.

Antigamente uma propaganda na camisa do seu time do coração era algo impensável, ficava descaracterizada a camisa e quando entrava cores extranhas aos padrões, tornava-se horrivel. Atualmente, a camisa que não tiver a marca do patrocinador, não é original. O conceito de modernidade é imposto pelo avanço e aceito naturalmente pela humanidade. Não estou dizendo que já estou de acordo, nem tenho cacife para tal, apenas questiono e prevejo o que pode acontecer com o que me parece até então esdrúxulo, impensável (já não mais), ruim ou, mesmo, bom. Se defendo a renovação, no mínimo, de idéias, não posso estar agora em contradição com o que eu mesmo falo. Fui surpreendido com um fato inusitado e estou tentando entendê-lo, ponto.

Deixando um pouco de lado os fatos ainda não sacramentados, passemos então ao futebol em si. Dentro do possível e nas atuais circunstâncias, gostei do Bahia que se classificou com sobras na primeira fase da Série C. Vamos à segunda fase, que me parece fácil, com um time cada vez mais entrosado, com Charles efetivado enquanto durar o bom momento desse time, para uma classificação alentadora. Não vejo muitas dificuldades técnicas no Bahia de hoje, mas dificuldades táticas ainda enxergo e isto se deve muito às mexidas que o técnico, Charles, vem processando.

Acho até que Charles está com essas dúvidas devido ao bom elenco do qual dispõe, afinal definir um meio campo com Luís Alberto, Leandro Leite, Salvino, Rafael Bastos, Gil, Elias e mais outros menos votados, definir na frente entre Ednei e Paulo César e ainda correndo por fora Reinaldo, o companheiro de Sorato, são dúvidas que muitos treinadores na Série C gostariam de ter. Paulo César está mostrando para a torcida que ela não deve prejulgar nenhum jogador desconhecido antes de atuar. Salvino, só pelo nome já sofreu críticas antes de jogar, mas está fazendo o seu papel tão bem que a torcida já o considera uma boa promessa.

França, o goleiro, jogou 45 minutos e já tem torcedor achando-o melhor que Darci e Marcão. A verdade é que o elenco do Bahia está bom, e devido a isso aparecem as dúvidas da torcida e do treinador. Até que Mauro não foi tão ingrato assim, trouxe bons jogadores para o Bahia. Na zaga o Bahia também desfrutas de bons jogadores, não vejo alteração técnica quando alguém é substituído, o que está precisando ali é talvez mais treinamento para corrigir posicionamentos, só isso. O setor que ainda precisa ser corrigido é a lateral-direita, esse Bruno Heleno está muito abaixo dos seus companheiros, tecnicamente falando. Não seria o momento de trabalhar mais fundamentos com o jovem Denilson?

Quanto ao caso Bruno César, acho que Ronaldo Passos, que é uma pessoa decente e inteligente, está coberto de razão, assim como o Bahia também está. Acho que o jogador se deixou levar por um “esperto” qualquer e vai ficar com a rebordosa. Numa crônica que escrevi aqui mesmo, há meses, digo que o melhor trabalho de um clube está na formação do homem e do seu caráter, a parte técnica e física são importantes mas não funcionam sem o caráter, não sei se esse jogador terá mais espaço no Bahia depois de tudo isso, talvez seja muito melhor a diretoria do Bahia fazer um acordo com o São Paulo, ou até com outro clube, vendendo-o. Não acho que a diretoria do Bahia tem absoluta culpa pelo acontecido, são coisas normais no mundo anti-ético do futebol, onde o mínimo descuido é observado pelos espertos de plantão.

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Danilo Rios, esse moço vai estourar na seleção. Não tenho dúvida quanto à safra recente das divisões de base do Bahia, ela é muito boa, uma das melhores desde a Era do próprio Charles. Só gostaria de ver Danilo titular no Bahia, é meia esquerda habilidoso dentro do que se pode denominar como craque. Na seleção ele será titular.

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Marcelo Queiroz… anotem esse nome. Engenheiro civil e empresário no ramos de construções, jovem e inteligente, Bahia até a medula, seria uma excelente opção para diretor social. Aliás é um sonho dele, confessado a mim, ser um dia diretor do seu clube do coração. Como o presidente Petronio se diz aberto aos verdadeiros tricolores… quem sabe, pode acontecer. Caráter, amor e competência sobram em Marcelo.

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Elias, quase queimado pela torcida aqui no Bahia, parece que está ressurgindo das cinzas. É muito bom jogador, sempre achei-o, assim como Cícero, um craque. O futuro não me deixará falando em vão. A prata da casa bem trabalhada só pode dar bons resultados.